Naquele dia estava pensativa durante toda a madrugada, seguido da manhã e assim por diante. A marca da corrupção. Sentia-me cada vez mais possuída por uma força externa que estava em meu interior. Precisava dar um jeito naquilo logo. Imaginei que na universidade eu poderia encontrar algo a respeito. Convoquei uma pequena tropa de 30 homens do exército para me auxiliar nessa busca por algum livro específico.

A tropa ao chegar na universidade, causava comoção. Nunca havia ocorrido algo do tipo, ainda mais com a general liderando a fronte dos soldados. O barulho do aço rangendo em outras partes da armadura, chamava ainda mais atenção.

Ninguém me questionava ou ousava chegar perto para descobrir o que pudesse estar acontecendo, imaginavam ser assuntos particulares.

Andando por alguns corredores, finalmente passava por um local onde haviam estudantes de magia utilizando grimório. Era um acervo rico em livros de cunho mágico. Meus soldados e eu fomos entrando. Todos podiam ver.

— Muito bem homens. Procurem por livros a respeito sobre Hokar, corrompidos, qualquer coisa sobre o tema. Pesquisem e me informem, pois estarei fazendo o mesmo. Vão!

Dei a ordem e se dispersaram em busca de conhecimento. Quando me virei, senti magia sendo utilizada. Olhei para o lado e vi um rosto conhecido.

— Hã? Este rapaz é familiar a Nasubi... — Fui caminhando até ele. Notava estar usando grimório. — Hiro? — Notava que até mesmo um menino fazia "arte" por ali. Meu lado consumado pela corrupção elevava um estresse inadequado para algo como aquilo, direcionando palavras duras ao garoto. — MOLEQUE! A universidade não é lugar de ficar tacando porcarias por ai. — A figura diminuta era famosa por todos em diversos cantos de Samaria após o torneio que reuniu tantos estrangeiros, e principalmente em Xuridra. — Suma daqui imediatamene e não faça mais isso.

O pirralho saia choramingando pela universidade. Olhei com desdém e uma expressão árida.

Hiro me cumprimentava com sua educação costumeira. Tentava defender a criança, pois era de seu feitio fazer aquilo. Porém, retruquei.

— Naah. Esses melequentos tem que aprender desde novo como se portar em um lugar como esse.

Me impor daquela forma, mostrava o quão mudava estava. Entretanto, desgotava quando o mesmo se achava no direito de me julgar. Meu olhar mudava. Era puro ódio. Hiro podia notar uma expressão maléfica semelhantes a seres que ele já enfrentou. E apesar da figura pequena que eu era, irradiava uma intimidação anormal.

— Como ousas a falar algo assim de uma general? Quer ser preso aqui mesmo? — A prepotência em fada.

Mas por sorte ou mero acaso do destino, fosse para ruim ou bem do sacerdote, uma dor agoniante tomava conta da minha cabeça. Levava a mão esquerda na testa enquanto a outra buscava se apoiar na estrutura de uma estante de livros. — Aahhhgggrrrrrr... — Sentia que mais uma fase da corrupção estava se completando e isso era dolorido.

Resistia o quanto podia até ficar apenas ofegante. Me virava novamente para o rapaz quando me recuperava um pouco, e tornava a dizer quando a razão também retornava.

— Hiro... Perdão. Nasubi não está nada bem. Na verdade, Nasubi planejava te procurar em Dunahan. Lembra de nossa conversa na taverna, sobre os corrompidos? — Deixava o mesmo recordar. — Então... Nasubi foi infectada com uma marca de Hokar. Todavia... Não está completa e Nasubi não faz ideia de quando irá consumir todo ser de Nasubi. Em algum momento Nasubi se tornará corrompida.

Hiro

O calor da bondade de Hiro era como uma chama da salvação que afastava todo o mal por alguns instantes. A dor de mais uma etapa sendo concluída era amenizada por seu altruísmo e devoção em ajudar o próximo.

— Nasubi agradece. Desde que a marca foi colocada em Nasubi, Nasubi não tem sido ela mesma. Nem dormir Nasubi consegue mais. São pesadelos, visões de guerras antigas, o nascimento de uma criança em terras longínquas, muita matança. É como estar presente em todos atos de Hokar ou na própria mente dele.  — Respirei reavendo as forças e me colocando ereta novamente.— Nasubi não sabe onde há templos em Drakir. Até onde se sabe, os draconatas não são lá muito devotos de nada. Em especial Hikari que não tem vinculo nenhum com algum deus. Nasubi pensou de ter que cruzar a fronteira novamente em busca disso. A guerra se aproxima e ainda há muito o que fazer. — Olhei para o grimório do rapaz nesse instante, e uma necessidade de alertar o mesmo, encheu meu coração. — Inclusive Nasubi precisa lhe reportar algo. Tome cuidado ao usar magia agora que sabe usar um grimório. Os inquisidores estão por toda parte. Foi um que corrompeu eles. Sim, a torre de Arzallum fez algo com uma pedra que está corrompendo os caçadores de magos quando eles morrem. Nasubi acabou sendo pega por um depois de vencer uma necromante. Não teve como Nasubi fazer nada na ocasião. Contudo, Nasubi conseguiu se livrar após cruzar o mar e o matou. Porém, ele se corrompeu diante Nasubi e quando tudo parecia favorável pra Nasubi, eis que acabou dando errado e eis o resultado. — Fiquei pensativa e resolvi abrir o jogo. Olhei para os lados, subi voo e sussurrei em seu ouvido. — Nasubi será muito sua amiga agora e lhe contará uma informação confidencial. A torre e Sirius uniram força e estarão juntos nessa guerra contra Drakir. Recentemente Nasubi até conseguiu capturar três deles para interrogatório. Mas a partir daqui Nasubi já não pode falar mais nada. — Voltava a ficar diante o rapaz, agora rende a seus olhos. — Entao, como fará pra remover essa marca maldita? Onde temos que ir?