Quando Elora deitava sua cabeça em seu travesseiro e deixava sua mente fluir para o mundo dos sonhos, era o momento em que finalmente deixava todas suas obrigações de lado para tirar um pequeno tempo para cuidar de si.

Foi após um dia relativamente calmo em frente aos processos burocráticos do gerenciamento do reino, que a fada sentiu sua consciência ser guiada para longe do costumeiro limbo do descanso para encontrar uma jovem de pele amadeirada e cabelos flamejantes.

— Venha! Vamos para Adreas, pois sou eu, e o teu dever que te chama.

A voz infantil de Natura carregava uma seriedade que em nada se comparava com sua figura, contudo suas poucas palavras foram o suficiente para que a guardiã acenasse com a cabeça, compreendendo que o momento que tanto temia e aguardava havia chegado.

Ao acordar na cama ao lado de sua esposa, Elora sabia o que tinha que fazer, mesmo que nenhuma instrução houvesse sido dita sobre. Era um conhecimento que estava em sua mente, claramente obra de sua deusa.

Em silêncio a fada se afastou das cobertas quentes e do abraço acolhedor de Lyanna para começar a preparar suas coisas.

Não demorou em nada, principalmente por estarem acostumadas a se moverem de um lado para o outro como nômades sem casa — ou apenas guardiãs exercendo seus deveres — para que as mochilas estivessem prontas para a viagem e ordens sido dadas.

Ao voltar para a suíte principal, encontrou a outra fada já desperta e aproveitando-se do momento, sentou ao seu lado e lhe deu um beijo suave, enquanto escovava os fios castanhos com cuidado para fora de seu rosto. Muitas coisas passaram em sua mente sobre o que poderia dizer para a outra, a vontade grande de expressar de alguma forma como se sentia, o turbilhão de medo e nervosismo e ainda assim a certeza do dever.

No fim, nada sobre foi dito, não era preciso palavras para compreender o que sentia e ninguém melhor que sua esposa para lê-la como sempre foi capaz.

Quando tudo estava pronto, a guardiã de Natura junto com as demais fadas convocadas se concentrou em sua marca, no meio de suas asas, e se deixou levar para onde os deuses desejavam sua presença.