Bianca sorriu com a presença de Reborn, ela estava trabalhando em uma espada, mas parou para ver o chefe. Seus olhos brilharam ao ver o material:

— Uall, é lindo. Adoro trabalhar com açouro, embora seja a forja mais difícil.

Nessa altura a garota já tinha se exercitado suficiente para conseguir carregar as barras sozinha. Ela ouviu sobre os planos do cavaleiro e deixou as barras na sua bancada.

— Não preciso de recompensa, é o mínimo que posso fazer por me trazer para cá. Adoro esse trabalho.

Ouviu o pedido dele e respondeu:

— Uma espada longa pesada, ual vai ficar incrível. Quer algum encantamento nela também? Fidelidade ao dono? Saque mágico, controle telepático?

Considerações:

Bianca ficou com o semblante pensativo quando o chefe reforçou que ela merecia algo em troca. Porém ela não sabia o que pedir, passou tanto tempo não tendo nada. Agora tinha um teto, um quarto, segurança e até uma forja onde era livre para trabalhar como queria. O que mais poderia querer? Até tinha comida a vontade por ali.

— Está bem, se eu precisar de algo te falo chefe. O senhor é muito bom, apesar de ser meio... Rígido nos treinos...

Ela usou palavra rígido para não falar irritante. Enquanto esperava a resposta de Reborn, ela já começou a preparar o material. Colocou as barras de açouro na fornalha e esperava atingirem a temperatura. Enquanto isso ouviu a resposta do chefe sobre o encantamento que faria.

— São boas escolhas, sua arma vai ficar segura com esses encantamentos. Sabia que foi o Ayham que me ensinou eles? Ele me ensinou várias coisas. Eu na verdade não gosto de magia por causa da Torre e sei lá... Parece muito poderoso, deve causar muitos estragos. Mas para forjar creio que é inofensivo.

A submundana verificou a temperatura da fornalha, já estava no ponto então retirou as barras e as levou para a bigorna. Começou a martelar o metal avermelhado. O som era um pouco irritante para os que não estavam acostumados, não sabia se o chefe iria se incomodar.

Continuou o trabalho e foi juntando as outras barras para formar a espada longa. Quando chegou no ponto certo fez as dobras, isso garantia que o material ficaria bem misturado. Voltou as pancadas, dessa vez com maior precisão. Como era seu chefe ela queria fazer o melhor trabalho possível.

As palavras dele também foram muito inspiradoras, nunca alguém tinha perguntando se ela queria algo. Normalmente se oferecesse algo de graça assim para alguém não pensariam nem duas vezes. No caso do chefe Reborn, nem era de graça, pois era grata por tudo que ele tinha lhe beneficiado.

—  Essa etapa é bem demorar e requer muita força - Disse para o cavaleiro —  Eu não sou fraca, como pode ver. Eu melhorei muito e tenho músculos agora. Eu já fiz espada para o Nathaniel, sabia?

Continuou falando enquanto martelava com precisão:

— Fico imaginando que batalhas heroicas o senhor vai enfrentar com essa espada. Leve justiça para o mundo chefe, então eu ficaria muito mais inspirada feliz por estar produzindo essa espada.

As suas marteladas tinham propósito, davam forma a lâmina, trabalhava as curvaturas e chanfros. Afinava na extremidade onde iria se juntar o punho. Depois usou lixas e limas para criar a forma final da lâmina.

— Será o que mestre Hiro está bem? Depois que ele saiu fiquei preocupada - Confessou ela —  Mas os deuses vão proteger ele não é? Ele acredita tanto, mas ainda coisas ruins acontecem... Então eu fico com medo...

Bianca usou suas preocupações para se inspirar ainda mais na espada. Não queria que seus amigos corressem risco de vida. Então tinha que fazer uma arma que garantisse a vitória deles, nesse caso, do seu chefe. Já podia imagina ela a empunhando e fazendo justiça. Nunca havia pensado em fazer parte de algo maior, mas agora que estava dentro sentia-se grata. Podia se dar bem e ainda fazer algo bom pelos outros, mesmo que indiretamente.

Foi pensando nisso que Bianca descobriu o que poderia pedir ao chefe. Depois de lixar bem a lâmina foi para a próxima etapa, tratou a espada com uma argila especial. Em seguida reaqueceu ela, mas em alta temperatura como no começo, se não ela desmancharia e não era esse seu objetivo. Depois a levou para um caixote de ferro cheio de óleo mineral. Pretendia resfriar ela de forma rápida, pois isso a tornava mais dura ao mesmo tempo que deixava a parte de trás flexível para absorver os golpes.

Cada arma tinha um jeito especial de ser feito, cada modelo, com essa não era diferente. Temperou a arma mais uma vez e depois de a resfriar parou para um lanche com o chefe. Foram a cozinha pegar algumas coisas, Anastácia sempre deixava algo para eles. Quando sentados, Bianca perguntou:

— Qual será o nome da espada? Precisa dar um nome importante para ela. Prometo que vai ficar orgulhoso do meu trabalho, estou fazendo bem caprichado. Sabia que sou meio-anã? Sangue de forjado corre em minhas vias. Nisso sou realmente muito boa.

Até porque havia mentido o quanto era boa cortar lenha quando se conheceram. A garota aproveitou para fazer uma pergunta também:

—  O senhor trata de se cuidar nas batalhas, se não eu vou ficar muito brava. Se morrer eu juro que acerto o martelo na sua cara. Já fique avisado. Ah sobre o meu pedido... Quero que use espada para fazer justiça, proteger os outros, se proteger e voltar sempre vivo. Essa é minha recompensa, volte sempre vivo chefe.

Olhou para o lado antes de continuar:

—  Eu sempre estive sozinha... Agora que tenho o senhor, o mestre Hiro e os outros, não posso perdê-los. São meu tesouros.

Sorriu simpática. Então voltaram para a forja, lá Bianca levou a espada para o esmeril onde a ficou polindo por um bom tempo. Seu chefe podia notar o quanto ela estava concentrada apesar do trabalho árduo. Em seguida ela fabricou o punho com uma estética simples, mas ao gosto do seu cliente. Encaixou então o punho a espada com firmeza. Por fim analisou toda a arma a procura de defeitos ou algo que precisasse corrigir. Nesse momento ela ficou em silêncio. Aproximou a espada dos seus olhos e investigou-a minuciosamente para garantir que não deixou passar nada. Percebeu também que foi a melhor arma que já havia feito até agora.

Depois de verificar avisou ao chefe animada:

—  Sua espada está pronta, só falta os encantamento e um nome decente. Já pensou nisso chefe? Está demorando... Acho que o senhor não é muito criativo, deve ser a idade... Por falar em idade, o senhor não pensa em se casar e ter filhos?

As perguntas da garota eram um bocado intrometidas e inesperadas. Ela esperou as respostas dele e se preparou para fazer os encantamentos.

Encantamento 1º

A menina se concentrou e pediu que Reborn ficassem em silêncio agora. Demorou alguns minutos até sentir a mana fluindo por suas veias. Se quisesse ela poderia ser uma ótima maga, porém jamais pensaria em usar magia em combate. Não queria esse tipo de vida. Ela conduziu sua mana na espada e fez o encantamento:

—  O próximo que tocar essa espada, sem ser eu mesma, estará vinculado a espada para sempre. Ninguém será capaz de usá-la além do seu dono.

A espada adquiriu uma aura dourada, porém após alguns segundos ela se dissipou. A submundana explicou ao mestre:

—  Quando o senhor segurar a espada o encantamento ficara vinculado para sempre ao seu corpo. Não poderá emprestar a ninguém, mas também ninguém vai pro usar ela contra você.

Bianca deu um sorriso orgulho e ficou se gabando:

— Eu sou muito boa não é chefe? Pode admitir que não esperava me vez fazendo encantamentos. Não é só o senhor que tem seus truques, eu não esqueci do treino na floresta. Sabe, teleportar nem deve ser tão difícil quando encantar uma arma. Não é qualquer um que faz isso, sabe. O senhor teve muita sorte de em encontrar, sou uma ótima funcionária não é?

Ela vivia o cutucando para receber elogios. Esperou ele falar algo bom a respeito dela. Antes de ir para o próximo enxugou a testa com um paninho. A força era um lugar muito quente, só mesmo gostando para ficar ali trabalhando tão arduamente, era o caso de Bianca, ela amava forjar.

Encantamento 2º  

Já anoitecia quando ela foi para o segundo encantamento. Nessas etapas ainda havia o medo de não dar certo e perder a espada para sempre. Havia feito um trabalho tão bom que se perdesse ficaria muito triste. Fora a vergonha de perder o material do chefe, não podia falhar de jeito nenhum. Então se concentrou sério para fazer o encantamento de saque rápido.

Fechou os olhos e deixou sua mana fluir para a arma, Reborn poderia ficar a observando. Uma aura azulada surgiu ao redor da lâmina até que ela se desmaterializou. Onde teria ido parar a arma? A garota continuou concentrada e utilizando sua mana e um comando da mente a fez reaparecer novamente em suas próprias mãos.

Levou a arma ao chefe então e explicou:

—  Pronto, saque rápido feito com sucesso. Sabia que isso não é fácil de fazer? Um erro e perderia sua espada. Mas eu sou muito boa como já disse.

Essa Bianca realmente era uma figura, nem parecia que havia passado por tanta coisa ruim. Apesar de tudo que seguia em frente lutando, desistir não era seu jeito de encarar a vida. Entregou a arma para o chefe e disse:

— Só precisar gravar um comando mental para fazer a arma aparecer e desaparecer. Estique o braço e a mão como se fosse empunhá-la. Pode tentar se quiser. Agora ela é sua, meu trabalho acabou. E então qual é sua conclusão? Gostou da sua arma? Já tem um nome para ela?

Sorriu esperando a resposta dele.

Considerações: