• Azor Hokar, o deus da destruição, o senhor da consumação, retornou. Reencarnado no mês de Era, em 329, no Império Corrompido de Aronian. Enquanto o continente dos heróis, Samaria, está mergulhado em guerras e conflitos territoriais e políticos, Hokar reúne suas forças para trazer por fim sua vingança sobre toda a Criação – E por sua trágica derrota na Era dos Deuses.

    Enquanto isso, Mahoro Trakarhin, o rei dos imortais e guardião do Criador, prepara os reis e tenta apaziguar as guerras de Samaria para que possam olhar para o verdadeiro perigo que reside ao norte, no Império Aroniano.

    Não se renda ao temor que Azor Hokar representa e todo o mal que ele ameaça trazer. Una forças com o lado que melhor te convier e participe dessa aventura épica!
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    As Crônicas de Samaria :: Ducado de Valinar

    Elentari
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    A Flecha da Floresta
    "Um canto sobre os arcos e os elfos"
    — Mês/Ano: Oro, 330
    — Pessoas envolvidas: Elentari
    — Localidade: Ducado de Valinar
    — Descrição: Alguns dias após uma confusão na taverna, Elentari começa a trilhar seu rumo em oposição ao pai, contrária aos impostos abusivos e o estilo de vida luxuoso às custas do povo. Se afasta do Condado natal e encontra casa em algum lugar ao norte do Ducado de Valinar.
    「R」
    Elentari
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    Elentari
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    Dizem os ventos selvagens que não existe em toda criação uma flecha tão segura quanto a de um elfo. Boatos antigos de cânticos infantis, do tempo em que os filhos da floresta se alinhavam em grupos para caçar pelo próprio sustento. Incentivos solenes para as jovens crianças que um dia empunhariam a arma em nome da sobrevivência de uma maioria. Um mantra. Um desejo secreto de que a fé nas palavras as fizessem verdadeiras, que trouxessem confiança aos mais novos e que os moldasse desde o momento de seu nascimento até a chegada de sua vida adulta.

    Elentari, das moradas nobres de Ymir, filha do próprio Conde, tinha aprendido muito durante a vida e ouvido vários cantos. Descobrira sobre mapas e sobre os caminhos entre aliados, sobre as melhores palavras para cada ocasião ou até mesmo sobre as vestimentas corretas para eventos específicos. Fora mimada, embalada por bardos em seu sono inocente, banhada com as águas mais cristalinas e perfumada com as melhores flores que se podia encontrar em toda Clerlurien. Só, infelizmente, não sabia muito mais sobre os arcos do que refrãos bonitos e uma prática bastante reduzida. E, o que dizer? Depois de uma noite como aquela na taberna, a jovem elfa não pretendia passar muito mais tempo sem saber se defender.

    Quer dizer... Era improvável que pudesse fazer algo diferente do que o pai fazia, com toda aquela mesquinharia e toda aquela mentira, se não conseguia sequer ser boa em algo que não fosse se embebedar. Era dependente, sabia. Por mais que reclamasse e se rebelasse, no fim não era mais do que uma cópia caricata da nobreza, andando sempre com empregados bem armados para garantir seu bem-estar. Uma farsa, como tudo de seu nome. Uma mentira tal qual a própria linhagem. Era tão parecida com tudo aquilo que odiava. 'Tão parecida com ele'.

    O pensamento a fez estremecer e arrepiar. A simples menção de uma semelhança com o progenitor fazendo os ossos calcinarem e o ácido tomar-lhe o palato. Respirou fundo, tentando reorganizar as ideias enquanto Apolo mantinha o trote. O cavalo pertencera a Elentari durante toda sua vida, de forma que, ainda que a menina não fosse muito hábil na tarefa, o percurso parecesse consideravelmente aceitável. Limitava-se a agarrar-se no pescoço da criatura, praticamente abraçando-o inclinada. o lombo desnudo do animal permitindo uma montaria selvagem e rude. Ymir, o cão de caça, ordenava o trajeto, pouco mais adiantado. Eram um grupo pequeno e silencioso. Quase engraçado. Uma elfa jovem com uma mochila média, um cão grande e um cavalo branco.

    "Era." Precisou lembrar-se mentalmente. Podia já ter sido parecida com o pai, podia ter tido empregados e seguranças. Porém, desde o início daquela manhã cinzenta, os verbos deveriam ser conjugados no passado. Por escolha própria, não seria mais a idiota útil de ninguém. Aquela pequena aventura, sua saída do condado, podia provar isso. Assim, manteve-se firme contra o corpo do equino, deixando que este a conduzisse junto com o cão para onde quer que estivessem planejando leva-la. Afinal, para quem não sabia exatamente para onde ir, qualquer caminho poderia ser útil.

    Pelo menos, aos poucos se ajustava melhor sobre as curvas do animal, sacudindo de maneira menos violenta entre as passadas. Habituava-se ao toque do pelo dele contra sua pele e endireitava ligeiramente a postura. Depois de alguns vários minutos foi mesmo capaz se deixar de abraça-lo! Usou ambas as mãos para segurar-lhe a crina, entrelaçando os dedos esguios pelos fios ásperos e claros, apertando-os delicadamente. Era engraçado como sua estrutura parecia forjada à tarefa. Não exatamente por ser proficiente na atividade. Não por ser Elentari. Era simplesmente algo da natureza.

    Quanto mais se movia, mais o corpo tendia a se mover. Assim, se não se forçasse nem para baixo e nem para cima, acabava naturalmente participando das ondas suaves do movimento do garanhão, como se o fosse ela própria a trotar, e não apenas Apolo. Era tudo uma questão de confiança com um pouco de agilidade. Matinha-se equilibrada e leve e o resto era apenas um presente da própria criação: as criaturas eram diferentes instrumentos de uma mesma orquestra. Bastava que se unissem em mesmo objetivo para que se tornassem sinfonia. Não era exatamente automático... Porém, quanto mais gastava se sintonizando com o cavalo, menos pareciam com sons dispares e mais se aproximavam de uma canção tranquila e imagética.

    Quando deu-se por satisfeita, estavam em uma área bastante aberta. Uma espécie de clareira com poucas árvores, silenciosa o bastante para que o trote produzisse um som seco dos cascos contra o solo, ritmando os movimentos da elfa com bastante destreza. Longe o bastante para que não fossem incomodados. Assim, de maneira bastante mimética ao que via diariamente os homens fazendo com as rédeas, puxou sem muita força o aperto para trás. Aos poucos Apolo desacelerava e, quando finalmente parou, Elentari pôde desmontar e esticar-se por inteiro. Apesar de não ter se passado muito tempo, pela falta de prática seu corpo reclamava, ligeiramente teso. Riu baixo, satisfeita consigo.

    Não é como se a menina gostasse de sentir dor, acredite! Apenas lhe ocorrera que há anos seu pai não sentia mais do que a fadiga preguiçosa de ter comido e dançado por demais em seus bailes absurdamente caros. Para o bem ou para o mal, aos poucos a pequena já se tornava diferente. Mesmo naqueles detalhes mínimos. Mesmo naquelas pequenas insinuações que ainda começavam a despontar-lhe na alma. Estalando a língua no céu da boca, enrolou-se em um rápido alongamento. Em sequência afagou a cabeça de Ymir entre as orelhas, imitando o gesto em Apolo, de modo a acalmar à ambos e agradá-los de maneira sutil.

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    Elentari
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