No ano de 329 eu passei por muita coisa. Uma delas que me marcou muito, foi ter entrado em processo de corrupção e a invasão de inquisidores e corrompidos em Xuridra de maneira massiva, causando problemas e levando muitos usuários de magia para Arzallum.

Uma caçada pessoal se iniciou por todos os domínios do clã Yami com a ajuda de quase todo o exército na qual eu convoquei. As ordens eram claras e expressas, capturem e tragam vivos se puderem esses malditos, caso contrário, por diversos motivos que torne inviável a captura, que seja feita a eliminação dos mesmo imediatamente.

Isso se perdurou por um tempo. Os soldados seguiam minhas ordens com louvor e Xuridra virou referência quando o assunto se tratava de lidar com corrompidos. A marca deles eram a fraqueza dos mesmo e uma vez que descoberto a região de tal marca, o foco dos ataques se voltava totalmente para a marca.

Enfim, os que eram capturados por mim, passavam por uma sessão de interrogatório insana. Sim, por mais que corrompidos conseguissem inibir suas dores, desenvolvi maneiras ardilosas de mexer com eles das piores maneiras possíveis. Nem mesmo precisei me tornar Yrin da Sabedoria na época para descobrir tais artifícios engenhosos.

Eis que era como qualquer outro dia em meio aos corrompidos. Uma nova sequência de eliminações iria começar. Após conseguir o que eu queria de informação, costumava matar muitos dos corrompidos sem piedade. Estava cega em vingança, não, era o que eu acreditava que seria o correto a se fazer. Eliminar o mal de Drakir para que essas terras não fossem contaminadas por uma raça maldita.

Contudo, o que fazer quando sua consciência começa a bater e te lembrar que um dia os corrompidos também eram pessoas? Muitos não escolheram ser corrompidos. Tantas pessoas morreram e deviam apenas descansar em paz. Entretanto, de alguma maneira tiveram a infelicidade de algum corrompido passar por si e lhes dar vida em carne, amaldiçoando sua alma.

Alguns corrompidos iam sendo aniquilados. Estava assistindo a tudo. Já tinha quatro que haviam sido dissipados desse mundo. Algo mexia comigo, mesmo eu querendo ver todos sumiram dali. No entanto, quando o quinto ia ser eliminado, dei a ordem.

— PAREM!

O soldado olhava para trás meio confuso, já questionando.

— General?

— Nasubi disse... Pare.

— Mas por que General-Mor?

— Nasubi não sabe.

— Hã?

— Deixe Nasubi pensar.

Todos me olhavam torto. Minha posição por alguns instantes até ficou em xeque. O que deviam estar pensando os soldados? Nem imaginava dada a situação que nem mesmo eu compreendia. Saltei do alto em que estava e posicionei as asas para apenas planar vagarosamente. O ar retido me dava tempo para pensar melhor até que chegasse e pousasse no chão diante o quinto corrompido prestes a ser morto.

Meus pés tocavam o chão, e assim mantive meu queixo baixo, observando as botas sujas de barro do corrompido que destrambelhou a falar.

— O que foi agora, fada? Veio você mesma matar-me? Hahahaaha que bosta, viu.

Não consegui evitar de olhar com cara feia e saltar em um voo que mantinha-me diante sua face. Meu pequeno punho se fechava enraivecida.

— Como ousas? Está diante o fim de sua vida medíocre e ainda se mantém desprezível.

— O que posso fazer? Está em mim ser assim. E se vou morrer em breve. Por que não aproveitar os últimos segundos como bem entender?

— Não que tenha muita liberdade pra fazer o que bem entender.

— Tcs... Só ande com isso. Já sabemos sobre sua fama de exterminadora de corrompidos.

— É, ande logo com isso. Não tememos a morte. Pode ter conseguido fazer o que fez, mas já sabemos como age. Será inútil agora, ehehhe. — Exclamava um outro corrompido mais para o final do alinhamento.

Um guarda dava-lhe uma coronhada com o cabo da espada em seu estômago, retendo seu ar momentaneamente.

— Maldito. — Reclamou o corrompido.

— Nasubi precisa ser sincera no momento. A mente de Nasubi está em um conflito interpessoal. Nasubi quer acabar com vocês, contudo, Nasubi começa a pensar que há outras maneiras de lidar com vocês. A violência não pode ser a única resposta. Nasubi não se conforma que o ódio precisa nascer para proteger o amor. Ahhh saco.

— Então general, o que faremos?

— Hum... — Pensei e pensei, chegando em uma única conclusão. — Não iremos mais matar corrompidos prisioneiros. Nasubi está abolindo essa pratica de nosso exército.

— Mas minha senhora, isso vai tudo que sempre pregou.

— Nasubi sabe! — Disse ainda incerta, mas tentando manter a razão. — Só que...

— Que...?

— Há muito em jogo. Vidas importam. Seja ela maldita ou não. Não é engraçado que nos contos Hokar ainda esteja vivo?

— O que tem isso a ver?

— Ele é o deus que só traz destruição e foi perdoado em algum momento. Fraqueza do criador? Benevolência? Nasubi não sabe dizer qual, mas acredita que o criador saiba o que faz. Então faça como ordenado, levem-nos de volta a suas celas. Um novo destino aguarda eles.

— E qual seria, grande general?

— Se não desejo mais continuar minha matança, Nasubi deve libertar ao menos vossas almas de um destino que esteja impregnado com a essência de Azor Hokar. Um exorcismo será feito neles. Eles pagaram as dívidas sociais quem tem em seguida e dessa forma viveremos sem pesar. Concorda?

— Não tinha pensado dessa forma. Porém, vejo sentido em vossas palavras. Assim será feito.

E um novo decreto era iniciado a partir daí. A guerra contra os corrompidos não tinha acabado, mas aquela sede de destruição devia acabar.