Salve, tesouros! Tudo ótimo e com vocês? Há muito tempo atrás havia um homem não muito sábio, mas que conquistou muita coisa sem querer reconhecimento de nada. Um dia como outro qualquer o homem saiu de casa dizendo que iria dar uma mijada e nunca mais foi visto. Alguns dizem que foi morto. Outros que foi engolido vivo pelo Kraken e hoje mora no seu estômago. Ainda outros alegam o terem visto ainda ontem em uma taverna qualquer dançando com uma anã bem barbuda. E eu? Eu acho que ele começou a andar e decidiu não parar mais... Mas vamos falar do nosso dragão.


O primeiro dragão, destronador de Sirius Nagarki, parça do Criador e o dragão mais injustiçado por uma cultura merda de Drakir e seus costumes bostas, estava novamente em Licentia. Talvez aquele tenha sido o primeiro local que reconhecera como lar. Ou talvez não. Seu corpo reconhecia seu lar e eram os céus, onde se sentia totalmente livre. Ali era o lugar onde estavam, ou estiveram, seus amigos.


A pouco tempo atrás guardava lembranças que aqueciam seu imenso e puro coração de dragão. Eram lembranças quase que palpáveis. O Coven. A primeira batalha contra Sirius. A mudança para Dawnhan. A caça aos inquisidores. O encontro com seu mnoesta. Genésio, o Tautra. Ser nomeado general. O aniversário de Nyx. O confronto das Guildas. A queda da Vanguarda Negra e os Açougueiros do Demônio com seu braço direito, Sunna. Almeida, O Aformon. O Hua Drakir e a Guerra das Varinhas.


Eram boas lembranças, mas todas agora pareciam perder a força. Kryos já não era mais visto. Nyx já não era mais a mesma. Tantos haviam partido e levado um pedaço do dragão. E seu último pedaço estava ali em um pedaço de papel que agora estava amassado em suas mãos. O quarto parecia estar prestes a se incendiar, tamanho era o calor que emanava do corpo de Ys ao ler o que Sunna havia escrito. Não havia mais nada para sentir e o quarto se tornou gelado. Não havia mais calor. Dobrou em quantas partes foram possíveis aquela última carta e a engoliu. As últimas palavras de Sunna estariam pra sempre junto dele.

Se levantou em seguida. Colocou o seu chapéu na cabeça, juntou todas suas armas, chamou por Galactic, o mnoesta, e saiu de seu quarto. Aquele já não era mais o seu lar. Talvez estivesse cansado de tudo aquilo. Talvez estivesse com muitas dúvidas, mas sem saco para questionar alguém. Já não concordava com muita coisa ali e mesmo assim estava tudo bem. Montou num amontoado de pedra do lado de fora e a acariciou de leve em seguida. Genésio não estava agitado, entendia seu dono e sabia o que viria a seguir. Ys então ajeitou o seu chapéu e começou a trotar na besta.


- Desculpa, Sunna. Eu tô no vazio e não vou conseguir cumprir seu último desejo. E que se foda também, sua desgraçada maldita! Cê foi sozinha... Foi pra puta que pariu sem me esperar! Foi pra onde eu não consigo te alcançar! Desgraçada! - O general xingava sua parceira com um sorriso vazio. Era hora de partir. Ys cruzou os portões cumprimentando os guardas e ao ser questionado onde iria aquela hora, o dragão olhou para trás e respondeu enquanto contemplava toda a estrutura até onde seus olhos alcançavam: -  Eu? Vou dar uma mijada! Obrigado por tudo!