Enquanto a mensagem mais importante dos últimos anos era entregue a Rainha Demmethra, o que eu estava fazendo? Vamos ver se você adivinha... me divertindo na cama? Ha, claro que não. Num bar? Mais tarde talvez. No banheiro? Talvez, mas não hoje. Tinha comido direitinho. Na forja? MAS É ÓBVIO!

A Forja era a minha vida. Além do meu cargo, era o meu amor. Minha vida havia sido dedicada inteira, desde a infância, a ela, e era o que eu amava fazer. Além disso... Samaria não estava exatamente estável. Guerras explodiam, e eu sabia que não ia demorar muito para algo chegar a Krun. A Forja Anã logo teria que trabalhar a vapor. Isso que eu nem sabia ainda o que minha sobrinha estava vindo me contar.

Então... sim, eu estava na Forja. Fazendo o que exatamente você me pergunta. Forjando? Não, não. Não agora pelo menos. Eu estava, na verdade, me preparando para esse momento, tentando me conectar ao deus da chamas, o patrono dos forjadores. No meio da forja, segurava meu martelo sentado, de olhos fechados e respirando fundo. Sentia o calor da forja em meu corpo. Usava a minha armadura, feita por mim mesmo. A minha mente voltavam imagens da época que meu mestre, o antigo Mestre Forjador, me ensinava tudo o que eu sabia. Me lembrava de uma oração que fazia. Comecei a entoar a minha, no mesmo formato que ele fazia a dele:

- Para o forjador de estrelas, rogo que ouça o meu chamado. Estamos nos aproximando de tempos turbulentos, nesse mês de Era. A instabilidade está no ar, guerras explodem em todo lugar, e logo isso chegará a Krun. Peço-lhe que dê força a meu martelo e ao de todos os anões aqui nessa forja. Que possamos com vossa benção forjar as armaduras e lâminas que hão de proteger o nosso povo dos inimigos que vierem nos atacar. Rogo-lhe que nos dê a concentração para que...

Ouvi o som da porta da minha forja abrir. Ah, não. Eu raramente fechava a porta, na única vez que eu o tinha feito... E ainda na hora exata que eu estava falando de concentração... Respirei fundo e continuei:

- Nos dê a concentração para que nos foquemos em nosso trabalho durante a perturbação que enfrentaremos daqui para a frente. Obrigado, oh forjador.

Respirei fundo, encerrando a oração. Mesmo de olhos fechados, podia perceber que o anão que havia aberto a porta estava tremendo. E que estava ansioso, querendo falar. Sua voz, baixa e trêmula, se fez audível:

- Senhor...

Meus olhos se abriram e o fitaram. A expressão não era feliz, definitivamente. A minha voz também não:

- Você sabe que não gosto de ser interrompido, Thamnur, quando a porta está fechada.

O jovem ferreiro parecia que iria se urinar. Respirei fundo, me acalmando, e me levantei, colocando o meu martelo em cima de minha forja e tirando minha armadura enquanto o ouvia falar:

- Sim, eu sei, senhor Daloghotir... peço perdão... mas... a Rainha está esperando na entrada da forja. Ela está chamando pelo tio dela, você.

Olhei para ele enquanto tirava o peitoral, e inquiri:

- Ahm, certo. Bem, ela pode entrar, não? Por que estão a impedindo?

O rapaz me olhou com visível confusão, o que me fez ficar pensativo. Estava esquecendo de alguma coisa? Logo, ele esclareceu:

- Ela não pode entrar, senhor... o sistema de autorização que você implementou... E ela não sabe disso, considerando que está gritando lá fora.

A minha expressão incomodada cedeu lentamente. O franzir do cenho levemente relaxou, e um sorriso se abriu no meu rosto. Até que, enfim, um alto riso saiu de minha boca, entendendo enfim o que estava acontecendo. A grande Rainha de Krun estava trancada do lado de fora da Forja dos Anões por causa de um sistema que eu havia colocado para proteger de invasores. Ah... se ela tivesse vindo me visitar com mais frequência, já saberia disso, e a essa hora já estaria aqui dentro. Terminei de tirar minha armadura e caminhei até a porta, batendo de leve no ombro de Thamnur.

- Podes voltar a trabalhar. Muito obrigado pelo recado. Vou lá resolver esse... impasse, digamos assim.

Segurei a vontade de continuar rindo. Minha sobrinha ainda era a Rainha, não podia faltar com o respeito com ela... demais. Caminhei pela forja até chegar a porta. Chegando ali, ouvi ela gritando de fato. Gritei de volta, embora eu pudesse falar baixo:

- Eu autorizo a entrada e saída ilimitada da Rainha Demmethra Magmathane.

As portas se abriram no instante que terminei a frase, revelando para mim minha sobrinha confusa. Sorri para ela, fazendo um leve inclinar do meu corpo em saudação a Rainha, e dizendo:

- Agora sabe que Kroemrÿrr está protegida de qualquer intruso... Mesmo que esse intruso seja você, Demmethra... - O meu senso de humor continuava o mesmo de quando ela havia nascido, senão pior. - Imagino que sua visita seja importante, então por favor me acompanhe até minha forja secreta, onde teremos a privacidade necessária. Por aqui.

Caminhei pela minha forja, a guiando até a minha forja. Os anões que nos olhavam saudavam a rainha reclinando o corpo. Pouco tempo depois, adentramos a minha forja. Fechei a minha porta, pensando "espero que dessa vez não abram de novo...". Fui até a entrada da minha forja secreta e ativei o mecanismo de segurança, a discreta porta se fazendo visível na parede que parecia sólida. A abri e adentrei com a minha sobrinha, a porta se fechando atrás de nós. Naquele espaço aberto, os projetos encomendados por ela e idealizados por mim estavam presentes. Era um caos, mas um caos planejado. Criativo. Mentira, era só um caos bagunçado mesmo.

- A que devo a honra de sua visita, oh Rainha dos Anões? - O tom de voz era brincalhão, exagerando na formalidade para brincar. A frase a seguir, entretanto, foi mais séria: - Algo de grave aconteceu? Eu estou com um mal pressentimento... Estava rezando para Doim agora a pouco.

Por detrás do meu humor ácido, eu sabia que algo estava acontecendo. Estávamos em Era. A Rainha depois de um bocado de tempo vinha me visitar. Ou iria ordenar a produção em massa de armamento... ou queria desabafar algo. Em ambos os casos, meu mal pressentimento estava se concretizando. Demmethra Magmathane era uma das anãs mais corajosas que eu conhecia. Era uma Rainha exemplar, e por mais que eu a provocasse sempre que eu podia, ela sabia que tinha minha admiração, assim como eu tinha a admiração dela. Éramos uma dupla, no fim das contas.

Éramos dois pilares de Krun. Nossas famílias eram entrelaçadas, e desde pequena nós éramos amigos. Confiávamos um no outro. Suportávamos um ao outro. E eu sentia que, agora, ela me diria algo muito ruim. Esperei o que seria, me preparando para o que quer que fosse.

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Treino Duplo: Fé e Milagres e Inteligência (1158 palavras)

Daloghotir

- Vovó iria gostar disso.

Essa frase imediatamente me relembrou do passado, e que estava falando com uma parente. Sim, ela realmente gostaria disso. Era algo que eu havia implementado junto com meu mestre e antecessor. Assenti com a cabeça, ouvindo Demmethra continuar:

- Eu sei que já faz tanto tempo, mas parece que nada mudou. Não sei por onde começar, sei que as noticias correm pelos tuneis de Krun, mas não chega nem perto do pico da Montanha.

Caminhei com a minha sobrinha até um dos bancos, me sentando ao lado dela. Normalmente, eu conversava com meus interlocutores enquanto ocupava minha mão com algo, mas sentia que precisava prestar bastante atenção no que me diria, então decidi apenas ficar ali, sentado. O pressentimento era bastante ruim, isso me fazia ficar tenso, e mudava meu comportamento dessa forma. A ouvi me contar:

- A aliança com o reino do leste está mais sólida que uma liga de ferro. Não temo o que Krieger possa fazer, já estava na hora de reascender Krun e nossas ambições.

Isso era bom. Perigoso, mas bom. O reino de Dawhan tinha mais sinergia conosco, historicamente. Embora fossem menos bélicos que Krieger, o que queria dizer menos encomendas eventuais de armas, diplomaticamente eram bem mais parecidos com Demmethra. Além de eu lembrar de ter ouvido falar bem da Rainha humana, Morgana. Era bom que tivéssemos firmado uma aliança com eles. Pensava nisso enquanto continuava martelando. Não era tão bom com política e essas coisas como minha sobrinha, era algo que eu sempre aprendia com ela. Quando ia perguntar algo, me disse:

- Esse lugar é seguro mesmo? Digo, ninguém pode nos ouvir né? - Antes que eu pudesse confirmar, ela se aproximou de mim e sussurrou:
- Eu sou uma guardiã.

Guardiã? O que raios era isso? Percebi que teria que tentar me lembrar de algum ensinamento lá do meu passado que eu não lembrava. Ela falava com uma naturalidade como se eu devesse saber do que estava falando. Enquanto pensava, resolvi ganhar tempo, fazendo a pergunta que eu ia fazer:

- Ahm... certo. Uma pergunta sobre o que falou antes: isso quer dizer que vamos entrar em guerra com Krieger? Os duques e condes já sabem disso? Vamos precisar acelerar as forjas para armar nossas tropas para junto com Dawhan atacarmos eles? Ou vamos apenas nos defender aqui onde somos mais fortes, nas montanhas? - Era difícil pensar em ambas as coisas ao mesmo tempo: política e o que era ser guardiã. - Quer dizer, se entendi direito, a aliança com o leste vai nos fazer inimigos do oeste, e estamos no meio deles... Então a guerra vai ser no nosso território. Nós basicamente somos o que separa eles aqui no sul, isso não pode ser ruim para nós? Ou... conheço você. Você tem algum plano em relação a isso, né?

Esperei que a Rainha me respondesse, enquanto pensava no outro assunto. Guardiã... isso soava como alguma coisa bélica... Era claro que ela era guardiã do trono de Krun... guardiã das nossas terras... guardiã da nossa raça... guardiã... pera, isso era algo religioso? Tentei me lembrar do que o meu antecessor havia me contado sobre religião. O foco havia sido muito em Doim, mas... ele havia comentado algo em relação a guardiões. Que os deuses tinham guardiões onde se hospedavam em Samaria, que eram pessoas muito devotas a eles e que acabavam os recebendo em seus próprios corpos.

Franzi o cenho, olhando para Demmethra. Isso mostrava que a ficha estava caindo só agora. Claro, aquele amor interminável da sobrinha por vlous, a ponto de fazer uma lei relativa a proteção deles. Ela era devota a vlous, e outros animais. Isso só poderia querer dizer uma coisa então. Perguntei, surpreso:

- Pera aí... Guardiã da Mãe das Bestas? É isso?

Isso era... incrível! Se fosse isso, claro. Esperava sua resposta, realmente surpreso com o que a Magmathane havia conquistado. Isso... mudava bastante o jogo. Tínhamos uma Deusa do nosso lado, em nossa Rainha. Isso nos deixava mais poderosos, ao mesmo tempo que estávamos mais conectados ainda aos nossos animais. Observei a anã, tentando perceber se algo estava diferente. Algo em seus olhos, algo em sua pele...? Alguma marca? Não conseguia perceber nada.

Isso também afetava o que estava pensando antes: no caso de uma guerra... a Mãe das Bestas estaria feliz com isso? Além de pessoas, muitos animais morrem em guerras. Será que Krieger havia feito maldades o suficiente com animais para que a deusa participasse do nosso lado na Guerra? Se fosse o caso, isso seria muito importante em uma situação de batalha, com as tensões envolvidas. A menos que... também houvesse um guardião do lado de Josafá. Eram muitas variáveis para pensar... nossa, como é que Demmethra gosta tanto dessas coisas? Forja é muito mais simples que isso. Muito mais previsível, muito mais prazeroso... bem, cada um com sua paixão. A minha me levara a ser Mestre Forjador. A dela a levara a Rainha dos Anões.

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Treino Duplo: Política e Inteligência (832 palavras)

Daloghotir

Daloghotir

Que Galu era um bosta não era novidade pra mim. Nove em cada dez vezes que a minha sobrinha vinha reclamar de alguém, era do Galu. A outra vez era alguém em uma mesa de bar, então... as reclamações que importavam mesmo eram quase sempre daquele metido a besta. E bem, ouvir ela reclamando tanto dele me dava nos nervos, mas... ela que lidava com política. Com certeza estava sabendo lidar com ele melhor do que jamais eu seria capaz.

Só que isso tudo sumiu quando Demmethra se jogou pra cima de mim, e logo depois mostrou um pedaço da marca da Mãe das Bestas. Enquanto ela falava, aquilo me transportou para uma lembrança de muito, muito tempo atrás. Eu ainda a ouvia, mas minha memória me levava para um dia muito especial do passado.

O dia que eu havia me tornado Mestre Forjador, e forjado sua arma. Naquele dia eu havia contado para meu mestre, que Van o tenha, o porquê de o formato de Yaiglivlouworiorlé ser um vlou. O sonho que eu tinha tido... eu lembrava detalhes agora. Havia sim uma tatuagem em seu peito, e ela brilhava enquanto estava cercada por aqueles vlous e brincando. E uma energia, intensa... Forte o suficiente para eu me lembrar mesmo tanto tempo depois como uma lembrança vívida. Eu tenho memória fotográfica, mas aquilo fazia muito tempo.

- Acha que Avvora estaria orgulhosa de sua filha?

A menção a esposa de meu irmão, a Rainha anterior, me acordou do meu devaneio. Olhei para ela, visivelmente afetado pelo que eu havia lembrado. Era possível perceber que as engrenagens dentro da minha cabeça estavam operando a todo vapor.

Até que finalmente tudo clicou, e fez sentido em minha cabeça. Eu tinha realmente tido um sonho premonitório, ou uma visão vinda dos deuses? Havia sido Doim? Ou a Mãe das Bestas? O olhar para a sobrinha começou a brilhar e assenti com a cabeça, um sorriso nascendo:

- Com certeza... sua mãe tinha um amor especial pelos animais... - Suspirei fundo. Eu nunca havia contado o real motivo por trás de sua arma real. Senti que agora era o momento certo. - Pode por favor fazer Yaiglivlouworiorlé aparecer e me dar por um instante? Preciso te explicar uma coisa.

Suspirei, esperando por alguns instantes até que ela entregasse a sua arma para mim. Não era a primeira vez, eu tivera que fazer reparos no passado, mas dessa vez era diferente. Me sentei no chão e coloquei o martelo no chão entre nós, pedindo com um gesto que se sentasse também.

- Agora tudo faz sentido para mim. O formato de Yaiglivlouworiorlé... não é coincidência. Nada disso é. Lembra de quando você era criança que te contei uma vez sobre os deuses? Talvez você não lembre, mas... eu lembro que você gostou de uma em específico. Também lembro que você sempre gostava de brincar com os vlous quando visitávamos as galerias de mineração... e que amou quando pode treinar pela primeira vez com esse martelo. - Passei os dedos pelos espinhos de metal do vlou forjado. - Na noite anterior ao dia que eu e meu mestre forjamos esse martelo, eu tive um sonho. Nesse sonho eu encontrei Doim, e ele entregou essa arma para mim. Quando meu mestre perguntou sobre seu formato, eu fui levado para um sonho... e vi você. Com a idade que tem hoje.

A minha voz estava ficando mais emocionada, repentinamente. Pela menção de meu mestre, sim, mas também por me lembrar de como havia sido emocionante para mim aquele sonho.

- Eu vi você brincando entre os vlous... em seu peito, estranhos sinais brilhando, e eu sentindo uma energia... poderosa... que eu jamais seria capaz de descrever precisamente. Era incrivelmente notável, mas ao mesmo tempo... acolhedora de alguma forma. Como uma mãe. Como a energia de sua mãe, mas multiplicada por mil. Uma energia... divina. - Desviei o olhar para arma por alguns instantes, mas meu olhar logo voltou a ela. - Agora eu entendo. Naquele dia, eu sonhei com o seu futuro. Não sei se foi Doim, se foi a deusa que habita dentro de você, ou a dos sonhos. Mas foi uma sonho tão forte e marcante... que decidi fazer Yaiglivlouworiorlé do jeito que vi no sonho. Sem saber de todos esses detalhes, meu mestre deu esse nome a ela. A Arma Sagrada dos Vlous. Isso encaixa tão bem com você ser agora a Guardiã dela...

Uma lágrima escorreu enquanto olhava, então eu ri enquanto limpava aquela lágrima, desviando o olhar. Eu sempre havia sido mais ligado aos deuses do que a média, por respeitar a antiga tradição e por ter testemunhado o poder de Doim várias vezes durante a minha vida. Ter uma sobrinha que havia alcançado aquele marco era... surreal.

- Estou ficando velho, me emocionando com essas coisas fácil assim... Mas quero que saiba que estou muito orgulhoso de você, Demme. No dia que você nasceu eu soube que você seria uma mulher incrível. E você excede as expectativas do seu velho tio frequentemente. Tenho certeza que sua mãe estaria também.

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A voz de Demmethra estava tremida com as minhas palavras também. Os anões sabiam o quanto isso era raro: minha sobrinha era uma Rainha tão tenaz quanto a minha bigorna. Permiti silenciosamente que observasse a arma e absorvesse o que eu havia lhe contado. Cada detalhe que, tanto tempo atrás, eu mesmo havia gravado na superfície junto com meu mestre. Naquele momento eu também me lembrava do passado, de tudo o que eu havia passado nos dias anteriores no Fosso. O que me surpreendeu foi ela falar justamente sobre isso:

- Se não fosse pelo grande domador de Aang'Hadur, não teria reino dos anões para eu governar.

Dei uma risada animada com o soco dela em meu braço.

- Nem me lembre... aquele dia foi doido demais!

Ouvi seu convite para bebermos e assenti, me levantando do chão e comentando, antes que saíssemos desse local onde tínhamos ainda a nossa privacidade preservada:

- Seu tio está ficando velho, minha querida... talvez eu devesse buscar um novo Mestre Forjador. Estou longe de ficar inapto, claro, mas os ritos de transição precisam ser começados. Como você não tem filhos, nem eu... temos que pensar em para quem poderíamos pensar em transmitir esse cargo. Não precisamos definir um nome agora, claro, mas precisamos começar a pensar... observar... - Olhei para a minha forja. Bem mais de uma centena de anos ali, forjando todo dia. E eu faria isso até o último de meus dias. - Além disso... sinto que devo abrir a nossa guilda de forjadores para os forjadores não-anões. Fora daqui existem forjadores formidáveis, com capacidades que nós mesmos desconhecemos. E eu gostaria de conhecê-los, e nos unirmos a eles, principalmente com esses tempos escuros que se aproximam.

Nos meus olhos velhos uma faísca pareceu atravessá-los, fazendo-os brilhar por um instante. A faísca de uma ideia.

- O que acha de realizarmos algum tipo de torneio, tipo aquele que a Rainha Morgana realizou, mas voltado a forja? Se juntarmos recursos suficientes, conseguimos trazer para Krun os maiores forjadores de toda Samaria, e também os maiores clientes para terem suas armas forjadas nesse evento. Aos melhores forjadores, um convite para participar da guilda de forja, para que compartilhemos os conhecimentos que temos de cada uma de nossas raças, em prol de Samaria... - Sorri para ela. Um sorriso ingênuo, típico de quando eu tinha uma ideia que queria realizar. -  Seria um ótimo legado para eu deixar também, não é mesmo?

No fim das contas, havia parado para falar disso ainda dentro da minha forja, a portas fechadas. Sim, aquilo me havia animado ainda mais do que a caneca de cerveja que compartilharia com a minha sobrinha logo mais. Isso era raro.

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