Últimos assuntos
Entrar
As Crônicas de Samaria :: Mãos dos Deuses :: Canon e Tramas :: Tramas :: Tramas de Aronian :: Tramas Continentais de Aronian
As Crônicas de Samaria :: Mãos dos Deuses :: Canon e Tramas :: Tramas :: Tramas de Aronian :: Tramas Continentais de Aronian
On'Khaaox
Imagem grande :
Imagem grande :
POV — O Fim. - Postado Seg Mar 07, 2022 3:41 am
As Crônicas de Samaria
Pov: Oquenatom — O fim
━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
Naquele pérfido lugar onde a maior das filhas de Doim não se atrevia a entrar, sombras disformes rastejavam por colunas de descomunal tamanho. Gritos e lamentos de pavorosas sonoridades ecoavam pelos imensos salões vazios, habitados tão somente por horror e desespero. Havia um único recinto, no entanto, que parecia estar naquele momento habitado. Em seu centro estava disposta uma mesa triangular, servida com treze taças de prata, onde melava seus interiores um líquido rubro e espesso, de caráter repulsivo. Assentados nessa mesa estavam cinco cabeças em sua lateral esquerda, cinco cabeças em sua lateral direita, cujas quais duas dessas assentavam-se nas pontas inferiores. Na base triangular assentavam-se mais duas. E em seu topo uma única figura conduzia a surreal reunião.
— Em primazia vos digo: grato sou pelas vossas presenças, meus caros irmãos de consumação — e a língua em que falava era estranha, há muito esquecida, mas todos bem pareciam compreendê-lo — Marquês Zawero, devo lhe dizer que o sangue escolhido muito satisfez meu paladar.
— Safra envelhecida de crianças refugiadas de Otun, Presidente Ozai — o marquês, sentado mui distante da ponta de seu aparente líder, transparecia desinteresse na cortesia, ouvindo e respondendo-a num arrastar tedioso. Seus olhos focavam-se num aparente homem sentado próximo ao presidente, com um sorriso zombeteiro em sua direção.
— Muito bem, Marquês — Ozai acenou positivamente com a cabeça e erguendo a taça que portava, induziu os outros para que imitassem seu gesto em um brinde silencioso — Bebamos.
E assim, todos os presentes beberam do sangue. Exceto o que a garrafa havia trago. Este, aguardou que todos bebessem e ao pôr a mão em sua máscara, as demais figuras abaixaram suas cabeças e taparam os narizes. Zawero bebeu rápido e porcamente, deixando que um filete escorresse pelo canto de sua face aberta. Quando encerrou, repôs sua cobertura.
— Uma verdadeira besta, devo dizer — uma voz ao fundo, provinda do homem que antes encarava se pronunciou — Vripar, tem certeza que não é um de seus empregados?
Ozai expirou. Houve um revirar de olhos quase conjunto e uma tensão espalhou-se como uma grossa cortina de névoa. Zawero levantou-se, predisposto a pular por sobre a mesa, sendo segurado tão somente por um forte homem ao seu lado. Karo’n apertou seu ombro, lançando-o para seu assento novamente.
— Sejamos civilizados, Marquês — pragmático, argumentou calma e rispidamente — Não somos aqueles animais imperiais.
Degraz, o provocador, ria em seu assento, com uma careta que contorcia cada curva de seu rosto em acidez e sarcasmo. As mãos enluvadas esfregavam-se, em um tique de ânsia.
— Caso não tenhamos mais contravenções, podemos iniciar — assustadoramente controlado, ainda que visivelmente irritado, Ozai sentou-se — Quais seriam os relatórios?
Algo deslizou por sobre a mesa. Deslizou rapidamente até que tocasse o nó dos dedos do presidente. O objeto semelhante a uma mochila comum foi aberto, despejando grimórios e um livro de estrangeiro sobre pássaros. Pasmem, era, de fato, uma mochila comum.
— Foi ‘capturrrado tempos atrrrás, na operrração dos grrrimórrios — quem falava era uma mulher, de sotaque estranho, que contrastava com sua aparência aviária.
Ozai agarrou o livro. Folheou para ver se encontrava algum encantamento disfarçado. Nada. Deixou-o de canto.
— Se não se imporrtarr, prrresidente, gostarrria de ficarr com o livrro.
O líder ergueu uma de suas sobrancelhas. Olhou para as aves na capa. Olhou para a aparência de Vripar, que lhe dirigia a palavra. Meneou a cabeça erguendo os olhos para o alto, numa sutil aceitação. Jogou o livro de volta.
— Mais alguém?
— Uma cobaia fugiu — Xihtri disparou, fria como o fundo de um sepulcro — Era de menor importância — complementou em seguida, aliviando a ansiedade moribunda que havia tomado conta dos olhos de seus confrades — Não tem nossa assinatura, e também não possui certeza de quem somos.
Um suspiro escapou dos lábios de Ozai. O homem levantou-se, consternado. Até então, as informações trazidas eram frustrantes.
— Algo mais? Caso contrário, conduziremos a reunião para um âmbito estudioso.
— Dizem que Hokar está voltando, de novo — quem jogara a informação foi um pequeno rapaz, de cabelos esbranquiçados e rosto juvenil.
Karo’n, que ouvira o garoto falar, bateu com a palma de sua mão na própria face, balançando negativamente a cabeça.
— Ewloz, nós… — o General da Destruição tentou calá-lo.
— Como sabe disso, Escudeiro? — vagamente interessado, Ozai o permitiu falar.
— Yoan está cada vez mais desesperado em suas campanhas, há um sussurro que Yahgra'zha pode confirmar — olhando para uma figura de longos cabelos platinados, o jovem concluiu — Dizem que o temor de Yoan está em seu retorno, sem que ele esteja verdadeiramente forte. Por isso tamanha pressa.
O líder encarou Yahgra'zha. O Duque acenou positivamente com a cabeça.
— Certo… — Ozai sentou-se novamente. As mãos uniram-se em seu colo conforme recostava-se na cadeira — Vejamos como coletaremos mais uma estirpe de couro imperial.
E assim, a reunião seguiu-se.
|
|