• Azor Hokar, o deus da destruição, o senhor da consumação, retornou. Reencarnado no mês de Era, em 329, no Império Corrompido de Aronian. Enquanto o continente dos heróis, Samaria, está mergulhado em guerras e conflitos territoriais e políticos, Hokar reúne suas forças para trazer por fim sua vingança sobre toda a Criação – E por sua trágica derrota na Era dos Deuses.

    Enquanto isso, Mahoro Trakarhin, o rei dos imortais e guardião do Criador, prepara os reis e tenta apaziguar as guerras de Samaria para que possam olhar para o verdadeiro perigo que reside ao norte, no Império Aroniano.

    Não se renda ao temor que Azor Hokar representa e todo o mal que ele ameaça trazer. Una forças com o lado que melhor te convier e participe dessa aventura épica!
    Últimos assuntos
    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQui Abr 20, 2023 6:55 pm
    Enviado por Zakir


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQui Abr 20, 2023 9:46 am
    Enviado por Atria


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQui Abr 20, 2023 9:22 am
    Enviado por Atria


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQui Abr 20, 2023 9:22 am
    Enviado por Atria


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQui Abr 20, 2023 9:20 am
    Enviado por Atria


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQui Abr 20, 2023 9:20 am
    Enviado por Atria


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyTer Abr 18, 2023 5:43 pm
    Enviado por Zakir


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySáb Abr 15, 2023 7:45 pm
    Enviado por Elora Vestalis


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySáb Abr 15, 2023 6:51 pm
    Enviado por LtheLord


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQua Abr 12, 2023 9:07 am
    Enviado por Atria


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyTer Abr 11, 2023 8:20 pm
    Enviado por Questão


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySeg Abr 03, 2023 10:33 pm
    Enviado por Elizabeth


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySeg Abr 03, 2023 9:27 am
    Enviado por Uhum


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySeg Abr 03, 2023 8:56 am
    Enviado por Uhum


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySeg Abr 03, 2023 8:26 am
    Enviado por Uhum


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyDom Abr 02, 2023 11:29 am
    Enviado por Natureza


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySex Mar 31, 2023 2:33 pm
    Enviado por Uhum


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptySex Mar 31, 2023 1:48 pm
    Enviado por Uhum


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyQua Mar 29, 2023 4:12 pm
    Enviado por O Sonho


    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi EmptyTer Mar 28, 2023 4:33 pm
    Enviado por Atria


    Entrar

    Esqueci-me da senha




    As Crônicas de Samaria :: Ducado De'Travel

    Ayato
    Ouvinte
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all
    Which weighs more?
    The blade or the past?
    — Mês/Ano: 319~330 E.R.
    — Pessoas envolvidas: Ayato.
    — Localidade: Dawhan, Krieger e Drakir.
    — Considerações: Uso de Redutor [5k] e Boost DIY.
    — Palavras totais: 6595

    XP Sugerida:
    「R」
    Ayato
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t3343-pa-heir-of-the-night
    Ayato
    Ouvinte
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all


    暗闇に
    隠された悪魔
    Havia um homem, cujos cabelos negros lhe cobriam a face e os olhos castanhos ocultavam toda a sua dor. Foi um dia como qualquer outro, enquanto passeava pela capital de seu reino, buscando por motivos para continuar sua vida infeliz, motivos para apenas não abraçar o doce domínio de Van. Motivos e motivos, foram o que lhe fizeram encontrar Frieren, uma draconeza fugitiva do arquipélago fervente, decidida a viver sua vida fora dos costumes e hábitos de sua terra natal. A moça possuía uma aparência adorável, com longos cabelos loiros que complementavam os olhos da mesma cor, grandes, redondos e selvagens na mesma proporção.

    Incontáveis foram os dias que passaram lado-a-lado, tamanha felicidade parecia nublar o sentido de tempo, deixando-os apenas a apreciar a companhia um do outro, não apenas na saúde, não apenas na alegria, não apenas na vida. Alguns anos se passaram, anos cheios de memórias e experiências, até que a primeira criança fosse anunciada. Frieren desejava um menino, por acreditar ser essencial ao primogênito nascer homem, para continuar a linhagem. Se ao menos ela soubesse o destino que a aguardava, poderia ter se preparado melhor, poderia ter tentado obter ajuda, mas mal sabiam das complicações do parto. A pobreza não permitiu que o bebê viesse ao mundo em um hospital, o que dificultou muito o seu nascimento. Naquele dia frio de Lya, quando a neve caía com tanta intensidade e os ventos uivavam em fúria, os gritos de Frieren foram substituídos pelo choro incessante de seu bebê, seguido pelo de seu marido em luto.

    Eu já não me lembro tão bem do rosto de meu pai, já que ele possuía uma forte aversão a me encarar. Me lembro apenas da melancolia palpável que nos acompanhou nos primeiros anos, na tentativa de um homem de esquecer o passado em prol de meu futuro, mesmo sabendo que as coisas não melhorariam tão cedo. Sentia a dor de meu velho, sentia a culpa por saber que minha mãe não estava mais viva por minha causa, mas simplesmente não possuía qualquer capacidade de mudar isso, apenas aceitava o ódio e as agressões de meu pai, que se tornavam cada vez mais frequentes, conforme ele caía cada vez mais nas garras do álcool e das apostas.

    E assim fomos de pobres, para miseráveis. Despejados de nosso barraco, partimos em direção de Krieger, sem qualquer auxílio ou meio de transporte, gastando os sapatos já arrebentados e remendados tantas vezes, que não foi surpresa alguma não terem durado a viagem inteira. As solas dos pés viriam a sofrer em seguida, raspando no solo quente de Sha, até que o primeiro sinal do Reino do Oeste pudesse ser visto.

    No primeiro momento, apenas confiei em meu pai ao saber que teríamos condições melhores em Krieger, sem entender bem o que ele queria dizer. Queria ao menor ter sido capaz de entender os sinais, mas como poderia uma pequena criança captar as malícias de um homem adulto? Seguimos nosso trajeto até a praça central, onde meu velho vasculhava cada canto atrás do que parecia ser nossa salvação, sem parar um segundo para comer, beber ou respirar, ele continuou sua busca, até darmos de cara com homens encapuzados, cujos braços se encontravam enrolados por uma faixa azul. Foi nesse momento que meu pai recebeu seu dinheiro e eu recebi algemas, sendo levado as pressas pelos magos, enquanto aquele velho desgraçado saltitava em êxtase, como o maldito peçonhento que era de verdade.

    Assim acaba a primeira parte, minha infância. Uma criança de seis anos foi entregue para a Torre de Arzallum no verão de 319 E.R.

    Considerações:
    C y a l a n a


    Ayato
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t3343-pa-heir-of-the-night
    Ayato
    Ouvinte
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all


    暗闇に
    隠された悪魔
    De olhos vendados, com grilhões firmemente presos aos pulsos e hematomas grandes e vistosos por todo o corpo, fui arrastado diversas vezes para uma cela escura, úmida e fria. A comida era desagradável e sempre gelada, quando eles sequer lembravam de trazê-la. Não tive qualquer vislumbre do interior daquela torre nos primeiros anos, vivendo como um simples prisioneiro em cativeiro, sendo constantemente espancado e exposto à longas sessões de tortura.

    Às vezes, eles faziam questão de me dizer que aquilo tudo seria por um bem maior, que eram testes de condicionamento físico e resistência. Mas eu sabia a verdade, seus olhos maliciosos e sorrisos sádicos indicavam que faziam aquilo por puro prazer, para simplesmente saciar sua vontade em ver os outros sofrerem.

    Alguns meses se passaram, conforme a carcaça moribunda do que fui uma vez se deteriorava cada vez mais, tornando-me mais fraco e decrépito, até o ponto em que havia já decorado todas suas ridículas formas de tortura, além de adquirido resistência física o suficiente para não sentir mais nada, não importando o quão extremo eles desejassem ir. Com tão pouca idade, eu comecei a me tornar o monstro que eles queriam que eu fosse, então a próxima etapa do experimento poderia enfim ter início.

    Fui levado para mais abaixo do solo, para um lugar tão distante do sol que simplesmente respirar causava dores intensas nos pulmões, dadas as extremamente baixas temperaturas. Logo de cara, encontrei com algumas dezenas de outras crianças, todas portando expressões vazias de descontentamento, desprezo alheio e indiferença, percebendo rapidamente que todos haviam passado pelo mesmo que eu e viriam a sofrer mais uma vez nas mãos daqueles loucos.

    Presos em celas mágicas, cuja resistência era incrivelmente superior às barras enferrujadas, porém resistentes da jaula em que havia sido preso anteriormente, todos eram forçados a receber doses altas de um líquido azulado e brilhante que os cientistas traziam em bolsas transparentes, diariamente. Com um tubo simples entre o recipiente e uma agulha, o líquido atravessava lentamente até a corrente sanguínea, causando uma sensação incômoda de calor e letargia.

    Não demorava muito para que as cobaias sentissem enjoo, dores pelo corpo e fraqueza extrema, isso caso simplesmente não desmaiassem ou tivessem paradas cardíacas súbitas. Cada dia era uma eternidade, conforme cada gota da denominada M.A.N.A penetrasse meu corpo, agindo como um ácido, queimando cada centímetro de meu ser, causando um forte enjoo que dificilmente era capaz de conter. Sabia que recusar a injeção acarretaria em mais tortura, então apenas deixei que isso continuasse, por saber que ao menos assim, poderia enfim chegar a receber meu eterno descanso… se tivesse sorte.

    Algumas semanas ou meses se passaram, sem qualquer sucesso em meu desejo de morte, eu percebi os resultados daquele experimento, notando a coloração azulada no sangue de todos os sobreviventes, apesar da falta de consistência. Era assustador pensar no que nos aguardava, mas se fosse para morrer, que fosse do jeito fácil, não é mesmo? Já estava no fim de minhas forças, não seria capaz de lutar contra isso por muito mais tempo.

    Conforme os meses se passam, mais e mais experimentos são feitos. Perfurações adornando a pele, com injeções dolorosas e demoradas de proteína sintética, tendo sorte aqueles cuja pele não rejeitou o novo tecido, infeccionando ou apodrecendo. Cada semana que passava, podia ver menos crianças ao meu redor, mas ironicamente, podia ouvir cada vez mais barulho, tudo proveniente dos gritos desesperados e agonizantes das vítimas do bárbaro procedimento operatório.

    Villepeños foi o demônio responsável por ceifar a vida de quase meia centena de crianças, tudo para a criação do que ele julgava ser o “ser perfeito”. Não me lembro bem do que aconteceu naquele dia, já que a dor me fez reprimir essas lembranças, mas sabia que havia algo diferente no momento em que acordei em minha cela, com faixas grudentas e azuladas ao redor do intestino e do estômago. Não sentia apenas a dor das profundas perfurações e dos cortes apressados, como podia facilmente sentir as batidas assíncronas com meu próprio coração.

    Mas que filhos da puta… — Sussurrava ao conter as lágrimas, percebendo o ocorrido.

    Já não me sentia mais humano, estava me tornando cada vez mais diferente de um. Os cinco minutos preso dentro dos tubos de Artennor foram realmente assustadores, por pensar que talvez ele houvessem apenas se cansado de seus longos testes, imaginei que fosse esse meu fim; preso e enclausurado em uma quantia opressora de energia, esmagando cada célula de meu corpo, enquanto respirar era impossível.

    Podia jurar ter visto nuvens pela primeira vez em muito tempo, junto dos sons distantes e ecoados de um martelo se chocando contra algo. Ouvi também raios e murmúrios, choros de alegria e alívio, conforme aos poucos, as imagens se tornavam mais borradas e escuras. Como se passasse por uma súbita queda de vários metros, desprendi o tronco do solo em susto, vomitando a mana pura que enchia meus pulmões, tendo apenas a certeza de que havia morrido por cerca de dez minutos, dado o diagnóstico dos médicos e cientistas responsáveis por minha reanimação.

    Com as contribuições científicas e analíticas de Sasilliana Arvum e Harudan, as partes seguintes viriam sem muitas complicações. Meu pescoço e olhos permaneceram enfaixados por um período de tempo ridiculamente grande, tornando até mesmo tortuoso voltar a usar os olhos para enxergar após meses em total escuridão. As glândulas animais no pescoço haviam inchado bastante nos primeiros dias, mas meu corpo pareceu se adaptar e acabou por aceitar bem o transplante, cicatrizando antes do que os olhos. O material integrado permitia que enxergasse facilmente as auras de todos que me cercavam, assim como podia enxergar os vestígios sutís de mana no ambiente, algo que os magos testaram algumas vezes, com pequenos experimentos em labirintos.

    Algumas paredes eram encantadas com magias de armadilha tão sutís que apenas confiar na visão não seria o suficiente. Para aqueles mais confiantes, a falta de percepção foi sua ruína, conforme paredes se fechavam imediatamente no intuito de esmagá-los ou alçapões se abriam e lhe arrancavam fora os membros. Foi um verdadeiro inferno, cada segundo daquela prova, cada instante de ansiedade que fazia os corações bombearem ao extremo.

    Karkoth Riult se orgulhava extremamente de suas magias temporais, pondo muitas vezes as pequenas crianças em estados tão avançados que suas ínfimas vidas chegavam a um fim antes de sequer completarem cinco anos de idade. No início, me sentia estranho ao envelhecer forçadamente, como se estivesse perdendo tempo precioso de minha pequena existência, mas o que pareceu desapontar Karkoth e os demais arquimagos foi minha insistência em permanecer inalterado após algumas curtas sessões, indicando que minha maturidade já havia chegado sem muito esforço. Não sabia ao certo o que eles queriam dizer com isso, então apenas agradeci aos Deuses pela oportunidade de não passar mais pelo quarto de experimentos temporais. Cochichos ainda podiam ser ouvidos às vezes, no entanto, sendo possível ouvir apenas alguns nomes, incluindo o meu muitas vezes, junto de “imunidade” ou “resistência”. Não sabia o que pensar sobre isso, então apenas não pensaria em nada, por hora.

    Com não muito tempo de intervalo entre os exercícios de resistência mágica, Arphenius pareceu animado em testar sua ideia a respeito do implante cerebral. Um processo realmente tortuoso e macabro, no qual algumas poucas cobaias pareciam até mesmo perder a luta pela consciência contra si mesmos, tornando-se nada mais do que zumbis sem qualquer sanidade, permanecendo deitados até que se asfixiassem com a própria saliva ou simplesmente se esquecessem de respirar até sufocar. Não posso dizer se foi por questão de sorte ou de adaptação, mas o segundo cérebro não pareceu me incomodar tanto quanto aos demais… era quase como se ele sempre houvesse pertencido à mim.

    A verdadeira agonia ainda havia de chegar, no entanto, tornando toda a experiência até então muitas vezes pior. A essa altura, poucos eram os homúnculo que ainda tinham alguma força para reclamar ou gritar de dor, permanecendo aqueles que, assim como eu, já haviam abraçado o sofrimento e não sentiam mais nada, apenas a esperança no eventual descanso eterno. O Irlatino foi adicionado pouco a pouco em nossas veias, podendo ser sentido a cada batida dos corações, se arrastando pelo interior de nossos corpos, cortando e raspando o caminho através das artérias, causando um desconforto que nem a mais potente erva anestésica seria capaz de abafar. Até ali, o processo parecia estar enfim terminado, mas tanto os cientistas quanto as cobaias não imaginavam que havia um último passo a ser dado na cadeia evolutiva.

    Poucos foram os que não manifestaram uma fúria assassina para com seus carcereiros, mas alguns mais poucos ainda eram aqueles que atingiram o estado superior de evolução, no qual todas as funções seriam elevadas ao extremo, tornando-os verdadeiras máquinas de matar. Eram dias difíceis, repletos de cuidado e vigília constante, até que alguém surtasse e ceifasse a vida de dezenas de guardas e até outros experimentos, antes de explodir por causa do fluxo agressivo de mana ou ser varado por dezenas de lampejos dos tão famosos “inquisidores”.

    De qualquer forma, praticamente já estava morto naquele momento. A criança havia se tornado um monstro no inverno de 321 E.R.

    Considerações:
    C y a l a n a


    Ayato
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t3343-pa-heir-of-the-night
    Ayato
    Ouvinte
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all


    暗闇に
    隠された悪魔
    Talvez não fosse a ideia mais sensata deixar um homúnculo passear pelos corredores de uma grande escola, mas foi o que aconteceu em seguida. Alguns poucos de nós pareciam manter sanidade o suficiente para ainda possuir um resquício de humanidade, sendo então selecionados para cursar a grande escola, no intuito de se aperfeiçoar e melhorar ainda mais. Não se engane, de forma alguma eles permitiriam que nos aventurassemos sozinhos após tantos anos de reclusão e tortura, eramos constantemente vigiados por seladores, cuja habilidade nos impedia de falar qualquer coisa a respeito do procedimento.

    Não era tolo, afinal, passar meus dias estudando, comendo na cantina ou dormindo em uma cama quente e macia, seriam infinitamente melhores do que voltar para uma cela fria e suja. Então eu me dediquei, usei o tempo que me foi entregue para me fortalecer com tudo que aqueles desgraçados tinham a me oferecer, descobrindo então minha aptidão e refinando-a infinitas vezes mais do que faria sozinho na escuridão.

    Tudo começou com uma entrega, um pequeno pacote e vestimentas me foram entregues na calada da noite, a primeira em que passei em meu novo quarto. O material recebido era constituído de uma mochila velha e surrada, alguns grimórios reserva com algumas páginas faltando, algumas pela metade e outras até mesmo vazias. Além disso tudo, a varinha que recebi havia sido modificada para me punir caso tentasse usá-la contra alguém da torre — clássica medida de segurança.

    Naquele mesmo dia, foi quando o rito de passagem teve início, o “batizado da magia”. Assisti à seleção com atenção, notando a orbe suspensa pela enorme estátua brilhar e exibir símbolos aos quais já conhecia de antemão — símbolos das casas. Todos pareciam comemorar e enaltecer os alunos selecionados para casas de grande renome, como as casas de Kavir ou Arikis, acreditando que eles se tornariam grandes pessoas e magos poderosos — mesmo que portassem tanta podridão em seu âmago.

    Não demorou para que um aluno fosse selecionado para a décima segunda, a tal “casa do tecido negro”. Não era segredo algum que todos os magos desta casa eram considerados escória, uma vez que os garotos sequer se continham em vaiar os escolhidos para ela. Imaginei ao me aproximar do lago que seria inserido junto à eles, um simples e sujo submundano a mais no mundo, posto com a ralé para sofrer com preconceito e desrespeito, mas não foi o que aconteceu… A orbe permaneceu acesa por um longo minuto inteiro, decidindo meu destino com dificuldade, gerando até olhares confusos e perdidos em meio ao cenário. Foi no momento em que a bolha roxa de energia surgiu para todos que a gritaria teve início.

    Ele quebrou a orbe! Como um submundano não iria para a décima segunda casa?

    Era o que mais pareciam se importar, descobrir como um ser impuro ganharia um lugar além do chão, comendo poeira. Sem dar ouvidos à ninguém, me ergui das águas geladas do lago e retornei para meu dormitório. Eventualmente, as aulas teriam início.

    Foram longos e cansativos anos, conforme avançava de forma maestral e louvável por todas as propostas de atividades, desenvolvendo um controle tão avançado sobre a mana que ainda aos doze anos já havia me tornado um mago licenciado. Não importava o quão complexas fossem as instruções, algo em meu âmago parecia sempre saber exatamente o que fazer, tornando tudo uma grande brincadeira de criança. Decidi tomar um tempo para mim, conforme os seladores pareciam já ter baixado a guarda em sua vigília, vindo a considerar que jamais me tornaria uma ameaça, para que tivesse foco em estudos mais privados, acerca dos mais diversos assuntos. Os infinitos livros na biblioteca do terceiro andar me ajudaram muito diversas vezes, além de que a senhora Porum parecia gostar o suficiente de mim para que deixasse eu levar um livro ou outro para meus aposentos ocasionalmente, contanto que os devolvesse no dia seguinte sem falta.

    Mesmo que não fosse o foco principal da torre, era relativamente fácil encontrar livros relacionados à religião. Contos fictícios sobre bravos magos que se aventuraram no mundo dos mortos e o dominaram com seu grandioso poder. Parecia ser uma grande baboseira, mas pequenos detalhes me traziam lembranças do dia em que meus corações pararam e fui dado como morto. Naquele momento, em que minha atividade cerebral foi dada como encerrada, como eu poderia ter tido um sonho tão real? Talvez um ou outro livro pudesse ter respostas, então aproveitei meu tempo livre para estudar mais a respeito, mesmo sem muito interesse em me tornar um adepto.

    Não foram os anos mais tranquilos da minha vida, mas eu não imaginei que era apenas o início. Não poderia imaginar que em tão pouco tempo seria convocado pela ordem para atuar como inquisidor, caçando aqueles que faziam uso de magia sem uma licença apropriada. Parecia uma piada de mau gosto, pedir que um garoto tão jovem colocasse sua vida em risco em nome de seus carcereiros, mas foram os arcanistas que riram por último, dobrando minha vontade com o uso daquele maldito selo.

    Não adiantaria lutar contra, mas de certa forma, sequer tinha mais vontade de fazê-lo. Com um olhar derrotado e espírito abalado, apenas aceitei a oferta e recebi meu novo uniforme, partindo imediatamente para minha primeira missão.

    Eram noites inacabáveis, repletas de morte, sangue e fogo. Quando a vontade de poupar a vida de um bruxo se estabelecia forte, o selo me forçava a acabar o serviço, ceifando sua vida. E assim o ciclo se repetia e repetia, até que a figura de uma criança se tornou novamente na silhueta de um monstro, capaz de matar sem qualquer aviso ou hesitação. Entre os pequenos flashes de memória que o maldito selo me permitia ainda ter, me lembro da figura de um homem ruivo, que sempre pareceu se preocupar um pouco mais do que os demais magos, tentando ser… gentil, talvez?

    Bom, assim se foram mais dois anos, até que atingi a fase adulta, sem qualquer perspectiva ou ambição, apenas servindo como uma ferramenta de execução, um cúmplice em tantas mortes que até o céu poderia estar vermelho. Eu realmente não me lembro o que aconteceu naquele dia, foi tudo muito rápido… Foram flashes rápidos de luz, lampejos e explosões. Havia um homem e sirenes informavam a respeito de um intruso. Quando me dei conta, eu estava fora daquele inferno, partindo em direção do leste mais uma vez, deixando minha jaula para trás.

    Pensei que poderia enfim encontrar a paz, mas era óbvio que nem mesmo Dawhan era segura agora, eu havia sido marcado e poderia ser encontrado em qualquer lugar. A ideia surgiu em um rápido devaneio, vendo os barcos partindo do porto dia após dia, carregando pessoas com ambições de aventura e riqueza, me inspirando à seguir seu exemplo em busca de uma vida nova.

    Com apenas quinze anos, parti em uma pequena caravana festiva na direção de Drakir, no outono de 327 E.R. Não foi a viagem mais agradável, mas já havia passado por tanto, que a experiência até que foi interessante.

    Considerações:
    C y a l a n a


    Ayato
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t3343-pa-heir-of-the-night
    Ayato
    Ouvinte
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all
    Diplomacia
    Imagem grande : A reaper to slay all


    暗闇に
    隠された悪魔
    Parar meu trajeto em Xuridra seria tão óbvio quanto esperar que gelo se torne água ao esquentar, então fui mais para o sul, buscando refúgio em Wangshu, que apesar de não haver contado para ninguém, foi o lar de minha mãe. Esperava sequer encontrar algo ao cruzar o grande nevoeiro, mas conforme a embarcação parecia serpentear mar adentro, os primeiros sinais das enormes montanhas e cachoeiras pareciam vir à tona, se desdobrando em meio à neblina.

    As enormes carcaças de dragões antigos pareciam enfeitar a ilha de forma artística, apesar de ser um tanto mórbido poder ver o que restou dessa antiga era. O barqueiro me deu instruções claras de que direção deveria evitar caso quisesse chegar ao “Cemitério dos Dragões”, então fiz questão de ouvi-lo atentamente para evitar confusão. O homem sequer atracaria ou ousaria desacelerar seu barco, sendo uma aproximação leve o máximo que ousaria fazer, permitindo que pulasse em direção da ilha se assim desejasse. O capitão não foi capaz de evitar mencionar os espíritos cruéis e perturbados que perambulavam por toda parte, devendo evitar cruzar caminho com eles caso desejasse me manter são.

    De qualquer forma, agora já era um pouco tarde para voltar atrás. Caminhando pelo local, podia notar facilmente a energia diferente que o ambiente carregava, causando um certo desconforto e arrepios constantes em minha espinha. Mas apesar disso, as paisagens pareciam fazer tudo valer a pena, com tanta vegetação se mesclando às grandes cerejeiras e árvores das mais distintas cores. Os templos religiosos eram grandes, e embora parecessem abandonados, pareciam se manter bem conservados e limpos, como se o tempo nunca passasse para eles.

    Foi necessário cerca de um dia e meio de caminhada para encontrar uma pequena aldeia de nativos, que apesar de parecerem possuir certa desconfiança e desgosto pelo que meu sangue representava, foram convencidos pelos espíritos à me deixarem ficar por algum tempo, até mesmo se oferecendo para me apresentar o local e suas tradições.

    Com a grande vantagem do segundo cérebro, não levou mais do que uma semana para que começasse a me acostumar ao idioma dos antigos draconatos, tornando relativamente mais fácil de compreender meus anfitriões, além de também poder conversar levemente e até criar pequenos vínculos com todos, ajudando-os nas tarefas do dia-a-dia. Infelizmente, nenhum deles parecia conhecer minha mãe, tampouco sabiam de que vilarejo ela teria vindo, tornando minha futura busca um pouco mais complicada.

    Foi na segunda semana naquele local que uma figura mascarada se apresentou diante de todos, buscando o Mārhǔst Gē'hí. A princípio, ele não parecia agressivo, então não me importei em me apresentar diante dele, aguardando saber suas intenções. O homem mais alto e muito mais velho parecia irado, encarando-me com raiva palpável, conforme apertava a katana em sua bainha, puxando-a para fora lentamente. Estava pronto para trocar um golpe ou outro se fosse pelo bem dos aldeões, mas não gostaria de causar estragos desnecessários por motivos egoístas, tornando a minha solução mais plausível a de me render, erguendo as mãos.

    Sinceramente, as coisas estavam tão ruins que estava preparado para morrer ali mesmo, mas o homem abaixou sua arma, retornando-a para a bainha, assobiando logo em seguida. Das vegetações e de cima dos casebres da vila, outros indivíduos se aproximaram rapidamente, pulando de forma acrobática em meio ao ar, parecendo até mesmo voar graciosamente pelo céu, antes de caírem ao meu redor, segurando meu corpo com tanta força que resistir seria impossível mesmo que desejasse. Não demorou para que tudo se tornasse preto e desacordasse, provavelmente consequência de um golpe forte na nuca.

    Por detrás da venda negra, após enfim despertar, podia ver pouca iluminação, como se estivesse em um ambiente mal iluminado. Meu pescoço estava levemente dolorido, ainda por consequência do golpe, mas ao massageá-lo pude notar a ausência de amarras, vindo a retirar a venda logo em seguida. Diante de mim, sentado em um elegante sofá de couro negro, jazia um draconato já com os primeiros sinais de velhice, encarando-me tão profundamente que parecia estar julgando minha alma.

    Najā… Namaozúr, mā fán Frieren! — Disse ele, antes de bebericar um pouco de sua taça. — Khi'yo vúfán namae, ho?

    Com nada mais do que uma semana de aprendizado, não soube compreender totalmente o que ele dizia, mas sabia que havia ouvido o nome de minha mãe vindo de sua fala. Os olhos se arregalaram suavemente, até que ele compreendeu a situação e refez sua pergunta.

    Frieren não te ensinou a falar como um de nós, garoto? Eu perguntei o seu nome…

    E lá estava, mais uma vez o nome dela, indicando que eu não havia enlouquecido ainda — eles realmente conheciam minha mãe? Minha boca se abriu para começar a falar, mas eram tantas as perguntas que minha voz travou, tornando possível apenas balbuciar algumas sílabas ininteligíveis. Após uma forte inalação de ar quente daquele ambiente, o oxigênio pareceu invadir meu cérebro com vontade, permitindo que retomasse o foco necessário para a situação.

    Eu me chamo Ayato… como você conhece minha mãe? Onde eu estou, a propósito? Quem são vocês? — Eram muitas perguntas, mas elas pareciam ser feitas na ordem de importância.

    O velho sorriu de canto, esnobando minha curiosidade e encheu o peito em toda sua glória. Com um estalo de seu dedo, uma figura inteiramente negra se fez presente, ajoelhada ao lado do homem em sinal de respeito. Algumas palavras em Drakon foram trocadas, me parecendo mais um conjunto de ordens a serem seguidas, até que a silhueta desconhecida desaparecesse tão rapidamente quanto havia chegado.

    Ora, seja bem-vindo, Ayato. Eu me chamo Kinyu, embora todos aqui me chamem de mestre, como você irá perceber. — Ele se ergue e caminha em minha direção, com um pomposo sorriso. — É impossível não reconhecer a aliança de alguém que amei tanto, a aliança de minha falecida esposa, repassada como tradição para minha querida filha… sua mãe.

    E então, como se nos conhecêssemos por anos, Kinyu me abraçou como alguém abraçaria um parente querido, embora não conhecesse nada além de meu nome. Estava certo em ter guardado a aliança, embora não soubesse os problemas que o futuro me reservava. O mestre fez um sinal, invocando duas figuras encapuzadas de estatura baixa, ambas permanecendo paradas ao seu lado.

    Talvez isso seja um choque para você, mas você é o primeiro filho de nove crianças. Nem todas estão no templo no momento, mas estas duas vieram para te receber. Otori e Nana, apresentem-se.

    Não havia sequer superado o choque de ainda possuir algum familiar vivo, mas ainda fui informado de que éramos muitos. Ambas as garotas retiraram seus capuzes, demonstrando traços tão similares, embora fossem tão distintas, que era fácil de deduzir que fossem verdadeiramente irmãs. Não busquei qualquer semelhança entre nós, por sermos obviamente bem distintos, mas uma parte de mim sabia que o que Kinyu disse era verdade; Eu estava diante de minha família.

    Otori permaneceu neutra, fazendo um sinal de “v” com os dedos indicador e médio da mão direita, parecendo claramente indiferente à minha presença. Nana, no entanto, correu em minha direção para me dar um abraço, tal como meu avô havia feito. Era estranho receber tanto afeto de uma só vez, mas não poderia me acostumar com a ideia ainda, não fui criado assim e imaginei que não perduraria.

    Não se preocupe, Ayato. Nós vamos te ajudar com o treinamento. Você vai pegar o jeito rapidinho. — Disse a mais próxima, com um grande sorriso no rosto.

    Treinamento, ela disse. Não imaginei de forma alguma quão tortuoso seriam aqueles três anos. Não importava quanto tempo se passasse, simplesmente não conseguia me acostumar com as exigências e expectativas. Acabei por ouvir Kinyu-Masēn conversando com uma silhueta desconhecida certa vez, falando a respeito de um sucessor. Imaginei o quão feliz ele estava, agora que um filho homem havia surgido, ele pensava certamente em me passar o bastão, sem sequer pensar se eu possuía algum interesse.

    Já acostumado a seguir ordens e buscar sempre me exceder, passei por todos os treinamentos básicos, médios e avançados do clã, superando com certa tranquilidade a maioria dos estudantes. Talvez pelo sangue misto, talvez apenas por aptidão ou habilidade inata, ninguém era capaz de me superar naquele momento. Foi assim que ganhei o apelido de “Kanhí”, como eles chamam um Prodígio na língua dracônica.

    Mais importante do que possuir uma coordenação e aptidão física extraordinária, todos deveriam ter uma mente tão afiada quanto o fio de uma lâmina, então grandes sessões de estudo e leitura estavam inclusas no pacote. Otori não parecia se sentir muito à vontade na minha presença, sempre perdendo a calma ou a compostura quando estávamos próximos, então ela apenas me indicou alguns livros da biblioteca, por onde eu poderia começar. Nana, no entanto, aparecia com mais frequência, vindo até mesmo a me ensinar diretamente a língua antiga. Aprender com alguém, sem dúvidas era muito mais fácil do que tentar aprender tudo sozinho, ainda mais quando esse alguém era versado e nativo do idioma em questão.

    Os anos se passam, mas apenas Otori e Nana se fazem presentes no templo. Imagino que tipo de missão minhas outras irmãs realizam, mas tinha a certeza que não era nada na ilha. Depois de muito suor e treinamento, consegui atingir o ápice da forma física, duelando contra grandes guerreiros draconatos com anos de experiência, destruindo-os em questão de segundos. Meu avô se impressionava não com a força bruta, mas com o intelecto de saber a hora exata de atacar, o momento de recuar e a capacidade de ler a energia do adversário para prever seus movimentos.

    Após tanto tempo aprimorando meu corpo e mente, enfim havia chegado a hora de aprimorar também o espírito. Talvez esse tenha sido o período mais cansativo de todos, pelas longas sessões de meditação e contemplação. Não tardou para que começasse a aprender sobre os rangdras, uma vez que o papel de todos do templo era o de proteger Wangshu, assim como a criação. Sentados um de frente para o outro, ambos na posição de lótus, eu e meu mestre debatíamos constantemente a respeito do assunto.

    ”A obscuridão de um eclipse”. É o que eu vejo em você, garoto. O Rangdra Jigrū é o mais forte em você, sem dúvida alguma, embora não deva ser o único. — Foi o que Kinyu disse da primeira vez.

    Trevas? Não é algo ruim estar repleto de escuridão? — O questionava constantemente, crendo estar sendo comparado a algo ruim.

    HAHAHAHAHAHA. De forma alguma, Shǔridrá. Perceba que para existir um povo, devem existir pessoas — homens, mulheres e crianças. Para que seu espírito exista, para que se eleve, não deve existir apenas maldade em você. — Kinyu então toca meu peito com a ponta de seu indicador — Não existem apenas trevas dentro de você, Ayato. As sombras são fortes em você, mas é importante não deixá-las controlar o seu caminho e suas escolhas.

    Meu mestre amava suas reflexões, sempre encerrando o dia com um questionamento filosófico para que pensasse a respeito em meus aposentos, até a hora que entrasse nos domínios de Yun. Foram árduos anos, mas sentia cada vez mais que tudo valeria a pena. E embora cada dia fosse mais tranquilo, sentia ainda mais uma perturbação estranha nas energias daquele lugar.

    Como se já houvesse vivido uma vida inteira, estava em enfim em paz. No inverno de 330 E.R, antes que todo o caos fosse desencadeado, eu era finalmente feliz de verdade.

    Como todo período de paz, eventualmente a calmaria cessou, dando lugar à ansiedade e paranoia. Pessoas da ilha desapareciam na calada da noite, simplesmente parecendo evaporar completamente, sem deixar qualquer rastro ou vestígio. Não demorou para que o templo fosse avisado, despachando um pequeno grupo de busca para verificar a situação. Como um dos melhores, meu avô me pediu para que fosse junto, pois poderia haver algo poderoso envolvido com toda essa loucura.

    Os pequenos vilarejos não possuíam qualquer informação útil, apenas contos e fábulas a respeito de um espírito demoníaco que buscava crianças enquanto elas dormem, o que não parecia com algo crível, embora fosse algo relativamente normal na região. Bastava olhar em volta para sentir os espíritos que nos rodeavam constantemente, embora eles parecessem estar constantemente satisfeitos o suficiente para não criar confusão. Algo havia mudado nesses três anos, mas ainda era cedo para deduzir o porquê.

    Pequenos grupos foram feitos para cobrir a maior área possível, dividindo-se em um trio para cada vilarejo das redondezas, como uma forma de manter a vigília durante a noite, para pegar o responsável pelos desaparecimentos. As horas se passam e eventualmente é necessário que sejam feitos turnos revezados entre o trio, sendo entregue à mim o segundo. Com certa dificuldade, consegui fechar os olhos por algumas horas, descansando minimamente para um possível conflito.

    Com um líquido quente escorrendo por meus braços e tronco, percebi que algo estava errado, quase como uma perturbação forte em minha alma. Os olhos se abriram no mesmo instante em que a katana foi sacada da bainha, cortando o vento, criando um sibilar suave enquanto a criatura hedionda se distanciava do golpe, esquivando-o.

    Aquilo não disse uma só palavra, mas sua grande boca se moldava no formato de um sorriso macabro, enquanto apertava fortemente um de meus companheiros em sua mão esquerda, espremendo-o como um tomate. Meu outro parceiro havia acordado com o movimento brusco de antes, encarando a criatura que ele chamou de Kraejigō. O garoto tentou fugir logo em seguida, reunindo toda sua vontade de permanecer vivo nos pulmões, correndo com toda velocidade na direção contrária ao de nosso inimigo, que nada mais precisou fazer do que esticar seu braço na direção do garoto, agarrando-o e o levando até sua boca com extrema velocidade.

    Os dentes se fecham e o sangue jorra, enquanto o monstro ri sadicamente, antes de devorar também o que restou de nosso terceiro companheiro, já há muito falecido. Talvez a raiva fosse demais para mim naquele momento, mas diante da besta azul responsável pela morte de meus companheiros, eu me senti perdendo o controle pela primeira vez, avançando contra ela com toda velocidade que possuía, sentindo as veias em meus braços e pernas se contorcendo ao extremo, enquanto meus dois corações batiam intensamente e os dois cérebros pareciam ter se esquecido de como elaborar um plano.

    Mas para ser justo, um plano não foi necessário naquele momento. A força bruta foi o suficiente para despedaçar aquele desgraçado, cortando e retalhando-o por inteiro, até que não restasse mais traço de sua insignificante existência. Foi nesse momento que o ouvi falar pela primeira vez, dizendo nada mais do que um pequeno conjunto de palavras antes de desaparecer em fumaça. No entanto, suas palavras me fizeram pensar, o que me deixou congelado por alguns segundos.

    Mentiras. Segredos. Morte.

    Foi graças à essas palavras que ao retornar ao templo, após uma cerimônia funerária em homenagem aos meus falecidos “irmãos”, eu fui em busca de mais informações. Eu sabia a rotina de meu avô, então me esgueirei até seus aposentos em sua ausência, acreditando que apenas lá poderia encontrar o que tinha interesse. Com muita busca, vasculhando suas diversas gavetas e livros, descobri um livro específico que servia como alavanca para um compartimento oculto. Peguei os vários papéis presentes e usei da leitura dinâmica para achar o que me interessava, me assustando com o seu conteúdo.

    Ao que tudo indicava, minha mãe passou por oito tentativas de ter um herdeiro para o templo, enquanto seu marido adoeceu cada vez mais, por causa de uma doença desconhecida. Com a chegada da oitava filha e a morte do homem, meu avô tentou obrigá-la a se casar com outro homem à força, o que acabou por fazê-la fugir imediatamente. Haviam papéis mais recentes, diários escritos durante minha estadia no templo, com mensagens de ódio às outras ilhas e seus governantes, culpando-os pela crescente quantidade de espíritos rancorosos e pelo desequilíbrio espiritual.

    Agora que você está entre nós, nós enfim temos a chance de revidar, Ayato. — Disse uma voz familiar, cortando o silêncio como um trovão. — Eu tentei deixá-lo na escuridão por mais tempo, mas parece que você já descobriu a verdade. Nós temos que nos levantar e proteger a criação, você compreende?

    Assassinando os outros líderes do Arquipélago? Tomando a liderança de tudo para você? Isso não é manter o equilíbrio, Masēn, mas justamente o oposto. — O respondi enquanto esmagava os papéis com raiva.

    Ora, você sabe como eu fui misericordioso em aceitar um filho sujo e indigno de minha filha como sucessor? Você deveria estar feliz em assumir o meu posto, seu pirralho! — O velho retira os braços de dentro de seu kimono, revelando o tórax repleto de cicatrizes. — Se não será meu sucessor, você não tem mais serventia aqui, māgē.

    E após uma luta longa e cansativa, com laminas colidindo e sangue sendo derramado de ambos os lados, o espírito cansado e deturpado de meu avô cedeu, permitindo que ele tombasse. O homem caído de joelhos diante de minha espada, sorria intensamente, contente com o monstro que havia sido capaz de lapidar, feliz em ter gasto seu tempo em me treinar. Ele sabia que depois daquilo, dificilmente sairia do templo com vida, assim como eu também sabia, mas não possuía qualquer temor em tentar.

    Vamos, finalize! — Ele gritou uma última vez, dando início à sua sentença de morte.

    No instante em que a katana se moveu contra seu pescoço, ceifando-lhe a cabeça, a porta se abriu com força. Observando a cena, estava Nana, com seu arco já tensionado, que disparou uma flecha em minha direção por impulso. A flecha atravessa parcialmente o ombro direito, fazendo com que a katana caia de minha mão. A mais velha encara a situação com descrença, parando alguns segundos para buscar entender o que ocorreu. As lágrimas escorrem dos olhos de ambos, conforme a mão da draconesa busca outra flecha, apontando-a para mim uma segunda vez, acertando o centro do peito, me fazendo tombar contra uma grande janela de vidro, que se estilhaça e permite que eu caia para o lado de fora.

    Fiquei desacordado por alguns minutos depois disso, mas pelo corpo encharcado, pude imaginar que apenas sobrevivi ao tombo por ter caído no grande riacho abaixo do templo, para então boiar até a margem, onde acordei. Não havia mais nada para mim ali, então eu fugi, desaparecendo da ilha junto do próximo barco que surgiu.

    O propósito do templo é nobre, então os papéis com as confissões de meu avô foram rasgados e jogados ao vento, permitindo que ao menos o lado honroso e justo de seu legado permanecesse, mesmo que a troco de minha honra e inocência.

    Minha chegada em Licentia foi conturbada, com exames e testes intermináveis, tudo para ter certeza de que não era um espião ou eventual traidor. Sem dúvidas, poderia contar nos dedos quantas pessoas se mostraram fiéis desde o princípio, me tratando como um ser humano de igual valor.

    Não tardou muito para que os detalhes a respeito da Ordem chegassem aos meus ouvidos. No ano em que fugi daquela maldita torre, em 327 E.R, foi quando a guilda ainda se chamava de Brigada Masduriana. Descobri muito a respeito do passado da instituição, podendo até mesmo encontrar antigos estudantes da torre em cargos de poder — sendo até mesmo irônico poder reconhecer alguns deles como encrenqueiros do passado. Não apenas sobre a história da revolução, como também os temores que uma inquisição governada por seres repulsivos e corrompidos poderia gerar. Talvez os grandes livros do caminho da montanha não estivessem tão incorretos afinal. Agora, só restava me preparar para o que viria.

    Considerações:
    C y a l a n a


    Ayato
    Personal Area : https://samaria.forumeiros.com/t3343-pa-heir-of-the-night
    Kalam
    Urakivari
    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi BWh9SQt
    Imagem grande : [DIY Insana] Mi’gi nin'hi SmZ9NEz
    [DIY Insana] Mi’gi nin'hi BWh9SQt
    Imagem grande : [DIY Insana] Mi’gi nin'hi SmZ9NEz
    AYATO

    O resultado de sua DIY insana foi:

    - 120 P.C.
    - 15 S.O.
    - Atributos maximizados.

    1000xp em:
    — Caminho da Montanha (religião)
    — Caminho da Montanha (livro)
    — Kin Kadrakir
    — Dawhan
    — Samarianos do Leste
    — Krieger
    — Samarianos do Oeste
    — Torre de Arzallum
    — Magia Samariana
    — Escola de Arzallum
    — Drakir
    — Draconatos
    — Revolução Bruxa
    — Inquisição de Genevere

    Dúvidas ou reclamações? Favor, enviar mp a Natureza.
    Atenciosamente, Kalam.
    Kalam
    Personal Area : https://docs.google.com/document/d/10Nm_KtRFnTBbXj6E0H9WQuNuWRbUGlSZkhDr9v4NSXU/edit?usp=sharing
    Tramas : https://samaria.forumeiros.com
    Conteúdo patrocinado
    Não podes responder a tópicos