• Azor Hokar, o deus da destruição, o senhor da consumação, retornou. Reencarnado no mês de Era, em 329, no Império Corrompido de Aronian. Enquanto o continente dos heróis, Samaria, está mergulhado em guerras e conflitos territoriais e políticos, Hokar reúne suas forças para trazer por fim sua vingança sobre toda a Criação – E por sua trágica derrota na Era dos Deuses.

    Enquanto isso, Mahoro Trakarhin, o rei dos imortais e guardião do Criador, prepara os reis e tenta apaziguar as guerras de Samaria para que possam olhar para o verdadeiro perigo que reside ao norte, no Império Aroniano.

    Não se renda ao temor que Azor Hokar representa e todo o mal que ele ameaça trazer. Una forças com o lado que melhor te convier e participe dessa aventura épica!
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    As Crônicas de Samaria :: Vale dos Imortais :: Iriokar

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    As Crônicas de Samaria

    Perseguição no inferno


    Não eram precisos de tantos motivos. Não no Iriokar, em que a crueldade e a diversão pareciam ser sinônimos. Rasamī estava apenas aprendendo a sobreviver ali, a compreender o ambiente ao seu redor das piores maneiras possíveis. E uma delas estavas prestes a acontecer.

    Vagando, Rasamī encontrará um grupo de fantasmas que estava em ascensão ao caçar almas novatas ou ainda fracas, para serem usadas de moedas de troca naquela região. Rasamī talvez não saiba ainda o valor de um alma naquele lugar, porém não irá tardar a perceber a malícia e a ganância, sabendo quase que instintivamente de que ela era um alvo, uma presa a ser capturada. Fuja Rasamī, sobreviva mais um dia!

    --------

    + Quest OP Difícil para @Rasamī Xohu'ay

    + São cerca de 3 fantasmas que irão persegui-la. Caso deseje enfrentá-los ou apenas fugir, é de livre escolha de sua personagem, mas se atente ao final solicitado no seu passe de trama.

    + 1 — Rasami não tem dúvidas quanto a crueldade daquele local. Não recordava como chegou ali, tão pouco entendia o motivo de tudo em Iriokar ser possessivo e violento. Em uma OP Difícil, sobreviva a um ataque no Iriokar -escolha do narrador-, e em um pequeno conjunto de casas, encontre refúgio.

    + Dúvidas, discord ou MP

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    Rasamī Xohu'ay
    Desencarnado
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    Hāozu
    A crueldade tem humano coração,
    E tem a intolerância humano rosto;
    o terror a divina humana forma,
    o secretismo humano traje posto.

    Vazio.

    Não sabia quanto tempo fazia desde que estava naquele lugar maldito que chamavam de Iriokar. A única certeza que tinha para si era o vazio que preenchia seu âmago, como se alguma coisa estivesse faltando ali dentro e o vácuo deixado em seu peito aumentasse cada vez mais. Porém, o pior de tudo era sequer saber o porquê de estar ali em primeiro lugar.

    Talvez merecesse o sofrimento, de fato, mas sem memórias de seu passado era difícil conceber se era uma pessoa ruim quando em vida; o que tinha feito de errado e o que poderia melhorar para se redimir. Naturalmente, se perguntava isso sempre que parava para refletir, embora não fosse um rito tão recorrente já que momentos onde se sentia segura para tal eram raros.

    Contudo, aquela era uma das poucas ocasiões que se mantinha olhando para o horizonte, rente ao mar de almas que cercava a Ilha dos Perdidos. O céu brilhava num vermelho escarlate intenso como era de costume quando o Iriokar não estava coberto por nuvens negras, fazendo com que desviasse o olhar vez ou outra para o chão batido e cinzento antes de conseguir voltar ao estado contemplativo. Não seria uma boa ideia ficar cega, ainda mais em um lugar como esse.

    Refletia sobre os acontecimentos recentes e o que eles representavam a partir de agora, sobretudo, resistindo qualquer tentação que fosse colocada diante de si para cometer maldades e atos condenáveis, o que de certo modo era uma linha de pensamento um tanto incomum no deserto cinza.

    Tinha aprendido que nem todos ali eram realmente almas vis e cruéis, mesmo que numa parcela bastante reduzida. Isso não as isentavam de seus pecados, mas ainda existiam aqueles que almejavam o caminho da redenção, como Ay'la - uma fantasma tão perdida quanto Rasamī -, alguém em quem podia confiar no momento.

    Pelo menos uma pequena chama de esperança ainda se mantinha acesa em meio ao nada. O fato de saber que existiam outras almas sofriam como ela e mesmo assim continuavam resistindo o caminho mais fácil, e que juntos poderiam encontrar forças para enfrentar o sofrimento do inferno, era estranhamente reconfortante.

    A última jornada das duas também havia contribuído para alimentar sua vontade de fazer o que fosse necessário para sair dali, já que acabou recuperando um fragmento de suas lembranças no naufrágio que investigaram juntas depois de vivenciar inúmeras memórias das quais não a pertenciam.

    Um rosto familiar nublava sua mente, talvez familiar até demais, tal qual o seu reflexo nas águas inertes do Rio das Lamentações. Ainda se perguntava a veracidade daquelas imagens, mas se elas fossem verdade, significava que Rasamī tinha uma irmã gêmea, uma que lamentava demasiadamente a perda em seu leito. Talvez não fosse tão ruim quanto imaginava, uma vez que estão sentindo sua falta no mundo dos vivos.

    Verdade ou não, a situação trazia diversos questionamentos para a fantasma, sendo este motivo dela estar ali, parada num lugar tão perigoso, quase como se fosse uma isca esperando para ser mordida. No entanto, não se importava em parecer vulnerável daquela forma. Não conhecia a crueldade da terceira ilha como um todo, muito menos o valor que ela mesma teria para os outros ali dentro.

    Todavia, não tardaria para que passasse a tomar conhecimento de como as coisas de fato funcionavam no Iriokar, considerando que seus devaneios foram interrompidos pelo som de passos se aproximando, e com toda certeza eram mais de um par de pernas que os produziam.

    Virou a cabeça por sobre o ombro de imediato. Além da paisagem sem cor e sem vida, podia enxergar também a origem dos ruídos: três desencarnados que vinham em sua direção sabe-se lá porquê. A única coisa que conseguiu identificar sem muito esforço era que a intenção do trio provavelmente não era nem um pouco boa, tendo em vista as expressões que faziam só de encará-la. Não conseguia imaginar suas motivações, mas resolveu intervir verbalmente antes que algo pior acontecesse.

    — O que querem? — Inquiriu sem rodeios, terminando de virar o corpo todo e os encarando de frente. Mantinha-se inexpressiva, sem deixar-se intimidar. Era uma postura natural para Rasamī adotar, como se já fizesse parte de seu ser; um comportamento enraizado na alma, fruto de sua vida passada.

    Um deles sorriu, outro soltou uma gargalhada e o último permaneceu sério.

    — Ora, um rostinho bonito e sozinho no meio do nada. O que mais poderia ser? — O sorridente respondeu, continuando o avanço em conjunto com os outros dois. Já estavam perto demais.

    — Mais um passo adiante e garantirei que se arrependerão por toda a eternidade. — Pronunciava as palavras em tom ríspido, carregadas com seu sotaque característico de Drakir, ao mesmo tempo que repousava a canhota sobre o cabo de sua lâmina depois de virá-la para baixo, pronta para ser utilizada.

    — Ohoh, ainda por cima é corajosa! — o estranho tornou a falar, cessando o caminhar momentaneamente — Conheço uns caras que adorariam te ter e te quebrar, pagariam uma fortuna por uma espécime como essa!

    Se antes não sentia nada, depois de uma fala asquerosa como aquela, era difícil não manifestar alguma emoção. Não tinha medo, apenas nojo. Deveria realmente pertencer ao mesmo lugar que sujeitos como aquele, tão podres que não conseguiam pensar em mais nada além de dinheiro e maldade ainda que mortos? O que teria feito para merecer isso? Seria ela igual aos seres desprezíveis tais quais os diante de si? Ou até mesmo pior?

    A pior parte era não saber responder nenhuma das perguntas.

    Claro, não tinha dúvidas que deveria haver um motivo, mas a falta de conhecimento acerca desse tema era algo que chegava a despertar uma raiva em seu interior. Não gostava da ideia de se comparar a criaturas como aquele trio, longe de qualquer sinal de civilidade, honra ou bondade.

    Justamente por isso, estava indecisa. Deveria enfrentá-los, recorrendo à mesma violência que predominava e fazia com que o Iriokar continuasse do jeito que era, ou se manteria fiel ao caminho da redenção, evitando o conflito de alguma maneira? Diálogo certamente não era uma opção, tendo em mente o que já tinha discorrido. Seria fugir a única alternativa viável?

    Não teve muito tempo para tomar a decisão.

    O primeiro avançou com uma adaga em mãos, estocando com a ponta na altura do abdômen. Não foi difícil para Rasamī lidar com o ataque, esquivando-se ao reposicionar os pés e se empurrar para o lado utilizando dos membros inferiores. O problema foi que o segundo adversário veio logo em seguida, tentando golpear o ombro com um machado velho de cima para baixo.

    Puramente por instinto, a fantasma reagiu puxando a própria lâmina da bainha, colocando-a entre seu próprio corpo e a arma do oponente, efetivamente parando o golpe e evitando quaisquer danos que poderiam ser causados. Não se recordava de nenhum tipo de treinamento de combate, mas os movimentos pareciam vir naturalmente, assim como o conseguinte. Travou o machado com sua espada, puxando o segundo desencarnado em direção do primeiro, derrubando um em cima do outro.

    Poderia aproveitar a oportunidade para fugir se não fosse pelo terceiro, que ainda não tinha atacado; pelo menos até agora. Felizmente Rasamī teve uma ideia para lidar com o último inimigo de forma rápida, abusando da pequena nuvem de poeira que havia se formado graças à confusão e queda que causou para diminuir o campo de visão do trio, jogando um punhado de areia nos olhos do que ainda estava em pé assim que notou sua aproximação.

    Finalmente usou da brecha criada para escapar, correndo o mais rápido que podia na direção de um pequeno aglomerado de casebres que tinha avistado enquanto vagava sem um rumo específico. Não estava tão acostumada ou ciente das regras do Iriokar, porém, sabia que a maioria das almas evitavam se aproximar de construções daquele tipo pelo medo de acabar encontrando algum decadente. Obviamente, a Xohu’ay não gostaria de ter um encontro desse tipo também, mas via que só assim teria chances de fugir sem que a seguissem.

    Escutava alguns gritos, estes direcionados a si. Contudo, não olhou para trás um momento sequer, continuou correndo incessantemente até chegar no lugar que determinou como seu refúgio no momento. Não sabia o que esperar dali para frente, só torcia para não achar alguém pior do que aqueles três juntos.

    Considerações:

    O humano traje é ferro forjado,
    a humana forma, forja incendiada,
    o humano rosto, fornalha bem selada,
    humano coração, abismo seu esfaimado.
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    As Crônicas de Samaria

    Perseguição no inferno


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