Estar em um arquipélago como Drakir fez com que a elfa despertasse um interesse maior pelo mar. Ora, conhecer até mesmo a Siniy, uma moradora do próprio oceano, a fez admirar ainda mais o reino de Uno. Talvez as histórias que escutava dos pescadores sobre um monstro gigantesco como o Kraken, e como eles navegavam para evitá-lo, também tivesse acentuado a curiosidade dela.

Então não era uma surpresa que ela tivesse pegado o seu cavalo Zero Dois, vestido seu manto com um bom capuz e repousado uma máscara sobre seu rosto, para seguir até a universidade. Durante o caminho, evitou as estradas mais movimentadas, ao mesmo tempo em que sustentava uma velocidade não tão lenta. Estavam se aproximando de Era, um mês conhecido pela mudança não apenas no clima, mas que também afetava até mesmo o comportamento das bestas.

A universidade ficava na zona periférica tendo como o ponto de referência o centro comercial de Suterafoto. Isso permitiu que Nyx em sua empreitada observasse os moradores locais, sorrindo brevemente pela conquista de Hikari Yami em permitir tanta diversidade em um mundo cheio de preconceitos. Já era uma surpresa que uma mulher submundana tivesse obtido tanto poder político e econômico, o que fazia com que a cria de Etherea sentisse respeito pela nobre draconata.

Por isso, adentrar nos terrenos de sabedoria e conhecimento não chamou tanta a atenção quanto o teria feito caso fosse em locais como Dawhan ou Krun. No entanto, mesmo assim, Nyx buscou ser furtiva e discreta em seus passos, apenas mais um dos curiosos ou estudiosos que ali se aglomeravam. Em seu caminho, escutou debates não tão sussurrados, pesquisadores debatendo sobre a doença que se espalhava pelo arquipélago. Aquilo a preocupava, mas sabia que sua batalha estava em algo tão mortal quanto. Por isso caminhou diretamente para a região indicada pelo bibliotecário, não tardando a encontrar as estantes referente a navegação.

Selecionando alguns livros com o básico sobre o assunto, Nyx buscou um local discreto para poder estudar. Acomodou-se, olhou para os lados e abaixou o capuz, mas manteve a máscara no rosto. O primeiro livro que capturou para iniciar sua leitura era velho, degastado pelo uso constante, o que não a surpreendia porque era o que basicamente abordava navegação para iniciantes. E como todo bom livro introdutório, ele iniciou explicando o que seria navegação: o deslocamento de um ponto de partida para um ponto de destino. Quem percorria esse trajeto era, portanto, um navegador. Para realizar essa jornada, um navegador precisava definir a posição em que estão e o melhor trajeto para percorrer até o destino final.

Para um navegador marítimo, as ferramentas mais importantes viriam a ser sua bússola, um mapa e um cronômetro. Principalmente para viagens longe da costa, pois passariam a usar o método de navegação estimada. Nyx abaixou um pouco o livro, franzindo o cenho enquanto imaginava uma situação em que poderia aplicar aquilo. Era a sua forma de aprender os conteúdos que exigiam menos ações e explosões: ela utilizava da criatividade para projetar como seria por em prática o que estava lendo.

Em sua mente, então, começou a se imaginar em um navio pirata. Usava até mesmo um tapa-olho e tinha marujos cantando na parte baixa do navio. Na mesa a sua frente estaria o mapa a levando para locais misteriosos. Ao seu lado, estaria livros com anotações de cartas náuticas, pois segundo tinha lido, elas eram fundamentais para os navegadores terem noção de profundidade e locais com corais.

Deixou que sua mente se tornasse ainda mais detalhista. A proa, como era chamada a parte da frente de uma embarcação, teria uma bela estátua de uma dama segurando uma espada. Já a popa, a parte traseira, possuiria mais espaço. E quanto mais ela lia sobre os termos e partes de um navio, mais a mente da jovem elfa criava enredos. Via-se praticamente gritando para seus marujos para virar para “estibordo”, indicando que o navio deveria ir para a direita. Ao final ainda riu de si mesma, ao ter gravado na imaginação uma imagem de si mesma sobre o alto de um dos mastros, com uma luneta em mãos em busca de ilhas perdidas e secretas.

Balançando a cabeça, Nyx fechou o livro e buscou o segundo. Este era ainda mais específico sobre os navios, explicando sobre os tipos de navio e suas funcionalidades. Leu sobre os cargueiros, as caravelas, os navios pesqueiros e sobre as vantagens de pequenas embarcações a depender de seu propósito. No terceiro e último livro, surpreendeu-se com um de seus assuntos favoritos: astronomia. Era muito comum um navegador conseguir guiar-se pelas estrelas, quando não possuía nenhum instrumento ou simplesmente por preferir daquela maneira.

Ao terminar suas leituras, a elfa esticou o braço para o alto para espreguiçar e trabalhar a musculatura, que a muito tempo não ficava parada por longos períodos. Organizando brevemente a bagunça que tinha feito, Nyx colocou novamente o capuz e saiu da biblioteca da universidade de Xuridra.

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