• Azor Hokar, o deus da destruição, o senhor da consumação, retornou. Reencarnado no mês de Era, em 329, no Império Corrompido de Aronian. Enquanto o continente dos heróis, Samaria, está mergulhado em guerras e conflitos territoriais e políticos, Hokar reúne suas forças para trazer por fim sua vingança sobre toda a Criação – E por sua trágica derrota na Era dos Deuses.

    Enquanto isso, Mahoro Trakarhin, o rei dos imortais e guardião do Criador, prepara os reis e tenta apaziguar as guerras de Samaria para que possam olhar para o verdadeiro perigo que reside ao norte, no Império Aroniano.

    Não se renda ao temor que Azor Hokar representa e todo o mal que ele ameaça trazer. Una forças com o lado que melhor te convier e participe dessa aventura épica!
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    As Crônicas de Samaria :: Clã Yami :: Casa do Lyr e Urie

    Elena Kravchenko
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    Sleight of Hand
    You've got to pick up every stitch
    — Mês/Ano: 329 E.R - Ryo.
    — Pessoas envolvidas: Elena, Azu e Nyx
    — Localidade: Drakir, Xuridra: Residência de Urie e Lyr
    — Descrição: A submundana aproveitava a tarde tranquila no jardim com alguns livros mágicos e uma doninha agitada. O cheiro de chá e o bichano atraem a atenção de duas mulheres que passam por ali, ocasionando em um encontro um tanto mágico e amigável.
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    Elena Kravchenko
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    Assim que o acordo silencioso foi firmado entre os donos falecidos e a ladina despretensiosa, Elena aproveitou os dias de tranquilidade e repouso para cuidar da bela residência e de sua nova chefe, uma doninha branquela e brincalhona que parecia gostar de sua companhia. Os cômodos foram exaustivamente limpos pelas suas mãos ágeis, livrando-se de todo resquício de poeira e podridão que antes dominava cada centímetro do local. Os vasos ganhavam flores vivas e cheirosas, as janelas permaneciam abertas para refrescar o ar e a cozinha era dominada pelo aroma de ervas medicinais recém colhidas e lavadas. Tudo devidamente organizado e em seu lugar para poder tirar longos cochilos preguiçosos sem sentir-se como uma completa intrusa. Afinal, acabou conhecendo e cuidando do último remanescente que encontrou no local, abdicando o seu tempo livre para lhe dar um enterro apropriado e digno. Além de todos os afazeres domésticos que se propôs a fazer pelo bem estar de seu espírito, conseguiu organizar toda a centena de livros que infestavam o quarto principal. Neste processo acabou um tanto interessada pelos seus escritos, todos sobre magias, cura, sobre morte e ressurreição. Ao folheá-los acabou selecionando os que despertaram maior curiosidade, levando uma pilha até o jardim para que pudesse desfrutar o clima agradável daquele dia.

    Antes de se acomodar para iniciar qualquer leitura, a submundana fez o uso de algumas ervas doces que recolheu no próprio jardim para jogá-las sobre uma chaleira de ferro, esquentando-a numa pequenina fogueira ao ar livre. O aroma facilmente inundava a brisa que passava pelo local, não tão forte para enfraquecer as chamas que trabalhavam para ferver a água. Sentando-se sobre o deque de madeira, onde jogou algumas almofadas para se acomodar, pegou o primeiro livro que estava sobre a pilha ao seu lado. - Hum… Della Bell… - Leu em voz alta o nome da autora, gravado em letras brilhantes sobre a capa dura azulada. Tranquilamente o abriu e passou a ler as primeiras páginas, os olhos violetas dando de encontro com o breve relato das aventuras da maga e suas viagens pelo mundo.

    Era mais interessante do que esperava. Por isso passou a focar toda a sua atenção no material didático que lhe era apresentado. A maneira como o mago deveria acumular mana nas palmas de sua mãos era preciosamente relevado, habilidade capaz de estancar e esterilizar desde cortes superficiais até ferimentos mais graves. Mais lentamente era possível remendar ossos fraturados ou lesionados, sendo que em um grau de dificuldade maior e com mais experiência com o manejo de mana, permitia que tratasse o osso danificado e ao mesmo tempo estancasse a ferida. Que grimório útil era aquele, não é mesmo? Lembrou-se das várias vezes que se encrencou em seu ofício criminal e que precisou se virar da maneira mais rústica e prática que suas habilidades permitiam. Salva às vezes por uma curandeira de um vilarejo próximo de Dawhan, que sempre a acolhia com os sermões mais rígidos de como deveria ser mais cuidadosa e menos teimosa. A lembrança a fez rir no meio de seus estudos. A curandeira sempre esteve certa.

    Sequer notou que a doninha branquela brincava numa energia sem fim no jardim à sua frente, perseguindo alguns insetos voadores e folhas secas que percorriam o chão. A bichana logo percebeu a aproximação de duas mulheres pelo caminho que se estendia pela lateral da residência, correndo na direção da dupla impedindo que continuassem seu percurso sem tropeçar no animal. Ouviu o soar característico e agudo da criatura, fazendo com que Elena abaixasse o livro e erguesse o olhar na direção do som. Quem eram? Não pareciam ser ameaçadoras, mas tal julgamento era inválido de se fazer já que ela mesma tinha a cara de um ser angelical. De angelical tinha nada. Tomada pelo bom humor e o dia descompromissado, a ladina ergueu-se e foi até as duas. As avaliava dos pés à cabeça, com o livro firme em uma mão e a outra sobre a bainha de sua katana. Doninha estava bem agitada e feliz, provavelmente porque passou muitos dias sozinhas naquele lugar. - Ah, perdoe a Doninha. Ela é um pouco hiperativa. - Riu em baixo tom e abriu um sorriso carismático nas extremidades de seus lábios. Tinha que parecer o menos suspeita o possível… Já que a residência não era sua. Com o aroma do chá inundando o ar, decidiu se apresentar de uma forma mais convidativa, largando a bainha de sua katana tranquilamente. - Hum… Acabei de fazer um chá, querem me fazer companhia? - Perguntou sem querer passar nenhuma impressão antipática, coisa que jamais era de seu feitio sem motivo algum. Um pouco de companhia não faria mal a ninguém… Mesmo que de duas desconhecidas. Os dias isolada no local denunciavam um pouco de sua necessidade de socialização, por mais amigável fosse a criaturinha que a acompanhava. - Não vou morder. Mas se deixarem, ela vai. - Brincou, dando meia volta e retornando ao jardim, deixando o livro sobre o chão de madeira e inclinando-se na direção da chaleira.

    avaliador:

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    Elena Kravchenko

    O resultado do seu treino de magia e oculto foi:

    • Coerência e Dinâmica (25/25):
    • Desempenho da Perícia (15/15):
    • Estrutura e Digitação (25/25):
    • Enredo e Criatividade (35/35):


    XP FINAL: 100xp x2 x2 = 400xp



    RESULTADO
    +400xp em magia e oculto

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    É pau é varinha é magia

    Fadas e elfos eram criaturas de extrema conexão com a natureza, mesmo que de vertentes ligeiramente diferentes. Não era incomum para Nyx ir para o lado de fora do Coven e criar um pequeno ambiente de treino. Odiava a sensação de estar presa a um mesmo local, precisando construir uma falsa noção de que estava se movendo. Mesmo que fosse apenas para o lado de fora para usar um dos bonecos de treino como alvo. Dessa vez, todavia, a elfa não se encontrava sozinha. Azu, como gostava de chamar a fada das trevas, a tinha acompanhado para o treino informal no lado externo do coven. E agora era a única testemunha dos resmungos da elfa.

    Eu juro para você, as vezes é mais complicado parar de atirar com o arco e utilizar a varinha. — Nyx comentou enquanto girava o artigo mágico entre os dedos, observando como era belo, porém ainda assim não era uma de suas armas favoritas. — Então por muitas vezes eu simplesmente esqueço que posso fazer mais do que apenas atirar flechas.

    Algo que ela não poderia deixar de considerar. Não depois de tudo o que tinha testemunhado e participado desde que chegou em Xuridra. Batalhas em quarteis de bandido, sendo todos – incluindo o coven – transformados em algum tipo de comida ou sobremesa. Idas a taverna, que geravam brigas ao ponto de um monge acalmar o ânimo de todos. E, o mais recente e aterrorizador, o encontro com inquisidores. Um em que teve seus companheiros machucados, demasiadamente perto de uma catástrofe ocorrer para o gosto de Nyx.

    Pensar na última batalha a fez segurar a varinha em sua mão com determinação. Em um movimento circular com o pulso e um ato de “jogar” a energia através do corpo da arma mágica, Nyx lançou um lampejo no boneco de treino. O disparo mágico atingiu em cheio o peito da vítima, provocando uma sutil vibração em todo o corpo da varinha. Em outro giro do pulso, um segundo lampejo foi emitido e dessa vez beijando o rosto de pobre boneco. Estava jogando a frustração naquele treino com varinha, tendo ignorado aquilo por tempo demais.

    Varinhas ajudavam a canalizar a magia, permitindo que fosse lançada mais “facilmente” já que possuíam a intrigante habilidade de diminuir o tempo de conjuração das magias mais complexas. Além de terem o “lampejo”, um feitiço de disparo que era muito útil para provocar pequenos danos ou, mais comumente, cegar o inimigo.

    Eu acho que vamos...

    Talvez tivesse sido a percepção apurada da elfa, ou um golpe do destino, quando ela viu uma pequena criatura passando entre arbustos carregando algo inusitado. Franzindo o cenho, Nyx finalmente distinguiu o que poderia ser o item que a doninha segurava.

    É a roupa íntima de alguém?! Eu juro pelos deuses!

    Sem saber se ria ou se continuava resmungando, Nyx guardou a varinha no coldre em sua cintura, olhando para Azu por um breve momento com aquela expressão de quem estava segurando com todas as forças não gargalhar. Quando a criatura começou a se mexer, afastando-se cada vez mais, a elfa deu de ombros e começou a segui-la, imaginando todas as provocações que iria fazer quando retornasse ao coven para relatar o que estava acontecendo. Ao seguir a doninha pela floresta, encontrou um pequeno caminho, distraída demais com a situação cômica para se preocupar com o que Kryos iria dizer caso descobrissem. A pequena criatura albina seguiu se divertindo e conduzindo a dupla de bruxas até uma residência.

    Uma mulher se aproximou, fazendo a elfa paralisar seus movimentos e maldizer a sua decisão de deixar para trás o arco. A postura relaxada da morena, no entanto, a fez ficar menos em alerta do que deveria. Não deixou de repousar a mão sobre o coldre, olhando atentamente para a desconhecida, tendo noção de que eram as bruxas quem estavam invadindo o lugar. Estava pronta para negar o pedido, mesmo que o aroma de chá a lembrasse dos finais de tarde em Etherea.

    Trocou olhares com Azu uma vez mais, dando tempo para que a desconhecida fizesse sua simpática proposta. Talvez não devessem segui-la. Talvez fosse uma armadilha. Talvez estivessem sendo convidadas por um poderoso inimigo. Ou, quem sabe, fosse apenas uma mulher com um grimório na mão e estivesse desejando apenas uma companhia para o chá da tarde.

    Ao menos o chá está com uma ótima fragrância. Estou curiosa, você não? — Murmurou para Azu antes de começar a seguir a misteriosa mulher. — Hum... Perdoe a intromissão, a doninha estava com algo nosso, nada que uma de nós duas vá dar falta. — Porém, certamente um dos garotos iriam. O que a quase fez rir novamente, mas ela segurou a tempo. — Qual grimório está lendo?

    Propositalmente Nyx não tinha se apresentado, ou dito de onde vinha. Eram informações que estava aprendendo a segurar, pelo bem não só de si. Mas era o máximo que conseguia fazer para poder ser discreta como Kryos tinha ordenado.


    Info:
    "I don't know how to talk to you I just know I found myself getting lost with you Lately you just make me work too hard for you Got me on flights overseas, and I still can't get across to you"

     BE BRAVE, NOT STUPID 


    Nyx
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    Convidado
    Convidado
    Nyx

    O resultado do seu treino de Varinha foi:

    • Coerência e Dinâmica (25/25):

    • Desempenho da Perícia (15/15):

    • Estrutura e Digitação (25/25):

    • Enredo e Criatividade (35/35):


    XP FINAL: 100x2 (quarentena) = 200xp


    RESULTADO
    + 200xp em Varinha


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    Atenciosamente, Ellandor.
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    Azumellion
    Bruxa
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    'The good Lord speaks like a rolling thunder
    Let that fever make the water rise and let the river run dry'
     

    O ritmo de treino intenso do coven virou sua rotina, sempre que tinha oportunidade estava em algum canto da mansão treinando, a companhia de seus colegas ajudava a aliviar a tensão que estava sobre os ombros de cada um daquele lugar, se deixasse sua mente se prender em apenas o quão difícil seria a missão, nunca chegaria a lugar algum, por isso se divertia com todos, tecia comentários maldosos aqui e ali para arrancar um riso no calor do momento e assim seguiam seus dias. 

    Não era de seu feitio usar varinha, aprendeu magia muito nova e no máximo usava uma orbe para facilitar as coisas, mas devido suas últimas experiências em combate sentiu a necessidade de lidar com o item, inquisidores eram rápidos e assim ela teria de ser.

    Chegou a cogitar um cajado, mas ainda relutava em carregar a coisa pra lá e pra cá, principalmente por que já tinha a foice para transportar, já uma varinha cabia na bota, na mochila, até mesmo como prendedor de cabelo, Nyx estava na área externa do coven pois foi a única que topou treinar varinha e embarcou em sua viagem de “vamos lidar com isso em tempo recorde, absorvemos conhecimento rápido”, só esperava que não explodissem nada por ali, pessoalmente se perguntava se uma dia Kryos ia bater na porta de cada um e começar a cobrar pelos estragos que faziam.

    - Concordo, muitas vezes só uso a orbe, mas tive de dar o braço a torcer depois da nossa aventura desastrosa na floresta, vou ter de aprender na marra. - disse respondendo a sua colega de treino, o fato de chegarem todos quase ao mesmo tempo, deu liberdade de aos poucos se conhecerem e criarem alguns vínculos, sair para beber e se meter em todo tipo de bagunça virou um modus operandi, até que acharam um problema daqueles e se não fosse pelos deuses, estariam batendo um bom papo com Van neste momento. - Os inquisidores fazem parecer tão simples, não acho que será um problema aprender. 


    Escolheu um alvo, no caso uma árvore, testou o peso da coisa, era leve, de fácil manuseio, deixou a magia deslizar até a varinha e mirou o lampejo até lá, um fraco efeito saiu dela e atingiu-o, fez uma careta meio sem graça, mas estava ok com aquilo, era seu primeiro teste. Resolveu tentar mais uma vez com mais intenção, a magia agora se integrava mais rápido e o lampejo veio mais rápido e certeiro, muito melhor do que dá primeira vez, já se preparava para uma terceira tentativa quando ouviu o comentário de Nyx. - Pera... o que? Nossa! acho que é a cueca de um dos caras! -  Soltou uma gargalhada alta e começou a seguir a doninha que animadamente fugia com a peça de roupa, não fazia ideia de onde ela ia mas parecia engraçado ver onde aquilo ia terminar, no mínimo seria uma história pra contar no jantar. 

    Andaram alguns minutinhos até uma casa, não conhecia o lugar, parecia que alguém morava lá, uma mulher morena parecia seguir na direção das duas, foi então que se deu conta que ainda estava com a varinha em mãos, “Merda! Como poderia ser tão descuidada?”  Sua única solução rápida foi enfia-la dentro da bota e fingir naturalidade. - Olá! Desculpe atrapalhar, estávamos seguindo a doninha - Disse ostentando um sorriso para amenizar  a invasão de propriedade - Espero não estar incomodando. - Nyx ao mesmo tempo explicava sobre a questão da cueca roubada e Azumellion rezava em silencio para não estarem em problemas, no pior dos casos a mulher poderia ser uma inquisidora ou chamar um. 

    Ouviu o convite da moradora e ficou dividida, mas também não queria bancar a estranha, parecer suspeitas não era uma boa ideia, num cenário comum isso poderia ser a boa e velha hospitalidade, seguir a cartilha da boa vizinhança era o mais adequado. - Vamos só seguir como fluxo, ela não tem como saber quem somos e em caso de emergência a gente explode a porta e sai voando daqui. - disse sussurrando o mais baixo possível para Nyx. - Adoro chá! De onde venho tem as melhores seleções de folhas, seria um prazer tomar uma xícara. - respondeu de forma agradável e alegre. 

    Observou o lugar e viu o livro que ela lia, levantou uma das sobrancelhas e preferiu não comentar, botou seu foco na doninha outra vez. - É seu pet? uma graça, mesmo que um pouco… como posso dizer? Arteira! Deve dar muito trabalho para cuidar. - Acrescentou com um riso leve. O mais engraçado de tudo é que a aparência sinistra da fada das trevas não se encaixava com o tom gentil que apresentava, ela mesma sentia as palavras meio deslocadas, mas pra alguém que não a conhecia isso não faria diferença, porem já podia sentir os olhares de sua colega que acharia pelo menos bizarro sua atitude.


    Treino duplo:


    Azumellion
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    Eles
    Dançarino de Hokar
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    Caminhava como quem não queria nada, deixando o cavalo ao lado ser guiado pelo puxar das rédeas em minhas mãos firmes, não necessariamente forçosas. Não tinha motivos para cavalgar enquanto os barqueiros não me levassem para onde eu gostaria de ir; aparentemente o Kraken tinha sido avistado recentemente e por isso ninguém estava se arriscando a velejar de um lado para o outro com frequência com medo da criatura. Fracos! Se houvesse um pingo de coragem e fé neles, poderiam simplesmente subir no monstro e serem carregados até seu destino.

    Afastada de civilização, encontrei um canto verde e amarrei o animal para que descansasse. Xuridra era organizada e bem protegida, apesar de não conseguir identificar corrompidos com facilidade, e tinha certeza que não perderia a montaria me afastando daquele ponto para uma caminhada. Era estranho ter uma lua acima de minha cabeça, ou estrelas, e constantemente observava-as para lembrar suas posições e nomes.

    - Astófores, ainda vives? - Questionei, prendendo a visão na direção de uma constelação por um momento, lembrando de uma memória quase tão antiga quanto a história escrita. O formato de um cão com duas cabeças era claro como aquela noite branda, facilitando o posicionamento. Se em Aronian aquelas estrelas estavam no sul, aqui elas provavelmente estaria em direção ao norte, ou ao centro.

    Alguns minutos em frente e me depararia com uma cena inusitada: pessoas se reunindo mesmo pertencendo a raças diferentes; tinha ideia daquilo pelo tamanho delas e as cores de seus cabelos, mas não sabia identificar se eram uma anã ou uma fada, uma dawhaniana ou uma krigeriana... mas com certeza tinha uma elfa ali. Aproximei-me.

    - O Curandeiro Iniciante - Respondi no lugar da morena, notando o nome de Della Bell em sua capa ainda que distante do grupo. - Eu lembro quando esse livro foi divulgado. Arrastá-lo para longe de Arzallum acabou se tornando complicado. - Sorri, abrindo a mochila que carregava ao puxá-la de minhas costas, derrubando sem querer o capuz de trapos que eu usava e melhorando a visão de meu rosto. - Tenho um desses também. - Mostrei, puxando o grimório para as outras identificarem.

    - Se forem praticar, tomem cuidado com os inquisidores. Um deles me parou outro dia só porque eu estava fazendo minha magia racial. Podem acreditar? - Sorri, tentando me aproximar da experiência delas e de suas vidas. - Aliás, isso é chá? - Questionei, dando alguns passos em frente, tentando amigar como uma forma de ter permissão para adentrar na residência aos poucos. - Faz tempo que não tomo chá de uma boa erva. - Suspirei, esperando o convite para que provasse.




    para a avaliação:
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    Eram duas mulheres muito distintas uma da outra. Uma elfa de cabelos ruivos e um olhar sereno e uma fada marcante com uma coloração muito diferente em suas madeixas, mas não menos carismática ou atraente. Na verdade o contraste entre as duas só as tornavam mais interessantes para Elena, que adorava o que era novo e diferente. Talvez fosse um gosto peculiar que só adquiriu por ela mesma ser uma submundana, e ver tantos seres como ela tão diferentes em suas características é o que considerava o que havia de mais mágico entre todas as raças. Mas… Fazia muito tempo que não interagia com mulheres. Ainda mais uma elfa e uma fada. Era mais que o suficiente para convidá-las com as melhores das intenções, não é mesmo?

    Ainda na direção das duas, ficou curiosa com a constatação da ruiva. - Ela pegou algo de vocês? - Olhou para trás procurando pelo bichinho, que corria ao envolta do lago arrastando o que parecia ser…. Uma roupa íntima? Aquilo a fez rir baixo, achando divertido como o animal refletia alguns traços ladinosos de sua nova cuidadora. - Ora. Mil perdões por isso. Acho que fui eu quem as incomodou, e não o contrário. - Disse com o pequeno sorriso nos lábios, mas pensativa sobre como evitaria confusões como aquela no futuro. Não poderia atrair ninguém… Suspeito para lá. Estava justamente ali porque a máfia estava de olho nela no centro de Xuridra. Quanto menos atenção indesejada, melhor. No caso das duas visitantes… Tinha a impressão que não teriam problemas. Assim como ela havia sido cautelosa, ficou claro que a dupla também estava atenta a uma possível ameaça. Bom, não fazendo perguntas demais não teria como assustá-las. Tendo isso em mente, finalmente notou a aproximação de uma terceira figura.

    O Curandeiro Iniciante”, respondeu a estranha a pergunta da elfa. A ladina ergueu o grimório que tinha em mãos e o balançou assentindo, os olhos violetas pregados sobre a mulher que deixava o capuz cair para trás ao mexer em sua mochila. Parecia ser uma estrangeira, mas era uma simples impressão. Já tinha uma bom olhar para identificar os draconatos. Seus dizeres despertavam ainda mais o interesse de Elena, que moldou uma expressão de surpresa em seu rosto. - É mesmo? Ah, inconvenientes como sempre. - Se queixou, dando graças silenciosamente por não ter sido abordada por nenhuma até então.

    Estava mais animada com a nova companhia do trio, e por isso, sorriu para todas e as chamou com um gesto simplório em uma das mãos. - Então não se acanhem! Podem entrar. Os chás daqui são fresquinhos, tenho certeza que vão gostar. - Caminhava até o deque onde deixou o livro e investigou o chá que fervia na chaleira. O cheiro era delicioso e tentador, num frescor que envolvia facilmente os humores. Não pode evitar a não ser rir com o comentário da fada, pois concordava completamente com ela. - Você nem imagina. Mas é uma gracinha mesmo, não tem como ficar brava. Bom, fiquem à vontade! Vou buscar mais xícaras. - Disse para todas, em um pulo se deslocando até a cozinha.

    Pegou mais três xícaras e voltou para fora, entregando em mãos para cada uma. Com uma mão protegida por sua luva de couro, pegou a chaleira cuidadosamente e serviu as convidadas primeiro. - Nenhuma de vocês parecem ser da região... - Falou livremente, despretensiosa como sempre. - Ah. Nossa. Não me apresentei ainda. - Se tocou desse fato, terminando de servir finalmente o seu próprio copo. Sentou-se sobre o piso de madeira e, sem preocupações, revelou sua identidade. - Podem me chamar de Elena. - Sorriu, provando um gole do chá preparado com tanto esmero. Ah, delicioso! Era exatamente o que queria para o início daquela noite. - Céus, como é bom estar acompanhada de mulheres. Fazia um bom tempo que só estava rodeada de homens, como são cansativos às vezes. - Riu baixo, se sentindo à vontade para conversar o que é que fosse. - Então acabei ficando aqui isolada, arrumando todos estes livros. - Explicava sem muitos detalhes, dando um tapinha na pilha ao seu lado. - É bom ter um tempo para estudar. Ainda mais para quem já quebrou muito a cara… - Pensou alto. Não era à toa que estava lendo aquele grimório. O pegou com a mão livre e o deixou sobre o colo, sentadinha com o seu chá e sua companhia.

    「R」
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    É pau é varinha é magia

    Começar a aceitar que aquele período do dia seria recheado de surpresas era um dos passos para não deixar a desconfiança assumir níveis paranoicos. Uma nova figura aparecia para compor o cenário, ainda mais misteriosa do que a mulher de cabelos negros e olhos lilases. Mas a menção de uma desavença com Inquisidores deixou Nyx um pouco mais empática, lembrando do que tinha acontecido em um dos passeios do grupo pela floresta.

    Estou pensando em adquirir um desses o mais rápido possível. Compartilho da experiência de quebrar a cara mais vezes do que gostaria. — Comentou buscando um local confortável na varanda para encostar.

    Aceitou o chá ofertado, primeiro apreciando a fragrância que o líquido exalava. Bebericou um pouco, sorrindo de lado ao apreciar o sabor que preencheu seu paladar, assoprando um pouco para conseguir apreciar um verdadeiro gole da bebida.

    A morena identificou-se como Elena. Seria o seu nome verdadeiro? A imagem que ela passava era de uma mulher serena e que se adaptava fácil a situação. Estaria ela acostumada? Ou sobre a mulher que chegava naquela região, seria aquela a casa dela ou de conhecidos? Nyx, ao perceber que a mente começou a fervilhar com perguntas, bebeu mais um pouco do chá para poder conter o fluxo rápido de seus pensamentos e relaxar um pouco mais.

    Sou Nyx. Viajante ou fugitiva dos costumes conservadores de seu povo, são sinônimos para mim. — Disse uma meia verdade, tendo aprendido desde o início de sua peregrinação por Samaria que mentir demasiadamente poderia conduzir a situações delicadas futuramente. Tinha partido de Etherea anos atrás, passado por Dawhan em direção a Krun, tendo pegado todo o caminho pelo litoral até Drakir. — E como também compartilho do gosto da leitura por grimórios, acabo por criar um conceito de que o grimório favorito de alguém diz muito sobre ela. O meu seria Correntes do Vento, o mais antigo e de longe o mais usado. Qual seria o de vocês?

    Se queria sustentar o ambiente agradável como estava, manter o assunto leve fazia parte daquela receita.


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    'The good Lord speaks like a rolling thunder
    Let that fever make the water rise and let the river run dry'
     

    Certamente aquele encontro entre as quatro mulheres era um tanto esquisito, mas o chá era agradável, sentia o sabor brincar com sua língua, apreciava muito a mistura criativa de ervas e flores para criar um sabor leve e fluido na bebida, como a fada que era, esse gosto por chá vinha de família, sabia todo o processo de como secar e armazenar as folhas. - Um bom chá reaviva memorias antigas, minha família gosta de cultivar muitas flores e folhas pra esse intuito. - A família dela também gostava de drogar e matar outras fadas, mas esse detalhe foi obviamente omitido e seguido por um sorriso. 

    Aos poucos o elefante na sala foi mencionado, o assunto sobre o grimorio foi tocado e aparentemente bem aceito? Observava em silencio a reação de cada uma, quando o fato de tomar cuidado com inquisidores foi dito, sentiu que este grupo de mulheres poderia ser mais perigoso do que aparentava. - Ler é um passatempo incrível, ainda mais com uma biblioteca a disposição, eu tenho preferencia por títulos mais polêmicos, que causam uma reviravolta na cabeça do leitor, já se foi o tempo que me contentava com romances dóceis. - Tomando mais um gole de seu chá acrescentou. - Um grimorio é sempre um espelho de humores ou de oportunidades de seu usuário, eu mesma aprecio o Aquaruman, a agua é temperamental, muitas vezes pode ser maravilhosa como esse chá ou destrutiva como as longas tempestades do mar.

    Calou-se, falara mais do que devia, alguns segundos depois se deu conta que grosseiramente não se apresentara a nenhuma delas, pensou em dar seu nome completo, mas por segurança deu preferencia a divulgar apelas seu apelido, preferia manter o perfil baixo até entender melhor onde pisava. - Desculpe minha falta de tato, me chamo Azu, como podem perceber sou fada, talvez não tão graciosa como se espera a imaginação popular, mas ainda sim uma fada. 





    Azumellion
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    Eles
    Dançarino de Hokar
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    - Com licença. -

    Despindo minhas nobrezas, me aproximei do grupo como se fosse ninguém; era-o, no caso, por força maior. Sentando no chão assim como a anfitriã, esperei as xícaras de chá chegarem para que pudesse apreciar da bebida com toda gentileza que me era oferecida.

    - Obrigada, Elena. Meu nome é Marca, prazer. -

    Segurei a xícara, absorvendo o líquido tranquilamente após sentir seu aroma. Não era exatamente preparado da melhor forma, na minha opinião, mas serviria para seu propósito de criar um elo entre todas as participantes. Sem muitos elogios que seriam não verdadeiros, deixei de lado o trejeito momentaneamente para evitar parecer muito encenada, que estava longe do que eu queria. Enquanto minha reação estava alheia ao contato das mentes e percepções, deixei com que o assunto rodasse conforme elas gostariam, refletindo dentro dos grimórios como uma luz presa em espelhos. Leitura era realmente essencial, mas será que elas sabiam até que ponto um feixe de luz pode ser segurado sem estourar sua clausura?

    - Já li muitos grimórios e todos eles tem algo muito interessante em comum: falam sobre o humano tentando controlar o poder dos deuses. A mana vem do princípio, onde todos caminhavam lado a lado e a língua falada era a das magias. Infelizmente, muito disso se perdeu nos grimórios daqui… -

    Retirei três livros de capa preta de dentro da mochila que portava, todos com uma indicação de um círculo prateado, entregando um a um nas mãos das moças. Com a xícara ainda próxima da boca, terminei de engolir o chá antes de continuar o assunto, mas ainda mantendo a asa em sua mão enquanto usava a outra como pires.

    - Mas eu acho isso algo pequeno comparado ao poder que um deus oferece. Não sei se já rezaram e viram um milagre acontecer diante de seus olhos, mas é bem comum quando se faz isso sabendo para quem e quando rezar. Existe uma série de instruções nesse livro para quando precisarem se salvar de algumas enrascadas. Tenho certeza que alguns inquisidores vão aparecer na sua vida ainda, já que praticam magia. -

    Comentei. Talvez tivesse escapado de minha percepção, mas Azumellion encontraria cinco sanários de ouro em suas páginas. Não faria questão de os retornar para meu bolso, caso me fosse oferecido. Se aquilo aconteceu, foi por algum sinal do destino; talvez uma dívida paga sem saber o motivo ainda, ou um investimento para o futuro. Ainda focada nela, lhe sorri lembrando do que ela tinha dito.

    - Se gosta de polêmica, isso vai lhe agradar, pequena. -

    Havia algo especial naquela fada. Talvez um pequeno peão agora, mas futuramente uma rainha, em mais de um sentido, e certamente mais confiável que a peste que tinha dado poder no meio dos nobres de Dawhan.

    - Fui eu quem escrevi esse livro. Talvez tenham ouvido uma coisa ou outra sobre Hokar, mas eu gostaria que reconsiderassem suas tradições por um momento… -

    Me expus, mas sinceramente não ligava. Poderia facilmente ganhar daquelas três caso houvesse alguma sacerdotisa mais fervorosa entre elas em alguma tentativa pífia de tentar me dobrar para a sua fé, e se precisasse tomar ações drásticas ainda originaria mais três corrompidas para o exército de Hokar; infelizmente, suas raças originais eram de mais valor naquele instante.

    - Hokar gostaria muito que as fadas retomassem seu poder original no continente. Eu mal sei onde elas moram, atualmente. -

    Continuava a conversa com a pequena criatura alada, dando um sorriso simpático. Para não excluir ninguém, passei a visão adiante.

    - E é uma pena que Etherea seja tão fechada por causa das desconfianças do povo. Venho de Aronian, e lá somos todos unidos em uma única liderança. Não existem separação entre povos, apenas todos unidos em uma única causa. -

    Nyx era claramente o alvo daquele discurso pacífico e opositor ao reino dos elfos. Talvez já tivesse ouvido uma vez ou outra sobre Althea, mas seu nome não saía da ponta da língua para que pudesse exprimir meu descontento.

    - Gostaria que Samaria pudesse ser mais unida. Ouvi dizer que Drakir tem muita discordância entre os possíveis reis. Hikari parecer ser uma boa menina para governar essas terras sendo alguém considerado bastardo. -

    Olhava para Elena, já que não tinha certeza da raça dela para cutucá-la, então poderia pender para o lado de que ela morava ali e tinha algo com a rainha daquelas terras.

    - Se lerem meu livro, descobrirão que Hokar aguarda coisas boas para os submundanos. Infelizmente nem tudo pode seguir como deveria. -

    Outro gole com outro olhar penetrante em uma alma que mal sabia com o que lidava, terminando a porção que tinha.

    - O chá estava perfeito, minha cara. Por acaso é uma vendedora de ervas? Você faria uma fortuna com esse tipo de coisa. -

    Recomendei, depositando novamente no chão o item e deixando meus dois braceletes escorregarem até o meu pulso. Um era escuro como a noite, feito de aspergo, o outro era representante de turismo nas terras de Xuridra.

    - Conselhos de uma anciã. -




    Para o avaliador:
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    Azumellion
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    Marca

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    Elena Kravchenko
    Grande Criminosa
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    A companhia era mais agradável do que esperava. Claro que o encontro foi completamente inesperado e não calculado, todas se mantinham minimamente na defensiva quanto revelarem quaisquer detalhes mais delicados sobre si mesmas, mas não era um incômodo para Elena. Estava acostumada a interagir de tal forma. - Marca. Espero que aprecie essa singela bebida. É um pouco doce, se não se importar.

    Tendo entregue um pouco de chá para cada, concentrou-se em apreciar a bebida quente e acolhedora que tinha preparado, até soltar um riso carismático para a elfa ruiva ao seu lado. Era bom saber que não era a única ali que tinha a mania de se enfiar em enrascadas. E ela estava certa, um pouco de magia ao seu favor não fazia mal a ninguém. Entretanto, a ladina sempre tinha suas ressalvas: preferia confiar nas próprias mãos e suas lâminas. Eram muito mais previsíveis e palpáveis, por isso, sempre desconfiava do que um pouco de mana poderia lhe causar.

    Ainda observando curiosamente a mesma, gravou em mente o nome que lhe dizia. Nyx. Simples e marcante, como gostava. Talvez tivessem mesmo um pouco em comum, e isso despertava certo ânimo no seu âmago. Se tinha uma coisa que a submundana apreciava eram histórias, e nenhum livro poderia superar o conto bem floreado de quem realmente passou por grandes aventuras. Então se fez pensativa, olhando para a pilha de livros que deixou ali. Não fazia muita ideia de qual seria o seu favorito, mas do que tinha folheado, com certeza um captou seus interesses ladinosos.

    A outra mulher, quem estava com a elfa anteriormente, lhe contava interessantes detalhes sobre seus gostos literários. Algo nela brilhava certa discórdia, mas… Não sabia dizer bem o porquê. - Romances dóceis são ideais demais. Longe da realidade bizarra desse mundo complicado. Acho que a entendo, de certa forma. - Dizia em baixo tom, observando a doninha agitada rasgando a peça íntima de um conhecido da dupla. - Espero que o dono daquela cueca tenha mais à disposição. - Riu internamente, tomando mais um gole do chá doce em mãos.

    Até que a mesma se apresentou, finalmente. Elena sorriu amigavelmente e assentiu, apreciando sua iniciativa. - É um prazer conhecê-las. Nyx, a aventureira e… Azu, a fada polêmica. É isso? - Pensou alto, se divertindo com a situação. Era difícil conhecer fadas, se bem que uma pequena fadinha general havia a puxado pelos cabelos dias atrás. Interessante demais. O que faziam naquela terra de dragões, afinal?

    A marcante Marca e sua elegância a levavam a um rumo mais curioso ainda. Sobre fé, milagres e seus deuses. Comentava sobre a possibilidade de receber ajuda divina, mesmo com inquisidores à espreita. Elena não era muito crédula, mas tinha ciência de todo aquele universo e seus mistérios. Deixou a xícara sobre um dos grimórios e recebeu um novo livro da mulher, analisando o círculo estampado em sua capa. Foi ela quem escreveu tudo aquilo? O fato a surpreendeu, fazendo-a erguer o olhar brevemente para sua pessoa antes de retornar a atenção para seus escritos, folheando-os rapidamente.

    Hokar, huh… É difícil ouvir esse nome por aqui. - Disse pensativa, sem nenhuma conclusão certeira sobre o que a mulher pregava. - Mas você tem razão. Nem tudo pode seguir como deveria. Ainda que eu não saiba como é que as coisas deveriam ser.

    E riu. Adorou o elogio que recebeu. - Ah, quem me dera! Minha vida seria bem mais fácil se fosse uma vendedora de ervas. Obrigada, Marca. Mas apenas recolhi o que a casa tinha à disposição, sou uma nova moradora por assim dizer. Mas… Talvez eu tenha uma certa inclinação a certas ervas, entretanto sem habilidade nenhuma. Provavelmente o tipo de comércio envolvido seria um tanto diferente do que esse simples chá. - Sorriu travessa, terminando a própria porção do líquido que restava.

    Então… Devo supor que realmente não és daqui, Marca. Faz um bom tempo que não encontro alguém com a mesma fé que a sua. E sinceramente, não gostaria de encontrá-lo novamente, até porque foi sorte sair de seu palácio com todos os membros intactos. - Lembrou-se da sua viagem até Hodun. Céus, faziam anos! O que será que Kryos diria se Elena mostrasse aquele misterioso livro escrito por Marca?

    Suspirou. Chamou a doninha feliz com um gesto acompanhado de um baixo assovio, recebendo a criatura com os restos de tecido enlaçados em seu corpo esguio e agitado. - Pelo o que eu sei bem, ninguém dá esperando receber nada em troca. Bom, no meu caso, já aprecio a companhia que me fazem. Xuridra é mais caótica do que imaginava, porém, não é de todo ruim. Momentos assim me dão toda a tranquilidade que procuro.

    「R」
    Elena Kravchenko
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    É pau é varinha é magia

    Por um momento, a mente de Nyx foi arrebatada para o seu passado. Quando, em momentos do dia como aquele, estaria rodeada pelos amigos caçadores de Artemísia, sua mãe. De como eles estariam bebendo cerveja ou rum; não chá ou qualquer outra bebida delicada. Falariam sobre armadilhas, técnicas de abate, criaturas e até mesmo sobre a geografia local. Não seria mencionado em nenhum momento sobre magia, sobre deuses, sobre inúmeras possibilidades que aquele mundo tinha para oferecer além do óbvio.

    Bebericou um pouco do chá, com o canto dos lábios levemente repuxado ao escutar Azumellion revelar um pouco mais de sua própria personalidade. Sinceramente? A achava um verdadeiro mistério, com diversos comportamentos em diferentes ambientes. Afinal, quem diria que aquela mesma fada teria flertado com um monge depois de um copo ou dois de rum? Sim, conseguia compreender o porquê a água era o elemento de Azu: por vezes, a superfície era calma e escondia as furiosas correntes em seu interior.

    Nyx não resistiu a uma pequena revirada dos seus olhos castanho-esverdeados quando Althea e Etherea foram mencionados pela estrangeira. Marca de Aronian. Uma que falava abertamente de Hokar sem temor nenhum. O que sinceramente surpreendia a filha da floresta, pois se deparava com uma falta de conhecimento sobre aquela divindade que a impedia de contestar ou comungar com as crenças de seu próprio povo.

    Resquícios do passado prendem o Norte como uma jaula, sempre vou afirmar isso sem temor algum. Apesar de compreender um pouco mais os motivos da Rainha quando passei a viajar por Samaria. — Comentou em um tom contemplativo. Porém preferiu manter-se cuidadosa no restante de seus pensamentos.

    Política era uma arma ardilosa e que por muitas vezes a jovem elfa não possuía domínio. Porém era curiosa, e foi com esse sentimento que aceitou o livro ofertado por Marca. O folheou, admirando a letra cursiva que adornava as páginas, intrigada mesmo sabendo que Artemísia condenaria algo como aquilo. Mas porque ela também o deveria fazer se até o momento a mulher nada tinha feito de errado além de falar de seu lar e suas crenças? Para Nyx, naquele momento, mesmo que tomada por sua ingenuidade, não existia algo que a fizesse se sentir defensiva com nenhuma das duas novas mulheres.

    Então escutou sobre Aronian. De como era um lugar governado por um único poder e como isso unia o povo. A de cabelos rubros lembrava das histórias contadas pelos mercadores dos portos, quando viajava com sua mãe até o literal para realizar alguma tarefa com a caçadora. Eles falavam de como a terra de Aronian era hostil, perigosa, violenta. Mas a própria elfa não poderia defender a raça que habitava o norte do continente, pois eles eram, em sua maioria, preconceituosos e conservadores. O quanto daquelas falas seria verdadeiro?

    Como é Aronian? — Questionou fitando Marca sem esconder a inocente curiosidade. — Etherea é “vizinha” de fronteira com seu continente, mas como sabemos, elfos são bem... Fechados e de opiniões fortes, que podem não ser tão próximos da realidade. Ou ao menos a sua realidade. Então, se não for muito intrusivo, como é a sua terra? Sente falta de algo de lá?

    Não eram perguntas advindas de um teste ou um truque malicioso. Era a sede por saber mais, conhecer mais, explorar o desconhecido. Nyx sabia apenas que o continente ficava ainda mais ao Norte, governado por um poderoso imperador. Ele possuía seus duques, que detinham poderes ainda maiores do que os duques samarianos. E, diferente do continente do qual habitava, não haviam outros reis.

    Treino:


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