Depois de achar e passar a noite junto com Kanokar, a líder dos makumai e amiga muito próxima de Kar, Zoren acordou sozinho numa clareira da floresta do Vale. Ele havia se transformado em makumai para chegar até ali e, por mais que as memórias fossem vívidas em sua mente, não conseguia se lembrar de todo o caminho que percorreu para chegar até onde estava.  É claro que ele poderia só sair voando para cima e voltar para o castelo, mas estava simplesmente cansado demais para aquilo.

Decidiu então seguir uma trilha qualquer de animais que havia encontrado, ela provavelmente levaria até algum rio e esse rio desembocaria em alguma lago que os imortais deveriam usar como fonte d’água. Uma vez lá, pediria direções. Mas depois de hora caminhando e seguindo aquelas pegadas, tudo que achou foi uma outra clareira e, dentro desse novo espaço, algo simplesmente sensacional: um murne.

A criatura imensa estava presa em algumas moitas rasteiras, mas que haviam se enrolado nos pelos das patas da besta e o prendiam naquele lugar. Zoren nunca tinha visto uma criatura tão grande, exceto talvez pela própria Kanokar e seus makumai. Provavelmente o murne era agressivo, mas quele não parecia.  Quando ouviu Zoren se aproximar, a criatura rapidamente virou para olhá-lo e sua expressão mostrava um pouco de tristeza.

— Er… oi grandão… precisando de ajuda ai? — Zoren disse tentando ver como estava o terreno, queria saber se podia se aproximar. A besta então se agitou um pouco e emitiu um som gutural, mas que parecia feliz.

Ao não notar nenhum sinal de clara ameaça, Zoren decidiu se aproximar e, quando chegou relativamente perto da besta, nada aconteceu.

— Bem, você parece legal, vou tentar te ajudar, mas por favor não me mate. — Ele disse com um sorrisinho e se abaixou junto as moitas. O murne permanecia quieto, soltando um som aqui ou ali quando a fada puxava seu pelo com um pouco mais de força, mas não lutou contra o macho. — Bom garoto, acho que finalmente consegui soltar tudo, o que acha? — Zoren perguntou ao grande urso coroado que o encarava.

A criatura deu alguns passos testando a liberdade e então, vendo que podia ir embora, deu um longe rugido para Zoren que mais parecia um agradecimento, e voltou para sua segurança na floresta. Aquilo tinha sido estranho e repentino, mas o simples fato da criatura não ter arrancado a cabeça da fada parecia uma vitória para ela. Era como se a natureza lhe reconhecesse como parte de si e aceitasse sua ajuda de bom grado e Zoren amava esse sentimento.  

Farm-drop:

A caminhada foi longa, mas a fada finalmente achou um rio que corria pela floresta do vale dos imortais. Era mais um corrego do que um rio propriamente dito, mas com certeza corria para um corpo d'água maior. Zoren imediatamente começou a segui-lo, parando vez ou outra para beber um gole de água ou observar um animal nas margens. A caminhada seguiu assim por mais algumas horas, sem nada encontrar além de mais árvores.

Seus pés já doíam quando decidiu para um pouco para descansar. Sentou-se numa larga pedra às margens do rio e aproveitou para esticar as asas ao sol. Ficou ali se aquecendo por alguns minutos quando a fada finalmente ouviu algo que poderia lhe ajudar a sair da mata. Um uivo, provavelmente de um makumai, um chamado para outros de sua espécie. Por sorte, Zoren era guardião de Kar, o deus lobo, e amigo de Kanokar, a grande loba líder dos makumai, por tanto, ele já era quase um da mesma espécie.

Jogando a cabeça para trás, Zoren encheu o peito de ar e soltou o uivo mais alto que conseguia. Quase que no mesmo instante o som que havia escutado se repetiu. Um sinal de que havia obtido resposta. Zoren imediatamente correu para a mata na direção que pensava ter escutado o uivo. No meio do caminho uivou de novo e ouviu a resposta ficando cada vez mais próxima até que finalmente rompeu uma barreira de moitas e saiu numa clareira.

No meio desse espaço entre as árvores, um gigante lobo negro uivava para o céu até notar Zoren ali. Nesse momento, provavelmente sentindo os feromônios de Kanokar na fada, o makumai se aproximou cumprimentando Zoren.

— Olá amigo, está bem? Se perdeu do grupo? — O lobo, que Zoren sabia que talvez falasse, se manteve em silêncio observando a fada. Balançava o rabo animadamente, no entanto, como um filhote que achou um amigo. — Bom, acho que foi o destino que nos uniu, afinal, você deve saber como sair dessa floresta, certo? Pode me mostrar? — E como se estivesse esperando o pedido, o makumai se abaixou para que Zoren o montasse e, no momento que sentiu o peso da fada, partiu numa corrida para fora da floresta.

Montado no lobo gigante, não demorou até que a dupla pulasse pelo limite da floresta para uma extensa campina atrás do castelo da capital imortal. No exato momento em que os dois avistaram a construção e souberam que tinham encontrado o que queriam, fada e lobo uivaram ao mesmo tempo. Em seguida Zoren caiu na gargalhada.

— Sabe, eu realmente acho que o destino nos uniu, acho que você devia me acompanhar, o que acha?

gincana "Ajuda Besta":