• Azor Hokar, o deus da destruição, o senhor da consumação, retornou. Reencarnado no mês de Era, em 329, no Império Corrompido de Aronian. Enquanto o continente dos heróis, Samaria, está mergulhado em guerras e conflitos territoriais e políticos, Hokar reúne suas forças para trazer por fim sua vingança sobre toda a Criação – E por sua trágica derrota na Era dos Deuses.

    Enquanto isso, Mahoro Trakarhin, o rei dos imortais e guardião do Criador, prepara os reis e tenta apaziguar as guerras de Samaria para que possam olhar para o verdadeiro perigo que reside ao norte, no Império Aroniano.

    Não se renda ao temor que Azor Hokar representa e todo o mal que ele ameaça trazer. Una forças com o lado que melhor te convier e participe dessa aventura épica!
    Últimos assuntos
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQui Abr 20, 2023 6:55 pm
    Enviado por Zakir


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQui Abr 20, 2023 9:46 am
    Enviado por Atria


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQui Abr 20, 2023 9:22 am
    Enviado por Atria


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQui Abr 20, 2023 9:22 am
    Enviado por Atria


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQui Abr 20, 2023 9:20 am
    Enviado por Atria


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQui Abr 20, 2023 9:20 am
    Enviado por Atria


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyTer Abr 18, 2023 5:43 pm
    Enviado por Zakir


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySáb Abr 15, 2023 7:45 pm
    Enviado por Elora Vestalis


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySáb Abr 15, 2023 6:51 pm
    Enviado por LtheLord


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQua Abr 12, 2023 9:07 am
    Enviado por Atria


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyTer Abr 11, 2023 8:20 pm
    Enviado por Questão


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySeg Abr 03, 2023 10:33 pm
    Enviado por Elizabeth


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySeg Abr 03, 2023 9:27 am
    Enviado por Uhum


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySeg Abr 03, 2023 8:56 am
    Enviado por Uhum


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySeg Abr 03, 2023 8:26 am
    Enviado por Uhum


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyDom Abr 02, 2023 11:29 am
    Enviado por Natureza


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySex Mar 31, 2023 2:33 pm
    Enviado por Uhum


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptySex Mar 31, 2023 1:48 pm
    Enviado por Uhum


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyQua Mar 29, 2023 4:12 pm
    Enviado por O Sonho


    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente EmptyTer Mar 28, 2023 4:33 pm
    Enviado por Atria


    Entrar

    Esqueci-me da senha




    As Crônicas de Samaria :: Casa do Antigo

    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Data: 115 ER
    Local: De'travel
    Participantes: Miryos Materazzi
    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Cartas de um imortal a seu aprendiz

    Naquela casa, em meio a Havadriel, Miryos havia encontrado entre aquelas pessoas tão estranhas um motivo para se manter vivo. Sua Centelha agora era o caminho pelo qual ele podia ofertar cura àqueles ao seu redor, das poucas magias que lhe foi dada cujo o objetivo não era ferir. Era fato que Mahoro acreditava que seus cavaleiros haviam sido agraciados com o poder de defender a criação e eram seus homens de confiança. A última linha de defesa para a família dos Materazzi se chegasse ao dia em que estivessem em risco. Miryos sempre entendera os objetivos do pai, como um guerreiro, ele sabia que havia uma forma de defender a criação de Hokar e isso não passaria por meios pacíficos.

    Quando o inimigo é cruel, defender por vezes inclui ferir.

    Miryos naquele dia estudava aquele minério novo que havia conseguido com um mercador em Havadriel que dissera que o material viera de Aronian. Analisou algumas de suas propriedades, observando a forma como refletia a luz e que efeitos de dureza ele possuía. Forjar com algo novo era realmente perigoso e Miryos teria que realizar um teste realmente eficaz se quisesse que desse certo. Desejando uma armadura, precisava que o peitoral portasse dureza, mas não podia sacrificar sua mobilidade nesse processo. Sobretudo, a resistência era o que ele valorizava mais no material e por fim, era o que buscava.

    — O senhor gosta de realizar experiências, não é, senhor Miryos? — A voz era de Danluz, o homem vestido sempre à moda dawhiana mais luxuosa por vezes o visitava em sua residência.

    — Tenho uma curiosidade mórbida. Além de um grande desejo pelo desafio. — Miryos respondeu com um sorriso separando as pinças, o martelo e os moldes que precisaria. — Gosto de colecionar habilidades.

    — Um homem não precisa colecionar tantas habilidades. Basta que tenha dinheiro para comprar o que precisa, o que o senhor aparentemente tem. — A voz do homem tinha aquele tom melodioso, que era desagradável para homens que tinham pressa, mas muito bom para se tecer elogios à qualquer nobre.

    — Não posso esbanjar, mas eu consegui fazer um pouco de dinheiro em Etherea e bem... a recompensa que o conde me deu também me permite uma vida tranquila aqui em Havadriel. — Miryos respondeu e lançou na fornalha o carvão para deixá-la aquecer.

    O calor se apoderava do ambiente em um abraço lento e constante. Era quase como se a fornalha aumentasse de tamanho.

    — O conde foi mesmo generoso, apesar de ter recusado uma boa parte da recompensa. Você salvou a vida dele.

    — Fiz pelo dever, não teria uso para títulos ou qualquer espaço no castelo dele. Não demorará para que eu tenha que seguir viagem. — Miryos controlou a temperatura da fornalha e aumentou ainda mais o fogo usando uma sanfona para soprar o ar para as chamas.

    Danluz era um dos homens que passara a conviver com Miryos com maior frequência, acompanhando a forma como ele relatava seus feitos como imortal e sobre o local, além da cordilheira que reservava aos homens um vale de bonança. Era como se falasse do Vale dos Imortais como uma grande promessa, um local para o futuro, onde após a morte os homens poderiam acordar. Era fato que ver um imortal diante de si reforçava a fé dos homens, fazia-os crer no poder dos deuses de superar o maior dos medos: a morte.

    Miryos interpretava aquilo diferente. Não era apenas porque a ausência da morte tranquilizava os homens, mas porque a morte retirava deles o temor de que o que haviam recebido fosse retirado deles. A imortalidade era uma arma contra a cobiça e a ganância. Não haveria necessidade de acumular ao infinito, quando a vida tão vasta não oferecia limites. Preocupações mundanas eram reduzidas e um homem podia olhar para o futuro com mais esperança.

    O imortal deixou o metal derreter nas chamas, enquanto trocava palavras com Danluz sobre o estado atual da cidade. Havadriel estava em um estado de desolamento quando seu conde foi aprisionado, mas nos últimos tempos, havia se tornado mais vívida. Havia esperança em muitos locais e naqueles meses quentes, tudo parecia convergir para a bonança naquele outono.

    — Me pergunto de onde vem essa sua urgência por partir, senhor Miryos.

    Miryos tomou o metal quente e o deixou ser moldado na placa. Observou como a luz brilhava intensamente devido ao calor, mas uma espécie de brilho prateado emanava das gotículas do metal que eram agitadas. Esforçou-se para não deixar nenhum único traço da modelagem na placa, assim como evitar bolhas e inclusões de ar que poderiam afetar a durabilidade das placas.

    — Não há urgência de minha parte. Havadriel tem sido agradável pra mim, mas sinto que o que eu tinha de mais importante para realizar aqui já foi feito. — Sorriu e começou a martelar o metal. Precisava tornar as placas da armadura mais sólidas e cada batida representava um pouco mais de força que ela possuiria. Era um processo cansativo, mesmo para um imortal e Miryos sempre se deixava sentir o calor da forja, pois assim podia controlar a temperatura muito melhor.

    Danluz esperou que as batidas parassem.

    — Ora, há um pouco de ambição em você, então. — Os olhos inquisitivos do conselheiro possuíam um tom enigmático.

    — Não é ambição. Eu não sou este homem bonzinho que todos idealizam. Tenho meus erros e as maldições com os quais eu preciso lidar. Poderia posar assim o quanto quisesse, mas a verdade é que ficar parado para mim é um risco. — Naquelas palavras, Miryos deixava refletir um pouco mais a Danluz do que gostaria. Mesmo assim, achou que era necessário confessar pelo menos a alguém que estava longe da santidade. Era na verdade, um imortal arruinado.

    O martelo foi batido mais uma porção de vezes. Até que a armadura estivesse na espessura apropriada e uniforme para resistir aos impactos sem se quebrar. Miryos iniciou os acabamentos, mas a maioria deles foi mais sutil. Tinha nela um símbolo de dois lobos que cruzavam o peito como em um ciclo. Era o símbolo de Kan e Kar. Os deuses que se tornaram seus patronos desde sua infância.

    Removeu então um livro da prateleira e começou o processo de demarcar runas. Estas runas tinham origem dos grandes trakaros. Havia conseguido aquele livro mais ao sul, com um grupo nômade de trakaros que compartilharam o conhecimento mágico que possuíam em troca de ajuda com alguns doentes. Trocar conhecimento era o que Miryos mais valorizava e de fato, interagir com aqueles homens considerados selvagens pela maioria lhe rendera bons ensinamentos.

    Ele marcou a armadura em alguns pontos, delimitando em que pontos ela deveria ser manejada em magia. Era um mero encantamento de navegação espacial, que permitia que ele conjurasse a armadura a qualquer momento. O feito, no entanto, era realmente agradável e podia render bastante poder ao usuário, pois uma armadura resistente que surgisse do nada seria visto como assustadora para um oponente comum.

    — Danluz. Diga ao conde de uma vez que eu demorarei ainda a partir, mas que não importa o que ele faça, eu partirei. — Miryos disse com um sorriso e uniu as mãos transferindo mana para o objeto.

    Não precisou olhar para ver o sorriso no rosto do conselheiro do conde.

    — Ora, Lorde Lutra irá lamentar muito por isso, mas acho que com o tempo, aprenderá a respeitar sua vontade.

    Miryos canalizou a magia, até sentir que o procedimento havia estado correto. Armaduras precisavam ser conjuradas com muito cuidado, pois no momento que surgiam deviam se encaixar perfeitamente ao redor dos corpos dos que a conjuravam.

    — De certo que ele entenderá. Eu tenho um caminho para seguir.

    Miryos sorriu, o peitoral da armadura estava pronto.



    Considere:


    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Derramando Sangue Inocente

    Nos dias mais quentes era por vezes difícil tratar os doentes. Miryos não estava tão acostumado ainda a sua tarefa como médico, mas três meses em Havadriel teria de fazer com que se acostumasse. Ele atendia muitos tipos de pessoa, em necessidades diferentes, mas a maioria sempre possuía algum ferimento ou doença que seria facilmente curado, não fosse o precário sistema de água das cidades dawhnianas e seus criminosos que se aproveitavam da partida do exército para o Oeste para saquear pequenos vilarejos.

    Uma vez mais, Miryos tinha em sua posse o Vat'ra, minério de grande dureza e cor prateada. Era extremamente resistente e gerava armaduras realmente fortes. Não servia tanto para armas, visto que o açouro era muito mais afiado e poderoso do que o Vat'ra poderia ser. Miryos separou seus materiais conforme o que precisava. As pinças, necessárias para retirar o material de sob a água durante o processo de resfriamento. Era necessário bastante cuidado para se lidar com metais tão quentes, mesmo para um imortal, permanecer com uma queimadura por um tempo era algo desconfortável, pois todos os ferimentos exigiam algum tratamento, mesmo que a Centelha ainda pudesse suprir uma boa parte da recuperação.

    O imortal ouviu alguns sons do outro lado da porta e logo um homem surgiu. Tinha uma barba grisalha, os cabelos longos atrás da cabeça e uma pele cor de oliva. Era alto e vestia-se com mantos humildes que Miryos reconheceu como um Antigo Irmão do Caminho da Montanha.

    — Lamento ter entrado em vossa residência assim, a porta estava aberta e me disseram que podia. — O homem disse, já se desculpando.

    — Não se preocupe. É fato que quando deixo minha porta aberta é porque estou permitindo a entrada de pessoas. O senhor nada fez de errado. — Miryos aqueceu a fornalha um pouco mais, deixando o carvão se incendiar. O calor novamente se expandia pelo ambiente, aquela sensação forte que fazia o espaço do interior menor e a fornalha ainda maior do que era. — Se me permitir perguntar, por qual motivo eu recebo um sacerdote em minha casa.

    — Ora. Estive na corte do Conde Lutra e lá me disseram que havia nessa cidade um homem que não o tempo não podia matar. Um imortal em nosso meio. — O homem falou e tinha em seus olhos uma expectativa que fez Miryos rir.

    — Não gosto deste título. — Respondeu prontamente, o homem que o tempo não podia matar era seu pai e não ele. Já havia roubado de seu pai o olhar vermelho e intimidador. Mesmo assim, projetara essa visão nele e isso era algo que o desagradava. Era um imortal arruinado, caído e exilado do Vale dos Imortais. Sabia que mesmo que seu ímpeto ainda o fizesse agir como um imortal comum, não gostaria de ser referência a quem quer que fosse. — Mas sou sim, a grosso modo, um imortal.

    O homem olhou-o e fez uma vênia.

    — Eu sou Jeren, sou um antigo irmão e sirvo no templo próximo daqui. — O homem falou e Miryos deu de ombros.

    O imortal agora deixava o metal derreter na forja. Assistia-o brilhar incandescente. Enquanto isso, Jeren lhe contava sobre o templo, como era bonito e dedicado a Baru. Os dawhanianos por algum motivo tinham uma grande afeição ao deus Baru e sua justiça. Por isso, talvez, fossem tão ligados a lei e também por isso, capazes de manter um reino daquelas dimensões ainda funcionando e com pretensões de conquistas a oeste. O metal ia sendo reduzido a líquido pela intensidade das chamas.

    — Você me fala sobre seu templo, irmão Jeren, mas não me diz o que deseja comigo. — O imortal disse com um sorriso começou a depositar o metal sobre o molde do elmo. Um grande elmo com a forma de um lobo, poderoso para sustentar até mesmo o mais forte dos impactos.

    O processo de modelagem era delicado, motivo pelo qual o imortal tornara-se completamente um com sua centelha para permitir que nenhum resquício de dor, calor, irritação ou outros estímulos pudessem impedir que depositasse sobre o molde o líquido incandescente de maneira mais perfeita. Evitaria principalmente inclusões de ar e demais perigos que poderiam fazer com que o elmo se partisse mais facilmente.

    — Queria que me falasse, senhor. Como é ensinado a religião do Caminho da Montanha além dessas cordilheiras. — O sacerdote indagou, dando alguns passos para frente mas ainda mantendo a distância diante do intenso calor da forja.

    Miryos, então, deixou a pergunta pairar no ar por um momento e começou a bater firmemente no elmo. O martelo atingia com força e modelava em conjunto com o calor e com as várias etapas de resfriamento a forma que o elmo teria. Podia observar nos pontos mais brilhantes o nível de densidade metálica que residia em cada ponto do elmo. Era um processo delicado, complicado e intenso. Mesmo assim, Miryos já tinha prática o suficiente na forja para que a conversa com aquele sacerdote não o desviasse.

    — Ora, me diga, senhor sacerdote, os maiores entre vós não recebem uma marca nas costas que indica sua revelação divina? — Miryos indagou.

    Jeren ficou absorto por um momento.

    — Mesmo assim. Ali, onde a proximidade com o Criador é tão grande, como não aprenderiam coisas mais magníficas que nós? — A pergunta era honesta e Miryos tinha que reconhecer que fazia sentido tal ensinamento.

    Acertou com firmeza o elmo, modelou-o e iniciou o processo de criar os detalhes. Queria que o elmo se assemelhasse a cabeça de um lobo, mas não o deformou de forma que ficasse uma réplica, visto que isso atrapalharia sua visão. Apenas o deixou alongado o suficiente para simular o formato da cabeça e usou dos detalhes sobre as partes mais altas do elmo para se assemelhar ao lobo, símbolo da noite.

    Kan e Kar estavam sempre presentes.

    — Acontece, é que não me recordo de qualquer diferença. Aquilo que vos foi revelado, também nos foi revelado. Os deuses deram a vocês um presente que é a Marca da Revelação e sendo assim, não escondem de vocês os segredos que possuem. — Miryos respondeu, conforme ia transformando o metal a sua frente. — A tarefa dos imortais, ao meu ver, é mais prática do que filosófica senhor. Não pense em romantizar demais as coisas.

    — Mesmo assim, porque me parece que os conhecimentos sobre os deuses são tão ocultos? Tenho vivido há trinta anos como sacerdote e mesmo assim, é como se muito pouco eu soubesse. — O homem disse e seus olhos baixaram.

    Com a decoração pronta, Miryos começava a manejar as runas na parte interna do elmo, garantindo a ela proteção. Marcou várias vezes os locais com uma agulha em metal quente. Aquela magia rúnica espacial derivava dos trakaros, com os quais Miryos havia aprendido muitas magias para manipular os materiais. Coisas que herdaram de seus antepassados de Trakar, já perdidos há uma centena de anos. Era um processo delicado, mas a frase do sacerdote quase o fizera rir e perder o fio da meada.

    — Irmão Jeren... como é que posso lhe dizer... — Miryos passou o polegar por sobre a runa demarcada e depositou nela mana. Transformava um símbolo em um receptáculo de uma magia espacial. — Sozinho, eu ostento meus quarenta e cinco anos de existência. Trinta anos destes eu dediquei apenas a vida militar, para proteger a criação como um cavaleiro. Mesmo assim, não me sinto como se soubesse qualquer coisa sobre a guerra ou nem mesmo sobre o que proteger a criação signifique. — Admitiu à revelia do olhar que o homem lhe dava. Era fato que Miryos parecia ainda beirar a casa dos vinte anos naquela época. Por manter a barba aparada, parecia muito mais jovem do que o que seria esperado dele.

    — Como acha, então, senhor, que poderemos obter o conhecimento dessas coisas ocultas. — O sacerdote indagou.

    Miryos concluiu o encantamento. Virou o elmo para si, observando os olhos do lobo nele incrustados. Era como o olhar de Kar, o guardião das coisas ocultas.

    — Eu não sei, irmão. Eu tenho feito o meu melhor.



    Considere:


    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Derramando Sangue Inocente

    Quando o mês de Nyr finalmente chegou, trouxe com ele uma grande quantidade de frio. Parecia que o inverno estava muito próximo, mas a verdade era que ainda repousavam no outono e as folhas começavam já a varrer o ambiente ao redor. A temperatura ali era baixa, mas as ventanias frequentes por vezes alarmavam os camponeses. Mais do que isso, a proximidade para com o inverno começava a mudar e enegrecer o coração de muitos homens. Miryos cada vez mais tinha que lidar com as consequências terríveis que a guerra no oeste causava na ausência de segurança do lar dos moradores de De'travel.

    Um imortal tão longe de casa e aquilo que o mais fazia lembrar do lar era aqueles lingotes de prataço, conhecido em Samaria pelos mais estudiosos como o Vat'ra. Era um minério bastante interessante, com propriedades magnéticas que Miryos gostava e apreciava. Passava uma parte do tempo estudando-o e por isso sempre deixava separado pelo menos dois lingotes para lidar com o processo de forja que testava de tempos em tempos.

    — Deixe que ele descanse. Não demorará muito para que as marcas da ferida desapareçam. Caso ele tenha febre, trago-o de novo para mim. — Miryos disse a um casal que havia trazido o filho que fora ferido na perna por um criminoso, não a mais do que cinco quilômetros do local. O rapaz havia tido febre e havia sido necessário a Miryos desinfectar a ferida e usar de sua magia para estabilizá-lo.

    Os três agradeceram e seguiram em sua carroça rumo ao vilarejo do qual vieram. Miryos se deixava pensar até que ponto suas ações estavam afetando os moradores de Havadriel e das redondezas. Tudo o que fazia era muito parecido com enxugar gelo e por vezes ainda acordava de pesadelos durante a noite. Por algum motivo, era atormentado pela raiva e pelo inconformismo que tinha com o mundo a sua volta. Lavou o sangue das mãos e partiu para sua forja, separando ali os materiais que precisava, ainda vendo a água, agora rosa, em gotículas depositadas sobre a pele. Sangue era difícil de lavar, principalmente, o de inocentes, mas ele fazia aquilo que imaginava ser o melhor.

    Mesmo assim, estava longe de ter paz. Separou o Vat'ra, sentindo aqueles pensamentos lhe rondando a mente como se fossem abutres. Altos, quase imperceptíveis, mas prontos para descer nos momentos menos convenientes para subtrair sua estabilidade. Depois de tudo o que havia passado, não merecia um pouco de paz?

    Não a possuía, porque estava em constante contato com o povo de Havadriel e compartilhava das injustiças que eles viviam.

    Jogou o carvão na fogueira e a deixou aquecer. Deixou o calor penetrar o ambiente e se deixou sentir as chamas queimarem cada vez mais intensamente. Mesmo que não precisasse sentir calor, queria, sentia naquilo um canalizador apropriado para os pensamentos que eram intensos dentro de si. O calor emanava aquele sinal destruidor e com ele, Miryos se identificava.

    Um imortal arruinado. Melhor em matar do que em proteger.

    Depositou sobre uma caldeira de metal os dois lingotes e os deixou no fogo. Observou como esquentavam aos poucos, como aquele processo era lento e como era de longe o mais difícil. A paciência de olhar as chamas e mantê-las alimentadas, enquanto a mente circundava por locais sombrios.

    Toda aquela injustiça em De'travel não era culpa de Lutra. Ambos haviam trabalhado para restaurar a justiça e a honra àquela região e o fizeram. O conde se esforçava para recuperar o que foi perdido no golpe que lhe deu o irmão de lorde Withred. Mesmo assim, com os exércitos ao longe partindo para o confronto no Oeste, não havia nada mais do que sofrimento os aguardando ali com a proximidade do inverno. O fato era que a injustiça de Withred teria efeitos que afetariam o povo de Havadriel por mais um ano ou dois.

    O tempo não estava a favor de ninguém.

    Miryos retirou o líquido incandescente da forja e o depositou sobre o molde. Deixou que tomasse forma e com isso foi observando aos poucos como o metal negro e chamuscado que fazia o molde ia sendo aos poucos preenchido por aquela energia quente do metal derretido que sobre ele escorria. Era uma visão agradável, machucava um pouco os olhos, mas ainda assim tinha um quê de beleza. Era como ver um vulcão lançar seu conteúdo sobre o solo.

    Daquela mesma forma, a raiva de Miryos havia modelado quem ele era. Se nos tempos antigos, olhava para os grandes heróis e ansiava a eles se tornar igual, aprendeu que jamais poderia ser um herói enquanto manejasse uma espada para fazer justiça. Enxergou muito sangue ser derramado, muitos homens e mulheres serem derrubados sem nem mesmo terem uma chance de sobreviver. Nem tudo nesse mundo era coordenado por Hokar ou pelos seus corrompidos. Havia uma parcela de merecimento no sofrimento dos homens, algo que procuravam e chamavam para si, como se alimentassem as chamas que os tornava em nada mais do que uma massa disforme e incandescente.

    Modelou dessa vez as braçadeiras, deixou que o molde ocupasse tudo e com seu martelo, acertou o metal várias vezes. Quantas vezes seria necessário ser derretido e remoldado até que se tornasse apto a ser algo útil. Antes que se tornasse uma ferramenta de proteção, quantas vezes seria cozinhado e transformado por aquele pensamento desesperador de que não havia salvação. Como mergulhar em uma escuridão, em meio ao calor da forja, Miryos só enxergava destruição no tamanho do mundo e por isso, não conseguia se considerar mais um imortal digno.

    Havia algo em Azor Hokar que emanava certeza. Tinha que concordar com ele. Tinha que concordar com seus modos brutais. O mundo tinha que acabar e o Criador apenas era um torturador. Cada martelada, um pensamento que demorava a ser exorcizado e se a centelha o havia sustentado por tanto tempo, era difícil que permanecesse por muito mais. Nem mesmo os sorrisos alegres de crianças, o agradecimento de um nobre ou os olhares aliviados dos pais que sabiam que seus filhos não estavam mais a beira da morte podia confortá-lo.

    O pensamento perverso continuava lá. Uma semente plantada que crescia em forma de um vegetal venenoso e cheio de espinhos.

    Miryos começou a decorar, assim que o metal tinha sua forma agora mais uniforme e que após muitas marteladas finalmente se curvou a necessidade que o imortal impunha a ele. Perguntava-se se havia algum mistério muito depositado no interior da realidade que até o momento ele não descobrira. Em Havadriel, Miryos lutava contra si mesmo enquanto engolia o orgulho que tantas vezes o fez olhar com esperança para o horizonte. Desenhou nas braçadeiras, runas antigas de Trakar e os símbolos que as associavam ao seu pai, assim como também os símbolos de Aronian que o remetiam a sua mãe. Tinha ali uma junção de dois mundos e mesmo assim não se considerava parte de nenhum.

    Então, usou dos encantamentos. Não era muito difícil aquela altura depositar um encatamento em uma arma. Ele já estava mais que acostumado a transformar um simples armamento em um repositório mágico extraordinário. Havia um ponto onde a magia perdia seu aspecto surpreendente, se tornava como o vento ou como as estações. Mudavam, mas ainda tinha sua familiariadade, sua sazonalidade que era característica.

    As runas dos trakumai foram colocadas. Campeões dos deuses, pelo que lhe disseram. Runas antigas destinadas a criar magias espaciais apropriadas para que pudesse sacar aquela arma em qualquer momento. Seus conhecimentos mágicos aumentavam, mas Miryos ainda se via performar feitos tão banais.

    Aos poucos, a sua jornada começava a convocá-lo. Seu coração se perturbava. Miryos sabia que não demoraria para que tivesse que partir.

    Tudo que ele queria era um pouco de paz.

    Considere:


    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Derramando Sangue Inocente

    Era este o mês de Ryo. O frio havia chegado com força e com ele vieram os homens da pior estirpe. Sobre toda a Dawhan criminosos se aproveitavam dos esforços de guerra, da reunião do exército e da marcha para o Oeste para causar o terror em meio a população. O conde defendia como podia seu território, mas os habitantes dos vilarejos mais distantes da capital sofriam. Todo o sofrimento daquele mundo parecia não ter fim e por mais pessoas que Miryos tratasse naquela sua casa que mais se parecia com um hospital, mais surgiam a cada dia.

    O mês de Era se aproximava e com ele a escuridão profunda que mergulharia a todos em grande perigo.

    Miryos, forjava sua armadura pedaço por pedaço. Mais uma vez, tinha uma etapa dela para cumprir e por isso requisitara os minérios de um mercador de Krun. O prataço era um bom material para a forja e acreditava que teria que ser suficiente para satisfazer suas necessidades como guerreiro. Pelos tempos sombrios que lhe esperava, precisaria da proteção que lhe faltara quando foi abatido pelos criminosos quando primeiro chegou a De'travel.

    Quando finalmente foi a forja, tinha suas mãos sujas de sangue, devido a um procedimento que tivera de fazer em um rapaz para tentar recuperar parcialmente seus nervos da perna, costurando-os já que foram partidos por um golpe de machado. Servira ao garoto os analgésicos que pudera, mas a dor dele ainda ressoava em seus ouvidos.

    — Senhor Miryos... — Uma voz veio de trás do imortal.

    Ele se voltou para ver um homem com a perna aleijada, era jovem, não mais do que vinte e cinco anos e se recostava em uma muleta improvisada. Logo, ele se recostou em uma cadeira, agarrando a perna em dor. Miryos não se preocupou com aquilo, sabia que ele estava se recuperando e que por vezes, era necessário mover um pouco o corpo para não enlouquecer. O imrotal apenas pegou seus lingotes de metal e os deixou na caldeira para aquecê-lo. A fornalha já quente ajudava com o frio intenso que era prometido para aquela estação que começava.

    — O que busca comigo, Torin? Precisa de mais poção para dor? — Miryos indagou, observando o rosto suado do rapaz.

    — Não... Eu... eu o vi contar uma história por alto. Não consegui ouvir bem. O senhor conversava com aquele homem de robes azuis do castelo...

    — Danluz, você quer dizer. — Corrigiu. De fato, Danluz o visitava com frequência e com o tempo, o que era apenas uma sondagem por parte do conde, tornou-se uma amizade baseada no gosto por ouvir as histórias dos deuses.

    — Isto. A história que contavam... Era sobre a guerra dos deuses? Era isso? — O rapaz falava sempre pausadamente.

    — Não era bem isto. Falava sobre o início da humanidade. Por quê?

    — Poderia repeti-la para mim... Eu apenas a ouvi por alto, mas fiquei curioso.

    Miryos sorriu. Era natural que a história dos deuses trouxesse algum tipo de curiosidade. Mesmo assim, por algum motivo, o fato de ele ser um imortal parecia trazer ainda mais desejo por aquelas histórias. Homens e mulheres ouviam com mais atenção e deixavam aquilo que era apenas retórica de velhos sacerdotes se tornar verdadeiros contos sobre a razão da existência.

    Enquanto o metal derretia, Miryos assentiu com a cabeça e cedeu ao pedido do doente. Contando-lhe a história enquanto separava os moldes que precisaria. Moldes para uma perneira, algo que usaria para se defender caso tentassem lhe golpear sob a linha da cintura. Era essencial que possuísse tal pedaço da armadura, visto que os inimigos muitas vezes eram sujos e buscavam ferir nessas partes para causar ferimentos mais extensos e ocasionar na falta de mobilidade. Ter sido derrotado por aquele bando de bandidos em De'travel afetara Miryos. Seu pensamento se tornava sombrio por conta daquilo e era difícil chegar a paz.

    Repetir as histórias dos deuses, no entanto, era fácil. Ouvira muitas vezes sobre a criação da humanidade e sobre como os homens clamaram por conhecimento e por propósito. Lembrava-se como os deuses desceram e lhes concederam esses conhecimentos, como lhes deram um pouco de seu saber e como lhe entregaram de fato um pouco de cada uma de suas próprias dádivas. Ensinaram sobre seus domínios, para que os homens não mais tivessem necessidades.

    Mesmo assim, o mundo apodrecera e agora os homens cuspiam nas bençãos que lhes foram dadas.

    Miryos então, verteu o metal quente sobre o molde. Deixando que ali se alojasse e tomasse forma, resfriando-se na crosta quente que precisava para moldar. Era sempre um processo delicado, mas aquele jovem chamado Torin a tudo observava com atenção.

    — Senhor Miryos... Por que não fez o Criador os homens já com propósito? Por que deixou que a humanidade pedisse por ele? — A pergunta de Thorin parecia um pouco derivada de uma estranha sabedoria. Do tipo que surgia apenas quando a ignorância era completa.

    — Não sei, Thorin. Talvez, uma questão de livre-arbítrio ou talvez, o propósito apenas tenha a ver com desejo. — Ele sorriu para o rapaz, pois a própria ideia de um motivo para viver era uma grande armadilha. Era como se o desejo criasse o propósito e não o contrário. Assim, o único propósito verdadeiro que os homens de fato conheciam era o de satisfazer os próprios desejos e daí surgia toda a maldade.

    O jovem e Miryos conversaram ainda mais um bocado de tempo, conforme o imortal acertava o martelo mais e mais vezes contra a bigorna e o metal das perneiras aos poucos ia se tornando mais uniforme e mais preciso. Precisava da uniformidade, para evitar que pontos específicos se desgastassem e para isso precisava martelar muitas e muitas vezes. Aliava com isso os contantes resfriamentos e aquecimentos do material para mantê-lo maleável.

    Neste processo, moldou-o para que ficasse não bonito, mas o mais funcional possível. Mesmo assim, talhou neles os detalhes que precisava. Um pouco das bordas para tornar a armadura mais agradável de se olhar, mas não era tão bom em forjar aqueles pontos da armadura, pois não tinha tanta habilidade com o prataço em determinados materiais.

    Thorin por sua vez, continuava a conversar, aproveitando-se da forja para expôr seus pensamentos jovens.

    — Conhece a magia? Esta é um presente de Kar. — Miryos abriu o livro de encantamentos e começou a aplicar runas nas perneiras. Demarcava um ponto após o outro, conduzindo a mana através do material. — Não preciso dizer como os homens a usam, não? São poucos os que não a usam para matar. — Miryos disse e sua frase foi melancólica, pois sabia que entre estes poucos ele não podia se considerar. A magia para si por muito tempo foi uma ferramenta, tal como era agora, para tornar as armas mais perigosas e nunca o oposto.

    Realizou os encantamentos para a magia espacial. Precisava de concentração e assim que os terminou e fechou o livro, ouviu a voz de Throin.

    — Há algum encantamento que possa tornar minha perna boa novamente, senhor Miryos?

    A frase doeu. Como um golpe de lâmina que uma armadura não era capaz de conter. O imortal apenas olhou para o jovem e balançou a cabeça negativamente. Toda aquela situação ampliava mais a sensação de Miryos de que estava distante do Criador. Mesmo de Doim, em uma forja, não podia se considerar próximo a ele. Seus encantamentos podiam servir para conjurar armaduras em pleno ar, mas nada podiam fazer para devolver a um jovem sua perna saudável.

    — Infelizmente, Thorin, há menos livros sobre cura do que há sobre armas. — O imortal falou, sabendo que Hokar, em um certo ponto, já havia vencido aquela disputa.

    Considere:


    [/quote]
    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Derramando Sangue Inocente

    Constantemente manchava as mãos de sangue. Tratando queimaduras, por vezes, lidava com a carne viva dos doentes enquanto tentava de alguma forma impedir que a perda de líquido pela pele acabasse por matar a pessoa desidratada. Restaurar a vitalidade dela aos poucos era a única opção, além de trocar os curativos três vezes ao dia. Havia os casos daqueles que tinham feridas supuradas, oriundas da contaminação com os animais do campo. Em alguns casos, era necessário remover a pele necrosada para evitar que a infecção se espalhasse. Por vezes, os bálsamos não eram suficientes e por muitas outras vezes, as raízes de mandrágora pouco podiam fazer para aliviar a dor.

    Naqueles tempos, derramou tanto sangue de inocentes quanto seria possível para salvar-lhes a vida. Miryos mesmo assim, percebia que o sangue que derramava era muito pouco comparado àqueles que mandavam os feridos para ele ou àqueles que caíam devido as doenças que contraíam devido ao saneamento ruim de Dawhan.

    Para cada gota de sangue que salvava, litros mais eram perdidos. Era como se lutasse, com as mãos nuas, contra a própria Morte e sua foice afiada. A batalha era árdua e Miryos não entendia o motivo de ela ser tão recorrente. A vida dos homens mais parecia com grãos de areia soprados em uma duna. Não resistiam nada mais do que um pouco, o mínimo que precisavam para se reproduzir e então eram perdidas para o fim.

    O fim implacável. Sempre chegava.

    Miryos sabia que o fim de sua jornada ali em Havadriel se aproximava do fim e por isso começou a forjar o último pedaço da armadura que lhe faltava. As ombreiras que seriam necessárias para conectar o peitoral as braçadeiras. Separou novamente o metal e observou o jovem Thorin, agora já com a perna em melhor estado, mas ainda mancando, se aproximar.

    — O senhor passa cada vez menos tempo em sua forja, senhor Miryos... algo mudou? — A voz de Thorin agora era um pouco menos esgarçada que antes. Tinha um pouco mais da robustez necessária para a sua idade.

    — Meu período aqui se aproxima do fim. Estou quase terminando meu trabalho. — Miryos disse e então o som dos lingotes caindo na caldeira que seria aquecida na fornalha ressoaram pela forja.

    — Deseja partir de Havadriel, senhor...? — Falou, sempre hesitante, como se alguma coisa o fizesse temer. Não era de se espantar, o rapaz havia passado por um trauma terrível durante o ataque que sofreu.

    — Não é sobre o que eu desejo. Preciso. — Miryos disse, sentindo o calor da fornalha aumentar. Ele sabia que aquele calor era como a escuridão e a tormenta de seu coração. Crescia, com os pensamentos que ele não conseguia conciliar ou racionalizar. Seu maior medo era aquele fantasma escuro na borda de sua mente.

    A loucura que ameaçava de tomá-lo.

    Era assim que um imortal se corrompia.

    — O que precisa fazer que não pode ser feito aqui? Esta cidade é tão grande, pode-se viver mais de uma vida aqui. — Novamente, as perguntas saíam da mente simples de Thorin e tinham sempre seu grau de introspecção.

    — Receio que nem todos os assuntos esperem uma vida. — Miryos respondeu.

    A fornalha por sua vez, já bastante aquecida, agora começava o lento processo de derreter o minério, criando aquela massa prateada e brilhante. Era sempre uma visão muito boa, mas Miryos ainda a associava a algo profundo e obscuro no interior de sua própria mente.

    Para se distrair, conversou com Thorin sobre o que havia ainda na cidade. Falaram sobre um comerciante que afirmava vir do Oeste e que relatava sobre os grandes feitos militares iniciais do duque Kron Krieger. Aparentemente, a batalha contra as cidades estados logo após fronteira se mostrara extremamente difícil, mas o duque havia manifestado uma imensa habilidade em conjunto com os magos que possuía. Era fato que o exército avançaria incólume rumo a conquista de todo o lugar, mas o comerciante também falava sobre o exorbitante preço que todas as coisas ficavam quando o exército se aproximavam.

    Um fato que Miryos entendia. Embora ele achasse o Vat'ra, o aço temperado e outras materiais primas mais fáceis de se forjar estavam escassas em Havadriel, pois eram rapidamente compradas pela coroa dawhaniana e enviada para seu exército em forma de novas armas. Uma guerra era um esforço absurdo e difícil de se controlar. Mesmo assim, muitos dos dawhanianos se orgulhavam do avanço de seu exército e achavam que sua causa era realmente necessária.

    Era a terra que a eles pertencia por direito.

    Miryos deixou o metal se verter sobre o molde, ouvindo algumas perguntas de Thorin.

    — Há poucas coisas que posso fazer desse jeito, senhor Miryos. Não posso mais trabalhar no campo e nem mesmo lutar junto ao exército. — O rapaz se queixava, agora era um homem manco e isso o renderia uma porção de preconceito para qualquer coisa que tentasse fazer daquele momento em diante.

    — Não há um único trabalho nesse mundo que não exija as pernas para se fazer? — Miryos tentou sorrir animado, mas sabia que a situação do rapaz era difícil. Preparou o metal por sobre a bancada, enquanto pensava que solução poderia haver para o jovem Thorin e sua vida que lhe havia sido retirada.

    Os moldes das ombreiras foram ajustados e rapidamente Miryos demonstrou sua perícia já obtida com aquele metal. Bateu diversas vezes nele, usando seu martelo, de um lado a outro, deixando-o mais uniforme possível. Conversas como aquela que podia ter com Thorin não lhe eram desagradáveis, pois não lhe roubavam o tempo de verdade. Podia pensar um pouco em como ajudar alguém e sempre que o conseguia fazer sem o uso de uma arma se sentia mais distante do abismo. No mais, o que podia fazer era ganhar tempo na disputa contra si mesmo. Tempo até que pudesse voltar a caminhar.

    Desenhou em seguida os detalhes das ombreiras, deixando-as anguladas de maneira que protegessem completamente seus ombros, mas fez nelas alguns sulcos bem desenhados, atrelados a mais metal, que fez parecer com que as ombreiras fossem cabeças de lobos projetadas para cada um dos lados. Tinha uma delas mais escuras, de olhos brancos, outra mais clara de olhos vermelhos. No centro, a sua seria completada com o elmo, para lembrar que ele tinha a cada lado de si o auxílio dos deuses do oculto e do inverno.

    A própria noite era sua conselheira.

    Por fim, coube a ele realizar os encantamentos. Marcou próximo as beiradas do metal algumas runas trakaras, assim como deixou nelas também uma marca élfica conforme o que havia aprendido com Eladrin e outros elfos perspicazes em seu período em Ellendil. Era fato que muito do que sabia era por compartilhar com outros, mesmo assim, o conhecimento lhe parecia sempre convergir em uma ferramenta para gerar uma arma. Era a forma como podia encontrar praticidade em tudo aquilo.

    Ignorava Miryos a natureza do que ele realizara em De'travel. Cheio daquele sentimento de angústia e de pensamentos raivosos, não enxergava a diferença que havia feito nas vidas de Thorin e muitos outros que cruzaram seu caminho. Deu-lhes esperança sobre os deuses, ensinou-os as histórias que aprendera aos pés dos mais elevados sacerdotes imortais e compartilhou com eles, mesmo sem saber, a certeza de uma vida futura que transcendia a própria morte.

    Quando o encantamento de magia espacial havia sido feito, testou algumas vezes, até achar a porção correta de mana e sorriu.

    Thorin o observava e parecia melancólico. Miryos se aproximou dele, com seus dedos chamuscados tocou o ombro do rapaz.

    — Um médico, Thorin. Um médico não precisa das duas pernas boas para trabalhar. — Miryos disse com um sorriso. — Aquilo que eu sei, eu vou te ensinar.

    Cada ensinamento que devolvia, ele não via, mas seu abismo, ficava mais longe. No fim de tudo isso, o sangue de todos os inocentes que derramara em Havadriel multiplicaria a bondade em muitas vezes mais. O sangue não podia ser eliminado com facilidade. Por vezes, a bondade também não.


    Considere:


    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Preparativos


    Era havia chegado.

    Escuridão havia coberto toda a terra, como um grande manto opaco que havia retirado de muitos o brilho do sol. A neve caíra ao longo de todo o mês anterior, o mês de Lya fora frio como poucos antes e uma massa de neve se acumulara por toda a cidade. As pessoas estavam isoladas, presas em suas casas, enquanto ouviam os sons das criaturas ferozes e dos espíritos famintos que viajavam de porta em porta, procurando alguma que estivesse aberta para entrar.

    A noite era constante, o véu entre as dimensões estava mais fraco. Não havia vento ou som qualquer por toda a cidade. A agitada Havadriel estava em silêncio.

    Com exceção de uma casa. Esta mais afastada, emitia brilho de suas janelas e era onde habitava aquele que chegara de viagem não muito tempo antes. A casa do médico, do homem que trouxera vida a Havadriel e que fizera justiça para Lutra De'travel. Muitos tinham o que agradecer a ele, mas as crianças apenas olhavam os flashes de luz das cortinas de suas casas, com muito medo de olhar por tempo demais e ver alguma criatura assustadora na rua.

    "Senhor do Inverno. Assim como são infalíveis as estações, rogo que também não me esqueça".

    Os dedos de Miryos estavam cheios do pó mágico. A pele de suas mãos ressecara, seu coração enegrecido batia veloz, enquanto pendurado na forja mágica, ele batalhava com a própria fé. Sentia falta de sua casa, sentia falta do propósito pelo qual vivera por tanto tempo. Não entendia porque tudo aquilo teve de perder o sentido e porque teve que presenciar tanto sangue perdido em vão.

    "Senhor Kan... Sou um pobre e miserável imortal. Não me deixe sozinho neste momento terrível. "

    Diante de Miryos, alguns pedaços de metal arcano e jóias, com núcleos mágicos que ele tentava modelar, mas que devido a carga mágica que depositava neles, rompiam-se em vários pedaços. A frustração constante e o profundo sentimento de que algo o estava quebrando mantinha seus olhos fixos no que tentava produzir. Estava tão distante de seu lar, quase como se não mais possuísse um. Todos os dias lembrava de sua família, dos grandes campos não-arados do Vale e dos rostos que ele viu ao longo de toda a sua juventude. Cada um dos espíritos que lá havia tomado morada e prestado suas espadas para servir ao Criador.

    A todos, ele traiu.

    "Senhor da Lua. Dá-me a tua visão sobre a noite. A única luz a quem é permitida conviver com a escuridão."

    Se o minério arcano precisava ser modelado pela mana, assim Miryos o fez. A ponta de seus dedos cheias da energia modelando a forma, deslizando as unhas sobre o metal brilhante. Por vezes, a mana falhava devido a perturbação profunda do  coração do imortal. Ali, passava por um conjunto de pensamentos que parecia ciclíco em sua mente. Por um momento, esquecera de sua própria condição de imortal. Por um momento, nem mesmo o suprimir das emoções podiam deixar do lado de fora de sua mente a visão das muitas almas que condenou. Em cada uma das falhas na modelagem, o metal entrava nos dedos, ferindo-o sob as unhas e fazendo seu sangue escorrer pelo amuleto.

    O ambiente escuro ao redor era pautado por um silêncio mortal e entrecortado pelo uivar perigoso das criaturas da noite. Os lamentos de um imortal em agonia, sabendo que estava próximo de si a loucura, tornavam aquela casa em um antro assombrado. Os olhos do imortal pareciam paranóicos, olhando para os lados, esperando ver alguma figura abrir as janelas ou atravessar as portas. As ferramentas de sua forja eram manipuladas com uma perícia incrível, mas não que ele pensasse em cada ato que fazia.

    "Senhor do Frio. Lembra-me do teu abraço. Ensina-me a viver sozinho."

    Viver deixando de lado a família. Viver deixando de lado o propósito.

    Tudo que Miryos mais queria era não ter que existir.

    Pegou uma opala azulada e viu seu brilho cristalino ser maculado pelo sangue escuro da ponta de seus dedos. Olhou através dela, enxergando além da estrutura cristalina. As joias distorcem tudo, refratam a luz, assim como refratam a mana. São os núcleos perfeitos para atrelar uma quantidade grande de energia, pois é essa distorção que mantem a mana sob controle. Miryos atrelou então a jóia junto ao minério arcano.

    A formação foi por fim completada com algumas pitadas de pó mágico, usado para o acabamento, construindo a ligação entre a joia e o minério arcano. A pequena opala foi acesa com o poder de uma magia de frio de Miryos e banhada com mana por completo. A imortalis de Miryos envolveu com uma luminosidade clara. Os olhos do imortal vidrados fitando a transformação do artefato, enquanto um uivo se ouvia do lado de fora.

    "Kan, Guardião dos Portões do Haarin. O frio que a morada dos deuses defende concede a mim para me defender dos meus inimigos!"

    Entoou em alta voz e o frio começou a se espalhar pelos arredores. Como se uma janela tivesse sido aberta, o artefato começou a liberar o frio, esfriando seu metal de maneira veloz e condensando o ar em uma névoa densa. Rapidamente, o imortal concentrou ainda mais a energia que tinha, transformando aquela massa em um artefato. A condensação de energia havia sido delicada e para completar o visual do artefato, Miryos utilizou de seus dedos para modelar a imagem de um lobo nele, servindo como um lembrete eterno do fato de que Kan era aquele quem o observava nos tempos invernais.

    Sua estadia em Havadriel havia sido longa e visto que durara por tanto tempo, Miryos sabia que precisava começar a pensar no que fazer a seguir. Todo aquele sangue que derramara, não parecia ser capaz de limpo. Mesmo quando terminou o octaedro, quando deu a ele o símbolo que desejava, notou que havia ainda algo que faltava. A neve e o frio de Era nunca vinham sozinhos, mas eram acompanhados por Kar e sua escuridão.


    Havia algo mais a fazer. Uma escuridão a mais para ser criada.


    Considere:


    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Miryos Materazzi
    Guardião
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente RHTlDrR
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente CWxqqDv
    Assim eu ouvi.
    Preparativos


    Então venho a noite. No mês de Era, não havia nenhum comparativo maior do que a escuridão completa. Uma penumbra que nulifica as estrelas, que enche as ruas de sombras que se alongam como tentáculos espalhados por todos os lados. Embrenhando-se em meio a neve, o escuro tomava conta como um devorador implacável e tornando em invisível todas as coisas comuns e tornando visíveis aquelas que são incomuns e aterrorizantes. Durante a noite, no mês de Era não ventava, nem mesmo se fazia cair neve em grandes quantidades como era o comum no restante do inverno. Naquele mês, um silêncio tomava conta de tudo, acelerando todos os processos de deterioração e fazendo com que todas as dimensões parecessem tão finas separadas umas das outras que era possível sentir a energia estática e mágica ao redor.

    Na Casa do Antigo, ligeiramente isolado do restante da cidade de Havadriel, em um lugar recoberto de neve, como uma ilha em meio a um oceano branco, estava o imortal Miryos Materazzi em um dos pontos de sua peregrinação. Mais um dos passos, mais um dos estágios em que pararia. As paredes úmidas de madeira recoberta por neve, com a calefação comum de água quente que percorria pelo interior da casa nada mais era do que um local isolado e assombrado.

    Em seu interior, o imortal de joelhos, caído e recostado ao lado de uma larga bancada, tinha seus dedos recobertos por uma fina e pegajosa camada de sangue seco. Olhava para o minério arcano em suas mãos, enquanto a mana o circulava. Tinha algumas pinças revestidas com metal mágico que serviam para criar as inscrições no metal, repuxar pequenas partes e criar nele a orientação mágica que precisava.

    Descarregava naquele artefato sua energia. Energia escura que cobria sua centelha.

    "Senhor dos Mistérios, revela-me a verdade da criação."

    Tão imerso estava o imortal, criava naquela pequena massa de minério arcano mais do que uma parte de si mesmo. Lembrava-se do passado, de estar perdido na neve, de olhar para o frio destruidor ao seu redor e enxergar o lobo negro. Sabia que aquele que era o Senhor dos Mistérios se revelava das maneiras mais estranhas e que na escuridão de um pensamento podia se fazer presente. Uma mente fria para com o mundo e escura pelo caminho de ruína a qual seguia, mesmo ali, no âmago de Miryos, Kar se fazia presente.

    "Senhor do Escuro, a ti servem as sombras da minha alma"

    Assim, o era, pois mesmo na energização de mana, raspando o material com o sangue que lhe escorria por sob as unhas, Miryos encontrava alguma direção. Nos olhos vidrados e faíscantes do imortal, a mana reluzia brilhante e orgulhosa. Era o fundo de sua própria essência que ele moldava. Tornava-se muito diferente do que era originalmente. Tal qual o artefato, moldava-se a imagem do lobo na escuridão.

    Energizou o metal e então, atrelou a ele uma jóia. A gema era uma pedra de obsidiana perfeitamente circular, tão perfeita que fazia a luz da mana curvar-se por sua superfície. Transformada, aquela pedra escura feita da fúria de um vulcão era escura apesar de sua origem. Nascido da ira, Miryos Materazzi agora notava-se transformar-se como uma obsidiana em um material escuro e solitário. Cada parte de si era concentrada naqueles poucos pontos. Cada parte de sua alma recebia por benção o poder de Kar e de suas sombras.

    A capacidade de criar novas sombras, esvaziou aquela jóia de toda a energia, repuxando a mana corrosiva de dentro dela. Fez então a mana fluir por ela de novo. De novo e de novo. Tantas vezes, que a mana pura e concentrada começava a queimar seus dedos desprotegidos e já feridos. Queimaduras como as da lava de um vulcão. Raiva para molda um artefato e transformar uma jóia em um núcleo mágico. Ali, ele criou uma enorme capacidade de reserva de mana. Reserva de energia que seria alimentada por sua própria centelha.

    "Senhor da Noite, dá-me proteção para andar no meio da escuridão"

    Assim, convocava a essência de Kar em sua centelha e a conectava aquele minério que forjava. Colocou no interior do minério a gema cheia de mana e de energia e sentiu como ela se aderiu de maneira violenta ao minério. Tal qual um imã, atraída pelo fluxo, brilhou intensa quando o imortal finalmente a reuniu. Controlou, transformou então o minério para lhe dar forma ao redor daquela criação. Mana e poder para fazer e transformar até mesmo aquele rígido núcleo em um reservatório de escuridão.

    Sob o manto da noite, criaturas vagavam os arredores da casa. Não havia vento, mas espíritos que rondavam e faziam de sua movimentação o fluir das energias. Espalhavam aquela energia por todo o lugar, como quem deixava para trás um rastro. Tudo ao redor estava imerso na escuridão de Era e mesmo no interior do coração de Miryos, ainda havia dúvidas sobre a criação.


    "Kar, Guardião dos Portões do Haarin. A escuridão que a morada dos deuses defende concede a mim para me defender dos meus inimigos!"

    Então, começou o processo de finalização. O pó mágico ia sendo adsorvido a superfície para garantir uma conexão entre a jóia e o minério arcano, realizando uma contenção maior entre os elementos. Era complicado fazer acontecer aquilo que desejava. A mana era corrosiva e Miryos se esforçava para concentrar mana em um único local. Concentrando nela uma energia que pudesse ao mesmo tempo que armazenar mana, também criar algum tipo efeito ao redor, dobrando a luminosidade ao redor. Ao redor de criar um artefato capaz de concentrar o poder, Miryos viu quando a imagem do lobo foi formada.

    Tomou em mãos um cordão e atrelou por um fecho resistente, para que fosse capaz de conectá-lo ao pescoço. Em seguida, tomou nas mãos o outro lado do artefato, vendo como sua criação se conectava em dois pontos. Tinha agora diante de si uma parte de Kan e Kar, um amuleto para lembrá-lo dos deuses do oculto e do frio.

    Tal qual o mês de Era é o fim de um ano. Escuridão e frio para que pudesse encontrar o próprio fim.



    Considere:



    Miryos Materazzi
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Guilbor Sculduras
    Forjador Racial
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 100x100
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 550x160
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 100x100
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 550x160
    Miryos

    O resultado de sua Forja Mágica de Artefato foi:

    • Coerência e Dinâmica (25/25):

    • Desempenho da Perícia (15/15):

    • Estrutura e Digitação (25/25):

    • Enredo e Criatividade (35/35):

    ----------------------------------------------------------

    Postagem Avaliada: ESTE AQUI
    ----------------------------------------------------------

    Saudações.

    Hummmm... sim sim.

    Amplexos.


    RESULTADO

    Octaedro de Badri (esquerdo) foi APROVADO.

    Dúvidas ou reclamações? Favor, enviar mp a Natureza.
    Atenciosamente, Biscoitoso.

    Guilbor Sculduras
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t4472-p-a-guilbor-sculduras
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Guilbor Sculduras
    Forjador Racial
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 100x100
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 550x160
    [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 100x100
    Imagem grande : [RP Fechada] Derramando Sangue Inocente 550x160
    Miryos

    O resultado de sua Forja Mágica de Artefato foi:

    • Coerência e Dinâmica (25/25):

    • Desempenho da Perícia (15/15):

    • Estrutura e Digitação (25/25):

    • Enredo e Criatividade (35/35):

    ----------------------------------------------------------
    Postagem Avaliada: ESTE AQUI
    ----------------------------------------------------------

    Saudações.

    Hummmm... sim sim.

    Amplexos.


    RESULTADO

    Octaedro de Badri (direito) foi APROVADO.

    Dúvidas ou reclamações? Favor, enviar mp a Natureza.
    Atenciosamente, Biscoitoso.

    Guilbor Sculduras
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t4472-p-a-guilbor-sculduras
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Conteúdo patrocinado
    Não podes responder a tópicos