Em poucos meses, o ar frio de uma estação violenta como Era chegaria mesmo no profundo mar, no reino submerso de Vaa’Nalt. Nesse momento, muitas pessoas já estavam se preparando para sobreviver ao mês negro. Isla, já preparado para uma temporada isolada, acabou se surpreendendo quando ouviu um chamado. Manaer apareceu na porta de seu quarto, claramente nervoso.

- Isla, os guardas da senhorita Darya estão lhe chamando. - o ganaltiano abriu um espaço para que Isla passasse depois de se levantar.

Manaer se tornou um amigo de confiança de Isla, por isso o visitava constantemente. Isla, curioso, montou rápido sua expressão séria. Se levantou e agradeceu o amigo, passando logo por ele. Caminhou por entre os corredores, desceu a escada e saiu da mansão. Mas ainda precisou passar pelo jardim antes de chegar no portão, onde o chefe da guarda estava presente.

- Desculpe incomodar, mas estamos preocupados. - informou o chefe da guarda. Sua expressão indicava o quão grave era a situação - Temos três desaparecimentos.

- Quer que eu encontre as vítimas?

- A duquesa quer entender o que está acontecendo. Precisamos nos proteger.

Esse é certamente o tipo de decisão que Darya tomaria, sempre buscando a causa. Isla não pestanejou, pois era um Explorador Real e sempre deu o melhor de si. Não só pelo ducado, que era sua cidade natal, mas por todo o reino. Voltou para dentro de casa apenas para se preparar, e assim o fez. Vestiu suas roupas e deixou itens úteis em sua mochila e partiu com os guardas até um dos locais de desaparecimento. Fora o chefe da guarda, havia mais quinze guardas com Isla.

O Explorador Real primeiro interrogou os conhecidos da vítima. As informações que recebeu foi de que o ganaltiano não voltou do trabalho, entretanto… Quando falou com aqueles que trabalhavam com o primeiro desaparecido, esses afirmaram com afinco que o viram retornar para casa. Isso significava que a primeira vítima desapareceu enquanto retornava para sua casa.

O Chefe da Guarda perguntou a Isla o que passava em sua mente, mas o Explorador comentou que precisava de mais informações antes de confirmar qualquer coisa. Como não sabia exatamente onde o ganaltiano desapareceu, Isla acabou indo investigar o segundo. Este que morava relativamente longe do primeiro. O Explorador fez perguntas semelhantes, perguntando também se havia alguma ligação entre a primeira e a segunda vítima.

Não havia nenhuma. O segundo ganaltiano que desapareceu era muito mais velho e anti social, sendo conhecido simplesmente por toda noite aparecer em uma das praças observando a movimentação, quase que em um ritual. Dessa vez, o Marvin investigou o local, mas não havia nada fora do normal onde o ganaltiano idoso ficava.

Procurou com atenção, mas não havia qualquer indício de que houve algum confronto. Nenhuma pegada mais forte no chão, nenhuma marca de sangue. O Marvin ficou frustrado, mas não desanimou de tentar até o final. O chefe da guarda tomou à frente o levando por fim, em direção a família da terceira vítima.

Um homem de família que morava em frente a uma floresta saindo da capital do ducado. Sua esposa e filha foram deixadas para trás. Isla ficou surpreso ao descobrir que o ganaltiano saiu de sua casa e nunca mais voltou durante a noite. Sempre dormiu com sua família, mas repentinamente...

- Eu não entendo o que houve. Quando eu dormi ele estava ao meu lado, mas eu acordei no meio da noite e não havia mais nada na cama. - a mulher revelou em lágrimas - Eu não ouvi nenhum barulho.

- Eu sinto muito por isso. Estou aqui para tentar ajudar. Preciso que me responda algumas coisas - explicou o explorador, segurando gentilmente a mão da mulher - Me diga, a porta estava trancada? Vocês dois têm as chaves de casa?

- Eu sempre tranco a porta, mas nós dois temos as chaves de casa. - a ganaltiana secou as lágrimas.

Isla fez outras perguntas, e finalmente decidiu investigar a casa. Como havia imaginado, não havia nada que indicasse uma invasão ou confronto. Todos os três parecem ter sumido por ‘’vontade’’ própria, e Isla, tinha um conhecimento decente em magia para tirar algumas conclusões. Ainda na casa da mulher, o explorador pediu um mapa que mostrasse os locais próximos dos incidentes.

Seu dedo correu pelos verdes no mapa, indicando florestas. Havia alguma não tão distante de cada local. O chefe da guarda notou isso, levando o olhar imediatamente para o redor da casa. Afinal, estavam praticamente cercados por árvores. Isso o deu um péssimo pressentimento.

- O que descobriu?

- Algum tipo de controle psicológico talvez… Eu não sei ao certo, mas as pessoas estão sendo atraídas para longe umas das outras. Provavelmente, todas foram atraídas para lá.

- Procuramos ao redor dessa floresta, mas não encontramos nada. - explicou o guarda.

- Creio que são pessoas inteligentes. - Isla finalmente deixou de prestar atenção no mapa, encarando o chefe da guarda.

- O que sugere? - o guarda questionou.

- Diga para todos que coloquem correntes nas portas e janelas de sua casa. O número de correntes com cadeado em cada entrada deve ser o mesmo número de pessoas na casa. Cada uma tem que esconder as chaves que carregar consigo em um lugar que só ela saiba. - o explorador sabia que podia estar exagerando, mas esses números inflados eram para que o máximo de pessoas fizessem.

- E se a pessoa morar sozinha?

- Indique que vão para casa de parentes. Além disso, todos que moram próximo às florestas devem encontrar um local mais afastado delas. Indico que na própria capital ou no centro de vilarejos e cidades pelo ducado. - Isla estava passando tanta informação, que percebeu que o chefe da guarda começou a fazer notas mentais.

- Certo…

- Eu colocarei tudo isso em uma carta. - no que o Explorador falou isso, o chefe da guarda pareceu relaxar - Quanto mais distante estivermos das florestas, mais a dentro das cidades e vilarejos nossos inimigos terão de adentrar. É aí que podemos tirar eles do seu local de vantagem. Quais ações vocês já pretendem tomar?

- A primeira coisa que pensamos foi um toque de recolher. Além disso, estamos montando equipes com no mínimo 20 pessoas para patrulhar os locais. Estamos usando animais para rastrear potenciais inimigos. É quase como se estivéssemos sofrendo uma invasão sutil.

- Compreendo… Procure também ganaltianos com conhecimentos mágicos. De preferência, que saibam sobre magia de persuasão e como as evitar. Quanto mais conhecedores de magia assim no meio das tropas, melhor será.

- Certo. Como vamos convencer o povo a seguir essas medidas?

- Diga que suspeitamos que é algo que os abissais estão fazendo. - o chefe da guarda arqueou a sobrancelha com essa informação. Depois de tudo que Isla havia dito, era muito improvável que os abissais estivessem por trás disso - Eu não acho que seja realmente… Mas eles são nossos maiores inimigos. O povo ficará em alerta apenas de os mencionar.

Tendo concluído sua investigação, Isla deu todas as sugestões que tinha em mente para o chefe da guarda. Gravou as informações na carta e entregou ao chefe da guarda, indicando que ele a levasse para Darya ou Quinn, pois esses poderiam dar ainda mais ideias de como lidar com essa situação. Isla é primo da duquesa e a algum tempo tem construído seu prestígio.

Não foi aleatoriamente chamado e por isso queria que suas sugestões tivessem o maior efeito possível na proteção das pessoas do ducado. CPelo bem de seus semelhantes que já tinham tantos outros problemas para lidar.