A corrente de ar gélida da noite de Badur rompia a fina camada de calor que restava no cômodo fazia o corpo exposto de Jake se arrepiar por completo, cada pelo do corpo se eriçava fazendo com que a jovem hecna arqueasse o corpo para frente se abraçando. A falta de vestes compridas e decentes não ajudavam muito em manter o corpo esguio aquecido. Mas aquilo era uma escolha própria, já que a arrogância da garota fazia com que ela tivesse que mostrar ao mundo o quão forte era ela comparada com o resto dos sangnataes.

— Achou mesmo que ninguém ia te entregar? Você é antigo aqui, deveria saber que é isso o que você ganha por confiar nos outros. A Casa dos Nihil não ia estar na quarta matriarca se desse para confiar as costas para os amigos.

Na frente de Jake estava um dos servos mais antigos da família. Foi entregue justamente pelos outros servos que tanto confiava. A acusação nem de perto perturbava a hecna, pouco importava para ela o que os outros faziam da própria vida. Mas ser burro o suficiente para ser visto ajudando uma baduriana e alegar que aquilo era um romance proibido na frente dos outros escravos e serviçais foi o que cuminou nesse momento. A jovem líder não poderia se demonstrar fraca e teria que lidar com a merda do problema que tinha sido arranjada para aquela noite que poderia ser ocupada com vinho e festa.

— Meio ganancioso da sua parte querer meter seu pau logo numa baduriana. Mas, eu gosto de um bom aprendizado… Me conte como você convenceu aquela vadiazinha a cavalgar em você. — O pescoço se moveu bruscamente para o lado fazendo um estalo alto. — Pelo menos você vai ter a chance de se defender. Não como se isso fosse fazer alguma diferença, né?

Um segundo estalo seguido de um ranger de madeira envelhecida podia ser notado aos fundos da sala. O resto dos carniceiros tinham chegado. O anseio de sangue vinha diretamente deles, Jake já estava com a cara fechada, trinta minutos de festa foram perdidos. A hecna fez um pequeno sinal para o homem e deu alguns segundos para a mente nefasta se preparar. O servo levantou os dois punhos fazendo uma pose como se fosse um pugilista vindo de fora do continente, até mesmo tirando um pequeno sorriso da face pálida da hecna. E o que era uma luta não levou mais que um segundo. O punho da jovem foi jogado para trás para pegar impulso e voltou em um único soco no centro do rosto. O nariz foi esmagado para dentro e os olhos praticamente viraram para dentro fazendo as pupilas ficarem praticamente invisíveis. A força do servo nem existia mais, isso se um dia existiu, os joelhos cederam fazendo que o corpo caísse para a frente da hecna, que não pensou um mero segundo no oponente e forçou o joelho na boca do estômago a dentro fazendo o corpo voar um metro de distância. Jake desfilou mostrando seu corpo em cada passo enquanto o sangue do outro gotejava entre seus dedos, parando apenas quando se sentou na altura do peito do caído.

— A verdade é que isso nunca foi uma luta. Eu apenas tinha que ser a líder que demonstrasse alguma piedade com os criminosos dando uma chance para eles. Algo para não foder a minha imagem. Não mais que você já fodeu. — O som saia como um grunhido entredentes enquanto ela se aproximava do ouvido do servo.

Uma das mãos gentilmente posou entre os fios de cabelo do servo erguendo a mão e levantando o rosto enquanto a dominante se ocupou em fazer o que era boa de fazer. Um fato curioso sobre os Nihil se cabe contar: Todos tem uma habilidade única com as mãos. E diferente da irmã, Jake não sabia fazer os outros fecharem os olhos e gemer. Pelo menos não como muitos queriam. O pequeno show para o resto dos olhos curiosos atrás da hecna havia começado, soco após soco fazia os olhos daquela sangnatae brilharem em prazer, enquanto mais força era aplicada entre golpes. Forçando o limite da força e da velocidade que tinha. Primeiro o rosto ficou completamente roxo, logo na seguida deu lugar para todo o sangue escorrendo pelas feridas. Foram longos minutos que ironicamente duraram mais para Jake que para o homem que respirava apenas pela sorte dos dentes que perfuraram a carne do punho dela, que a forçou a parar. Levantou em um salto sacudindo a mão para espantar o sangue como se ele fosse algo vivo e preso a ela.

— Alimentem a baduriana com a cerne dele. Pelo menos vão ficar eternamente juntos e isso vai dar forças para a pobre alma.

— Apenas os lobos ficam fortalecidos comendo a carne da nossa raça. — A voz inocente apareceu do nada ferindo os ouvidos da hecna.

— Alimentem a baduriana com a cerne dele. Pelo menos vão ficar eternamente juntos e isso vai dar forças para a pobre alma. — Repetiu em um tom baixo e amargo. — E com ele. E com qualquer um que fizer qualquer som até eu sair da sala e bater a porta na cara de vocês.

Com sei lá porra,
Treino de TN
873 Palavras.