Após reunião de guardiões em Ellendil, Zoren, Elora e Lyanna haviam viajado para seu cantinho especial em Etherea, o Refúgio das Fadas. Lá eles discutiriam suas próprias estratégias e aproveitaram a companhia um do outro antes que a guerra chegasse e corressem o risco de nunca mais se verem. Zoren passava a maior parte do dia praticando magia com Nina ou ajudando nas burocracias reais com Elora. Durante a noite, no entanto, quando todos dormiam, o necromante se via vagando sozinho pelos cômodos escuros do refúgio.

Quando parava pra pensar em sua vida até aquele momento, se sentia um pouco triste. Desde que fugira de Munhal para se livrar das mentiras da mãe, Zoren andava sozinho pelo mundo. Claro, havia conhecido Elora muito cedo, mas suas vidas seguiram caminhos diferentes também muito cedo e as fadas se viam esporadicamente, geralmente em momentos de crise. Quando Zoren estava sozinho e se permitia afundar em pensamentos, o que realmente pensava era “Será que ninguém nunca vai se interessar verdadeiramente por mim?”. Por mais que essa pergunta parecesse estranha ou injusta com seus amigos ou família, o que a fada realmente queria dizer, mas não verbalizava era: será que nunca vou ter um namoradinho?

Sim, parecia um pouco fútil, mas o único interesse romântico que tivera na vida, e por menos de um dia de duração, foi Kallavan, que morrera tentando se tornar um Inquisidor na Torre de Arzallum. Depois disso o necromante ficou tão ocupado com Kar, o Lich e Hokar que sequer parara pra pensar em sua vida romântica… até aquele dia em Maohal quando invocou Rhysand. Tendo sido chamado por uma bruxa élfica, Zoren não fazia ideia de quem era a fada da luz invocada, até o momento que ela aparece no círculo mágico. Ele era… lindo. Pode parecer ridículo um necromante experiente se interessar por uma de suas invocações, mas Zoren não podia negar que algo na naquele espírito de fada lhe chamara a atenção e por isso estava onde estava naquele momento.  

A biblioteca do refúgio tinha uma área ampla sob uma janela onde uma mesa se localizava, assim as pessoas poderiam ler com a luz natural de fora caso desejassem. Zoren havia removido a mesa naquele momento e já havia traçado o círculo de invocação com o pedaço de metal escolhido, um lingote de plarum. O que o impedia de seguir era a dúvida de estar fazendo o correto. Ele queria fazer aquilo, queria ver a fada mais uma vez para ter certeza de que deveria seguir em frente, mas ao mesmo tempo sabia dos perigos de invocar os mortos levianamente. Deveria chamar Rhysand e conhecer o fantasma? Ou aquilo era loucura de sua cabeça?

Ele pensou por bastante tempo sentado em frente ao círculo no chão, até que se decidiu. Ele nunca havia feito bobagens depois de adulto e nunca havia se permitido pequenos prazeres desde que começara sua jornada. Ele merecia aquilo, mesmo que fosse para perceber que era uma loucura insana, ele merecia! Então, quando a lua da lua incidiu diretamente sobre o círculo de invocação, Zoren usou a orbe de Kar para canalizar a mana e realizou o feitiço chamando pelo nome de quem queria ver.

— Rhysand… pode me ouvir?

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