Oh.
Existia peso naquela alma. Adoecer nunca era algo bom, e falecer neste estado era algo considerado desonroso. Vulkhius tinha a tarefa de aprender com aquela doença, bem como seu conselheiro havia sido colocado a prova para saber a quem recorreria na hora mais precisa. O Garra havia escolhido Hokar pelas costas de seu antigo líder, e suas tropas pagaram. Em choque pela derrota, e sem deixar que sua honra fosse manchada por se dobrar perante uma inimiga, o homem morreu executado.
Mas os deuses não tem favoritos. Não é pela bravura de Hikari que Vulkhius deveria se aliar a ela, e seus preceitos seriam respeitados pelos deuses para que ele descansasse em paz depois de ser provado. Existia bondade naquele dragão, muito mais do que maldade; sua destinação seria o paraíso, longe de todo mal da doença e da guerra.

Ay aparecia diante do jovem guerreiro. Bem, para ela, todos eram jovens, desde o mais velho dragão até o recém-nascido haviriniano. Como uma intervenção própria, fora ela quem deu a notícia para aquele mártir.

- A Vida se agrada com seu feito, jovem. Seu lugar no Maokar, junto aos justos, está garantido pela Tríade. -

Dito e feito, logo o homem estaria no paraíso.

Quem era Jiwe?
Para muitos... ninguém. Seu rosto era pouco conhecido, sua imagem certamente não era divulgada nos jornais de Alkea, nem Havir pensava em como se aliar a ela, ou Seidel sequer se preocupava com sua existência contra a criação; da mesma forma, Aronian não via-a como inimiga, nem Badur orquestraria planos em sua oposição. Quem é que decide o destino de alguém tão morno senão o próprio equilíbrio.

- Vi que sofreu, pequena. - Disse o dantesco homem, cujo título era Justiça e o nome era Baru. - Sabe que poucos escolhem seu destino, e de ti foi tirado o direito de escolher o seu mesmo antes que pudesse compreender. - O deus olhava com bondade para a senhorita desencarnada.

- Iraf'feur será. -

O próximo da fila seria Magnus Fiore. Para tantos o duque, senhor de terras, poderoso, corajoso, destemido aliado, samariano que defende o bem.
Ali, era só mais um homem. Um homem que morreu de maneira tão estranha e vazia, deixando para trás tudo sem ao menos ser considerado um herói. Tal como a outra, fora destinado ao cinzento mundo onde habitava Van por não ser inerentemente mal ou bom.

- Iraf'feur é meu veredito, jovem. - Para aquele que apenas era, um local para apenas ser.

Você ouviu um choro feminino enquanto sua respiração se acalmava. Seja por um Oden'athor ter te trazido por bem ou mal, logo nas filas de Baru sua alma estaria.

- Morrem cada vez mais jovens. - Os olhos pareciam nostálgicos por um momento, apesar de um deus não ser tão sentimental quanto humanos. - Não seria justo que padecesse dos erros do lugar que servia sendo alguém tão neutra. - O martelo batia.

E em Iraf'feur você acordou.

Algo disforme parecia argumentar com Baru no momento em que Haliax entrou no salão. A mão grandiosa apenas afastou a presença, dissipando-a.

- A Sabedoria tem apreço a ti. - E parecia ser um click para entender que aquela coisa fora tal emanação de divindade. - Levei em consideração o que ele disse, para sua sorte. - O martelo batia.

E em Iraf'feur você se viu.