Pois bem, querido… Como posso te contar a respeito dessa história ? Porque tudo há uma conexão, por mais simples que seja. Tudo há de existir em algum lugar ao mesmo tempo. Esse lugar se chama brid.

Mas nessa época eu não sabia… Apesar de ser uma investigadora.

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As guerras em Aronian estavam intensas como nunca, e eu me encontrava na vida adulta já, sendo dez anos depois que descobri a magia, e também poucos anos depois desde que havia deixado meu lar pela morte de meu pai.

O que faria eu com conhecimento reunido, habilidades de combate e atléticas, além de urgência para viver minha própria vida em um continente de guerra entre aronianos e criaturas infernais chamadas de corrompidos em uma época conhecida como O Cataclisma ?

Foi isso que me perguntei por muito tempo até que encontrei a resposta na pessoa que eu mais amava, meu pai. Iria seguir seus passos do passado que tanto havia sido ocultado de mim, assim como Kar possui seus segredos para o bem. Eu iria utilizar dos segredos para fazer minha luta contra a consumação.

E era por isso que eu estava naquela cidade.

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Posso me recordar de que em minha infância eu li um livro sobre o elemento brid, e de suas influências no mundo. O livro havia sido escrito por um Manadil, e estava tão velho devido a idade que se conservou aquele monte de papel com conhecimentos tão raros e profundos a respeito da natureza do conhecimento. E isso me interessava bastante.

Havia necessidade de entender sobre aquilo que desde muito tempo me intrigava.

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Há alguns meses atrás eu havia investigado a respeito do brid, e não havia resquícios de nada, portanto, tudo havia me levado a Wodamarun, especificamente uma mulher alquimista. E por ser minha primeira vez naquela cidade, eu estava perdida.

Porém, em uma cidade portuária, onde uma alquimista poderia visitar com maior frequência ? Certamente o próprio porto pela chegada de novas plantas exóticas que poderiam ser úteis para fabricação e experimentações novas.

E por isso foram investidas longas horas de perguntas e conhecendo aquela cidade, principalmente o porto. Era necessário que eu entendesse totalmente o ambiente e as principais figuras, e uma alquimista também.

Apesar de tudo, consegui entender que o mercado era movimentado basicamente pelos navios que chegavam com mercadorias diversas, e que existiam várias alquimistas pela área, porém, a mais bem conhecida chamava-se Hanna, e era uma senhora de idade avançada com bastante conhecimento.

Hanna costumava caminhar pelo mercado em busca de algumas plantas vindas de outros lugares distintos, como Samaria. Em Aronian isso era caro, e muito raro, portanto, quando tive a primeira oportunidade, já comprei várias dessas plantas vindas de Samaria, e já planejava o que fazer.

Portanto, procurei o estabelecimento de Hanna naquela manhã. E apostava tudo naquela jogada que eu tinha, era um chute sim, pois sequer sabia que ela utilizava o brid ou não, mas poderia ser minha única pista até então. A única pista de anos de busca.

Com isso, estava de frente para o Estabelecimento de Hanna que era humilde e relaxante, feito por maior parte de madeira e pedra, com janelas recheadas de decorações com plantas.

Em tranquilidade abri a porta e um sino tocou da parte de cima, alertando que alguém havia entrado - Senhora Hanna ? A senhora está ? - Perguntei enquanto adentrava o estabelecimento, e meus olhos negros rodavam o lugar em apreciação e observação.

Do canto de um balcão em uma mesa, estava uma senhora cortando alguns gengibres com uma faca, e aquele cheiro emanava o ambiente, e ao ver minha figura se aproximando, ela virou-se com os olhos cerrados, tentando analisar algo. - Pois não, querida… ? -

- Bom dia. Eu me chamo Lithea, e ouvi falar da senhora, então vim aqui - Coloquei logo a cesta de ervas de Samaria em cima do balcão dela, e com um rápido olhar a senhora soube de onde havia sido retirada.

- Essas são do mercado, não ? - Os olhos dela ficaram desconfiados para mim, que uma sobrancelha dela havia se levantado.

Eu senti aquele olhar pesado e difícil de se convencer. - Sim… Eu na verdade estou procurando algumas pistas sobre algo, e busquei negociar com você, mas se não se sentir satisfeita, eu posso não dar elas para você - Eu falava com tranquilidade e sinceridade.

- Não! Deixe elas aí, garota. O que você procura ? Quem sabe uma velha como eu possa saber… - Ela voltou a cortar o gengibre em pequenas partes, onde naquela mesa já havia vários, e a faca já estava com a lâmina verde.

- Brid. É algo que eu procuro desde muito tempo, e estou com quase dezoito anos agora. Em todos esses anos de busca, estou aqui em sua frente procurando. - Meu olhar era determinado.

- Não vai adiantar mentir pra você, porque sei quem você é também, Lithea. Seu jeito, seu olhar analítico fala muito sobre você antes mesmo de você se pronunciar. Mas o que você procura com algo tão raro ? - A senhora ainda continuava cortando, como se não fosse nada ao falar daquilo.

- Eu ainda não tenho meu elemento, e estou procurando respostas do passado de meu pai. Por vezes as informações passam pela minha cabeça como uma conexão com algo, e eu nunca entendi isso. Eu preciso aprender a controlar esse poder para poder me conhecer também, saber minha origem, e por qual motivo estou em uma terra tão morta. -

Hanna virou-se para mim e me encarou profundamente, e eu pude sentir o olhar penetrando minha alma em busca de entender meu sentimento.

…

A conversa seguiu, pois não havia maldade em meu peito, e nem temor por nada além do que se escondia. Quebrar esse medo foi parte da contribuição dessa senhora para mim. Hoje eu entendo que ela é tão boa quanto uma imortal que ajuda aqueles que estão sem esperanças para erguer-se contra o Fim.