Os navios que foram buscar os pescadores voltaram não revelando nada. Pelo menos voltaram, e inteiros. Passei dois dias na vila de pescadores, fui bem vindo. Passei dois dias ouvindo relatos, lendas, teorias, tudo o que o povo achava que havia acontecido, mas nada de conclusivo. Refizemos o percurso seguido pelos pescadores com pequenos botes semelhantes aos usados pelos desaparecidos. Nos lançamos ao mar apreensivos com o que aconteceria. Mesmo acompanhado por meus seis guardas não me sentia seguro ali. No final do caminho e na volta mais uma vez não vimos nem sentimos nada.

Os soldados e marujos que estavam comigo não diziam com todas palavras, no entanto era claro que ansiavam por desistir e voltar para casa. Diziam: "Talvez tenham viajado", "Fizemos o que podíamos mesmo assim não achamos nem rastro", "O mar é muito grande". Não me atrevi a assomar aquelas reclamações em voz alta, podíamos muito bem começar uma revolta.

- Já ouviram a lenda do choro das viúvas? Há estradas aqui também, pode ser isso... Vamos dar mais uma olhada ao redor da casa dos pescadores e o caminho que faziam se não encontremos nada, bem. Deixei a ideia pairar ao vento. Os soldados hospedados por cortesia na taberna anuíram com minha fala.

Rodeamos as casas vazias, fizemos o caminho até o templo da vila e a fortaleza e depois voltamos. Me dirigi até o mar para simular o caminho dos pescadores até o trabalho, eles seguiram uma trilha sulcada na mata atrás de suas casas até dar lugar a areia e grama. Na interseção entre a areia e a terra vi algo curioso. Se tratava de uma pegada estranha, meio humana, meio animal, irregular ao pisar na areia.

- Senhor? Perguntou um guarda.

- Conhece? Apontei.

- Nunca vi, não faço ideia de que animal seja. Talvez não seja um animal.

As pegadas seguiam até a praia, pareciam recentes e de maneira curiosa nos levou aos barcos encalhados daqueles pescadores desaparecidos, atrás de um dos esquifes estava sentado alguém que se levantou.

- Ei, qual o seu nome? Perguntou um dos soldados.

A figura se levantou armado com um tridente de pescador usado como arpão.

- Ei, espere. O soldado entrou na minha frente para falar com a pessoa que estava em pé e descobriu que o tridente era de batalha, não de pescaria. Aquilo custou a vida do guarda que caiu de joelhos quando a ponta do tridente acertou sua barriga o matando. Ficamos com cinco.

- Cerquem aquilo, mantenham a distância. Disse para os soldados que obedeceram.

Aquilo possui formas humanas e um braço extra e inútil nas costas. Sua cara é uma mistura de peixe gato e humano, seus dentes como lanças afiadas coroando uma boca tristonha que não sorri. A pele de sua cara aparentava ser lisa como a humana, só que oleosa, mas seus membros ostentavam escamas acinzentada e eriçadas. Algo estranho pendia da testa do homem peixe, parecia um sino pendurado. O pescoço do ser é robusto e gordo como um verme branco.

A batalha que se seguiu foi estranha, nenhum som podia ser ouvido só do aço contra o aço e passos na areia. A criatura vestia trapos e uma capa de algas marrons, isso era bom.

No começo ficamos tão perplexos que não atacamos. Retirei o machado de aço negro de guerra que pendia do meu coldre na anca e o empunhei.

A criatura humana meio peixe, impaciente, desferiu o primeiro ataque sem esboçar nenhum tipo de som.

A ponta maior do tridente acertou o escudo do soldado. Outro veio pelo flanco direito, mas usando de uma agilidade extrema o peixe homem prendeu a espada do guarda entre as lâminas do tridente travando a espada. Empurrou as pontas do tridente empurrando braço, espada e tridente perfurando o crânio do rapaz que caiu no chão de imediato. Aquele que se defendeu do ataque com o escudo tentou desferir outro ataque. Tomado por raiva, o guarda atacou apenas para deixar sua guarda aberta e ter seu peito perfurado por uma estocada.

Aproveitei a distração e ataquei usando da postura do Daemakerus e de um ataque pesado, Golpe Pesado. Minha ofensiva foi em vão o demônio bloqueou meu ataque usando do cabo de seu tridente. O aço contra o aço ressoou e estava tão perto da criatura que pude cheirar seu bafo de peixe e tártaro. O peixe homem virou o tridente para acertar minha cabeça. Caminhei para trás e usei o machado como escudo usando de um dos movimentos do Daemakeros, o famoso Arma ou Escudo.

Bloqueei o ataque. O demônio talvez com raiva ou tentando me afastar chutou minha barriga me fazendo cair. Morreria se não fosse os três restantes que vieram me resgatar. Ainda sem folego e com dificuldade para me levantar vi que havia um corte no meu ante braço, não vi quando fui acertado. Olhei para a dança que tinha a areia como palco.

A besta estava sendo atacada pelos três por todos os lados uma torrente de aço e madeira dos escudos. Ao ficar em pé fui até a luta rodeando o caos de lâminas com o intuito de ficar por trás do homem peixe. Um dos guardas tombou com as tripas de fora. Dois ainda lutava. Corri para as costas da criatura e antes que ela percebesse desferi um ataque alto e pesado em seu ombro direito. Finalmente o monstro soltou um som sibilante como uma cobra. Ao se virar a criatura esboçou um ataque, porém antes que me acertasse foi ferida pelas costas de novo. Vi nos olhos do demônio a sua raiva, ele se virou e deu uma estocada tão forte no guarda que o feriu pela retaguarda que seu escudo se partiu e o tridente empalou o soldado.

Brandi meu machado fazendo a lâmina se cravar nas costelas do homem peixe. Por fim, um último ataque. O guarda restante enterrou sua espada no peito da besta. Ainda segurando o cabo do tridente o home peixe escancarou a boca, arregalou os olhos, depois largou a arma deu dois passos em direção ao mar e por fim, tmbou para nunca mais se levantar.

- Misericórdia. Pediu o soldado trespassado e um faca no pescoço fez o resto.

Os curiosos começaram a brotar na praia sem que os chamássemos. Um velho sabido me fez um curativo e as pessoas começaram a rodear e ver o peixe humano, até que ele soltou um grunhido quando as crianças começara o cutucar, mas continuou bem morto.

- Acho que temos um culpado. Disse para os pescadores e para Bertrand.

- O que fazemos com ele senhor?. Perguntou uma moça.

- Queime.

Movimentos: