All I needed was
the last thing

i wanted

אָבֵד

"Consulte a si mesmo, Kryos. Entenda sua essência. És tu maléfico ao que é bom ou o maléfico ao que é mau? E o que é mau para o mau, pode ser visto como bom?"

Kryos Akuro. Ou somente Kryos, como ele preferiria meses antes deste mesmo ano. Tanta coisa havia mudado...

... Uma guinada insana em sua vida desde a missão de recrutamento em Dawhan, quando foi enviado para resgatar uma bruxa visada de ser caçada por inquisidores em Elfgard. "Anya... Sua pureza é a luz que guia minha escuridão para o caminho certo." Pensou. Cômico, pois o colar dourado iluminou o peito desnudo do bruxo, que naquele instante, abusava mais uma vez da magia.

Levitava. Calmamente no ar. Sentado sobre o nada, de pernas cruzadas como um monge. Em seu colo estava o próprio grimório pessoal, aonde revia as próprias habilidades, redesenhava as próprias runas. Os cabelos ondulados caiam leves ao redor dos ombros, enquanto os olhos bordo pesavam sobre o livro mágico. Nyr é um mês tão frio, mas ironicamente, mesmo após a morte, Kryos ostentava uma chama que sempre queimava. Sempre quente. Mesmo quando suas únicas vestes fosse um cardigan de seda negra, praticamente transparente, e uma calça de veludo da mesma coloração.

" Se ao menos eu pudesse ter escolhido um caminho mais... "

O primeiro toque aconteceu. O pensamento se desfez, se perdeu e foi guiado junto de uma leve brisa que sacudiu seus fios e vestes. Um segundo, depois terceiro. Então a voz de quem mais esperava. Anya. Ah, a ansiedade que vez ou outra surgia na presença dela. Algo que fazia o corrompido se sentir tão vivo, tão puro, tão imaculado. O grimório foi fechado sobre o colo pouco antes dela abrir a porta, e a imagem estaria feita. O bruxo sobre o ar, com um olhar tenro para a submundana, como um convite para que se aproximasse mais. — Você é minha companhia preferida, Anya. Entre, por favor. — Então, com um simples mover das mãos, o livro guiou-se preguiçosamente para um criado mudo ao lado da cama de casal que existia no quarto de Kryos, encostada na parede de vidro que dava visão para o pátio, a floresta e consequentemente a grande estrela noturno de Doim: A lua.

Kryos então descruzou as pernas e os pés tocaram suavemente o chão, ao ponto de sequer haver som de seu pousar. Então, virou-se para a sacerdotisa e lá estava ele. Em todo seu contraste. Com a luz branca a banhar suas costas e projetar sua sombra em direção aos pés de Anya, enquanto os olhos marcados pela tonalidade vibrante do bordo fitavam a imagem estática da sacerdotisa, até que finalmente indicou em direção a cama. — Sentar? Conversar de pé pode ser desconfortável. —

Não era mais ele. Mas... Era ele. Havia Kryos, aquele gentil draconato serelepe de antes. Mas também havia... Kryos. O famoso bruxo corrompido, oculto naquele corpo trajado em uma musculatura ganha puramente em batalhas que Anya testemunhou muitas vezes. Havia o sorriso jovial que já aparecia bem menos, mas havia também uma presença soturna, silenciosa, que trazia ao redor dele sempre uma seriedade que nunca mais o abandonaria. E este era o fato indiscutível de quem, cada dia mais, ele se tornava e... Estaria ela pronta para receber e aceitar isso?

ꀘ | HP: 630/630 | MN: 660/660 | ꀘ