Não sei o que você vai encontrar por aqui, mas espero que tenha uma boa leitura...


Os últimos ajustes estavam sendo feitos para que o rubi servisse como fonte de toda aquela invenção. Deveres reais se acumulavam em uma mesa, onde depois de três dias um anão minerador foi destinado a ser seu conselheiro naquela hora crucial.

— S-senhora. - A voz baixa do anão parecia a mesma voz que sua filha fazia quando algo estava errado.

— Sim? - A aparência de Demmethra era deplorável, ainda mais depois de dias sem tomar banho ou comer direito. O motivo maior para estar suportando tudo aquilo, era aquela grande criatura de metal que preenchia os salões da forja rúnica. O que ela faria com aquilo?

— Como estão os movimentos? - A anã caminhava de um lado para o outro, e o anão que tentava chamar sua atenção vinha logo atrás. — Estimativa de ataque? - As engrenagens se mexiam ainda desajeitadas, pareciam se adaptar as possibilidades mecânicas.

— Rainha... - A voz baixa parecia como a pulguinha da consciência tentando avisar sobre algo.

— PRECISO DOS MEUS RUBIS!! - Ela gritava pelo salão.

O calor já não era mais incomodo, nunca havia sido, mas o tempo de exposição nas forjas a forçava usar óculos de proteção, e aquilo tirava totalmente sua concentração. — Desçam a plataforma, preciso subir. - O movimento era rápido, tudo acontecia a todo vapor por ali. O anão ainda seguia Demmethra tentando de toda forma chamar sua atenção.

— Essa parte não pode ficar fechada desse jeito. - Enquanto a rainha subia pela plataforma ela listava o que estava fora do padrão. — A base do núcleo está fixa? - Os projetistas indicavam que sim. Demmethra avaliava a espessura do metal e a posição que o rubi ficaria. — Talvez fique muito exposto nessa direção. - Ela calculava mentalmente várias probabilidades e cenários de toda física envolvida.

— Essa engrenagem não está bem centralizada, talvez impeça o funcionamento de algum movimento. - Tentava estar o mais focada possivel para deixar nada passar. Insatisfeita com a demora, desceu novamente para avaliar o andamento do estudo dos Mestres Rúnicos com os rubis.

Mais impaciente que ela, apenas o anão que a esperava para passar o recado.

— Senhora!

Demmethra apenas levantou a mão para que ele não a perturbasse, precisava urgentemente resolver a alimentação da estrutura.

— Senhores. Como estamos? - Ela os questionava. Com uma passada rápida de olho, era possivel ver as dificuldades enfrentadas. A peça criada ainda era muito instável, eles estiveram tentando com muita vontade de acertar algo jamais inventado pelos anões. O que eles precisavam era de um incentivo a mais, algo que ainda passava despercebido ao olhar. Ela pensou em várias possibilidades enquanto analisava o que já havia sido feito.

— Deve ter alguma interferência. Alguma liga metálica que não está entrando em ressonância. - Atrás da bancada ela testava suas teorias com alguns recortes de metal, e reagentes que ajudavam no trabalho dos mineradores. Ela precisava solucionar aquele problema rapidamente, mesmo que estivesse sendo movida pela vontade de terminar aquele trabalho grandioso, já era possivel sentir a exaustão se acumulando em seu corpo.

— Já testaram a posição das gemas? - Ouve alguns comentários, muitos eram divergentes entre si, mas enquanto os Mestres discutiam entre si ela testava todas suas teorias. Se aquilo fosse possivel de dar certo, até mesmo os movimentos poderiam ser otimizados.  

Quanto mais sua mente vagava, mais algumas questões ficavam fáceis de se entender. Talvez o núcleo precisasse de um aprimoramento maior. Seria necessário um maior resfriamento para o que estava passando em sua mente naquele momento. — Temos que aumentar a carga, e aqui coloquem mais um ponto de resfriamento. Duas saídas para pressão aqui, vai aumentar o deslocamento. - Demmethra rascunhava um novo calculo, que até mesmo fazia sentido.

A atenção dos Mestres havia sido capturada, e em poucos segundos eles tentavam colocar aquilo em prática. — Seria possivel? - Eles discutiam entre si.

Esse era o momento em que ela rezava em pensamento para Doim, apesar de ser a guardiã da Mãe das Bestas, ela nunca havia abandonado seu patrono. Precisava desse sucesso que de alguma forma a confortaria, pelo menos ela sabia que a estrutura possuía uma blindagem segura. Os recursos utilizados foram imensos, nada que Krun não providenciaria novamente em larga escala.

— SENHORA!

O anão!

Demmethra que comemorava sutilmente com os Mestres sob as pequenas descobertas que ajustariam seu curso, havia sido totalmente pega de surpresa pela reação do anão que tentava chamar desesperadamente a atenção de sua senhora.

— As seiscentas e cinquenta e três cartas, são de sua senhora, Anayet... - Rapidamente a morena se lançou por cima do anão que a avisava sob tal fato.

— TERMINEM LOGO! - Ela gritava em aviso para os anões.

— Tudo isso?? - Demmethra estava chocada, mas não seria a primeira vez, talvez agora tivesse acumulado um pouco mais. — Faça o seguinte... - Ela cochichava instruções precisas para amansar a fera que nem sua senhora tinha o controle.  

A peça de rubi logo era acoplada no local indicado por todos que trabalhavam no núcleo. Todas as partes estavam concluídas, esse era o grande momento e todos aguardavam esperançosamente para que tudo funcionasse perfeitamente bem. Seria catastrófico para todos, depois de vários dias trabalhando sem muito descanso, sem muitas instruções do que aquela engenhoca poderia fazer por eles.

— Tomem cuidado. - De longe ela dava ordens para o operador que carregava o núcleo, era uma peça muito delicada e se chegasse de acontecer qualquer tipo de desestabilização haveria uma grande explosão.

Até mesmo o som das marteladas havia parado, era possivel ver todos os anões impressionados com o que havia se criado. — Desçam a plataforma, preciso subir para ver o funcionamento do núcleo. Preciso que um Mestre Rúnico me acompanhe.

Seu coração permanecia acelerado, era a adrenalina comandando seus movimentos com um misto de dever cumprido em algo que ainda não possuía muita finalidade. Era uma garantia, Demmethra havia tomado essa missão pessoal em proteger seu reino de todo e qualquer perigo, algo que atormentava suas noites de sono. Apesar de tudo, estava orgulhosa.  

— Anda-te, ser vivente. - As mãos se comportavam perfeitamente no painel, dava até mesmo para sentir a energia subindo e alimentando cada parte, cada parafuso instalado no golem metálico.  

extras:

Demmethra