As Crônicas de Samaria :: Clã Yami
— Pessoas envolvidas: Blossom.
— Localidade: Xuridra, Drakir.
— Descrição: Após uma falha traumática, os pensamentos de uma fada encontram-se nebulosos.
TRIGGER WARNING
AVISO!!! Esse tópico conter conteúdo que cause GATILHO, enquadrando-se em tortura.
Sorry, even if I’m late already
Com o luar caindo na ilha de Xuridra, essa poderia ter sido uma noite agradável.
As estrelas no céu brilham como sempre, mas não consigo ter a ousadia de observá-las. Horas depois do entardecer, o tempo estava agradável. Algumas pessoas passeavam pelas ruas, descontraídas, se divertindo em uma noitada. Estávamos com sinais de guerra, claro, mas todos aproveitavam como podiam.
Desde a última desventura, uma nuvem de chuva parecia ter se formado dentro da minha cabeça. Não chove, não se desfaz, apenas fica ali estagnada. Os pensamentos estão confusos, nebulosos, como se eu tentasse visualizar através de uma névoa espessa.
E, por algum motivo, agora estava sentada no canto de uma rua, próxima à estalagem que chamamos de moradia. Tentava ver através da grande fumaça em minha mente, mas tudo parecia se perder de novo.
Mesmo distraída, consigo focar o suficiente para observar uma família. Comum, você diria de prontidão que eram felizes — ou, pelo menos, pareciam. Passeavam na rua, os pais de mãos dadas enquanto três crianças os rodeavam, brincando em um pega-pega injusto devido suas idades diferentes.
Encarando-os, é como se um sopro trouxesse todos os pensamentos que eu vinha tentando decodificar. E, tão rápido assim, eles se tornam a condensar novamente.
O único pensamento que tenho, no momento, era de que não poderia observar aquilo. Estar ali. Em impulso, me levanto e começo a andar.
Pode ser a sensação do vento, zunindo em meus ouvidos, ou quaisquer outros motivos, mas os passos começam a ficar largos. Sem perceber, em poucos minutos, estou correndo. Algo que não estava habituada a fazer, visto que sempre pude contar com minhas asas.
Visivelmente, eu sou lenta. Minha respiração estava pesada com poucos metros. Dessa vez em particular, pareciam ter placas de chumbos nos meus pés. Ou, elas deveriam sempre ter estado ali, mas nunca havia percebido antes. Cada passo se colidindo no chão era uma martelada em minha cabeça. Tum. Tum. Tum.
Tum.
Consigo sentir gotas de suor escorrendo pelo meu pescoço, minha testa. Os passos ainda estavam pesados, mas minhas pernas começavam a se anestesiar com o exercício. Desviando de pessoas e edificações, traçava uma rota desconhecida, correndo sem parar e sem perceber o mundo ao redor.
A imagem de uma mãe, que saiu em um dia de lazer com seus dois filhos. Provavelmente, uma costume. Ela estava sozinha, não deveria ter mais integrantes da família além deles. Sua feição desesperada quando as crianças vieram a sumir permanece. Se eu tivesse sido mais rápida.
- Considerações:
— 417 Palavras no total.
— Treino para o atributo 'Agilidade".
— Essa RP se passa após a podcast de Ilia e Blossom. Em um breve resumo, duas crianças foram manipuladas por uma bruxa e utilizadas como igredientes de uma sopa. A dupla falhou em resgatar as crianças e também em outros objetivos da missão.
Sorry, even if I’m late already
A noite estava clara, límpida. Porém, eu sentia que corria dentro de um ar espesso. Por causa da corrida, minha respiração estava irregular, os batimentos cardíacos faziam parecer que meu coração ia saltar do meu corpo. Mas, ainda não era suficiente.
Tum.
A voz de crianças, alegres passeando pela floresta. Eram ingênuas, não tinham culpa de nada que tinha acontecido com elas. Não tinham culpa de minha incompetência. Se eu tivesse sido mais rápida.
Minhas pernas fraquejavam, começavam a querer desistir. As figurativas placas de chumbo ainda pareciam prender meus pés ao chão, mas eu certamente estava mais rápida. Estava melhorando, estava fugindo? Não tinha diferença.
Virando uma rua, perco o equilíbrio para não esbarrar em algumas pessoas. Minhas pernas, já desgastadas, falham e me fazem cair no chão. Só então, percebo tamanho o esforço que estava exercendo. Meu físico é fraco, eu sempre estive consciente disso, mas por que agora parecia me incomodar?
Com o rosto encostado no solo, parte de mim queria continuar ali. Fechar os olhos, imaginar que estava deitada nos campos de Yomunhal, onde eu não tinha preocupações. Meus pés latejando, entretanto, me lembram de que estou ali, e agora com alguns arranhões pelo corpo a mais.
Fechando a mão em punho, acerto o solo e me levanto. Estava cansada, mas ainda conseguia correr. Devia correr. Meu corpo parecia discordar, mas não me importava.
Já estava distante da estalagem. Ilia estaria preocupada? Ela também estava pensando sobre o que aconteceu? Seus pensamentos estavam organizados, claros? Ou iguais aos meus?
Começava a tentar regular minha respiração, assim conseguindo correr sem parecer uma parafernalha desgovernada. Minha pisada estava mais firme, mesmo que o barulho ainda ecoava em minha mente.
Tum.
A casa abandonada. Todos os esforços para causar o menor dano possível sendo em vão. Uma conversa alegre em duas crianças, se divertindo em uma situação mortal, sem perceber onde estavam e que jamais veriam outro cenário além dessa mesma casa abandonada novamente. Se eu tivesse sido mais rápida.
Com esse último pensamento ecoando, mal noto que começo a correr mais rápido. Não conseguia perceber mais nada ao meu redor. Ao mesmo tempo que vários músculos do meu corpo doíam, eles já se moviam automaticamente. Passo após passo, eu estava mais consciente das placas de chumbo que prendiam meus pés. Aos poucos, elas pareciam se quebrar, como se estivessem trincando.
Mesmo com todo o corpo e pensamentos ardendo, a sensação parecia ótima.
Chegando em uma encruzilhada, paro por um momento. Curvo o corpo, segurando os joelhos. Então, levo os olhos ao céu. Como eu esperava, várias estrelas estavam ali. Me sentia repentinamente grata por poder admirá-las.
- Considerações:
— 439 Palavras no total.
— Treino para o atributo 'Agilidade".
— Essa RP se passa após a podcast de Ilia e Blossom. Em um breve resumo, duas crianças foram manipuladas por uma bruxa e utilizadas como igredientes de uma sopa. A dupla falhou em resgatar as crianças e também em outros objetivos da missão.
Sorry, even if I’m late already
Olhando em volta, percebo que não sei onde estou. Não sei o quanto corri, mas se parasse agora o exercício começaria a fazer meu corpo pesar. Não conseguiria nem mesmo voltar para a estalagem.
Felizmente, sabia encontrar uma referência: o castelo do clã Yami. Então, começaria a correr, mas dessa vez numa direção fixa. Meu corpo provavelmente não aguentaria muito mais pela frente, então eu deveria continuar antes de minha energia se desfazer.
Desfazer.
Tum.
A imagem mais difícil que minha mente já havia enfrentado. Condensada, mal conseguia decifrar o que estava além da névoa. Meus passos se apertaram, começo a correr mais rápido, como se estivesse sendo perseguida. Talvez, eu estivesse mesmo. Mesmo que não por algo material, minha mente estava evitando aceitar uma responsabilidade que era totalmente minha.
Dentro daquela casa escura, um cheiro da qual nunca iria esquecer na minha vida tomou o ar. Lutando para manter uma personagem, não pude expressar o horror ao ver as mesmas duas crianças por quem procurávamos rodeadas pela água quente de um caldeirão. Seus olhos pesavam, até que se fecharam. Nunca mais abririam novamente. Se eu tivesse sido mais rápida.
Parecia correr mais rápido, também desviava das pessoas com mais facilidade. Meus pés estavam firmes, não corria risco de cair, ou mesmo de manter uma postura desengonçada. As placas de chumbo pareciam se quebrar. Não existiam, mas quase podia ouvi-las se despedaçando.
Tum.
Vários “Se” pareciam rodopiar minha mente, se colidindo, movendo-se desgovernadamente, sem rumo. Se eu fosse um pouquinho mais forte, essas crianças estariam vivas. Se eu tivesse pensado com mais clareza, essas crianças estariam vivas. Se eu tivesse sido mais rápida, essas crianças estariam vivas.
A última imagem, o alimento espesso formado após ambas as crianças se desfazerem em meio ao ensopado da bruxa. O pote aproximou-se de meu rosto, de meus lábios. Impregnou-se em minha roupa. Tudo era nauseante, desde o cheiro até sua concepção. A mulher, então, bebeu de uma só vez uma grande quantidade do caldo. Se eu tivesse sido mais rápida.
Por minha culpa, duas crianças estavam mortas. Poderiam ter sido guerreiras, intelectuais, terem conhecido o amor, a dor, formado uma vida com seus amigos e família. Uma vida.
Suas vozes animadas na floresta agora era uma lembrança distante, como se as ouvisse debaixo d’água. Agora, estou correndo mais do que nunca. Pareço conseguir fazer o caminho até a estalagem em metade do tempo que usei para me afastar. Meus pés estavam mais leves, o que era irônico pois doíam de forma que nunca senti na vida. Minha respiração, embora regulada, já mostrava claros sinais de cansaço.
Contudo, eu corria. Dessa vez, eu não estava correndo para fugir, como quando comecei essa caminhada. Corria para que pudesse alcançar um objetivo, algo que não podia ver com clareza mas que eu sabia que estava ali. Eu preciso ser mais rápida.
O metal que parecia estar me impedindo no começo sumira a medida em que eu esclarecia meus pensamentos. Minha falha foi não ter sido mais rápida, em vários aspectos. Essa era uma dor que eu teria de levar para minha vida, uma memória que não poderia nunca se apagar. Um aprendizado, para fazer diferente, para não cometer o mesmo erro novamente.
Eu e Ilia conseguimos sobreviver, deixando uma área da floresta queimada e um acontecimento terrível para trás, naquela casa. Não dissemos uma palavra uma para a outra ainda, sabíamos o que uma a outra estava pensando. Muito menos encaramos Hikari, uma tarefa para qual eu não estava pronta.
Na rua da estalagem, meu corpo parece entender que essa pequena jornada estava ao fim. Minhas pernas, se tivessem bocas, gritariam por socorro. Sentia bolhas nos meus pés, provavelmente calejados em alguns pontos também.
Desacelerando meus passos, percebo que percorri uma longa distância. Eu já havia tentado me condicionar dessa forma? Correr dessa forma? A prova de que eu sou capaz de fazer melhor estava em toda a rota que eu percorri através de passos apressados e angustiados.
Minha mente, agora, estava organizada, mesmo que toda a dor se mantivesse, ecoando, latejando. Não percebi quando comecei a chorar, mas agora sentia o rosto recentemente molhado.
“Eu prometo”, eu dissera. Uma promessa que eu nunca cumpriria. Eu não arruinei duas vidas naquela noite, mas três.
Onde quer que estivesse, a mãe dessas crianças estaria remoendo sua dor. Em agonia, sofrimento. Lembrando de seus filhos, mas também da fada e da elfa que disseram que os traria de volta.
Com a pequena família em mente, sussurro:
— Toda a sua esperança e felicidade, eu as destruí. Me desculpem, mesmo que não possam me perdoar.
- Considerações:
— 772 Palavras no total.
— Treino para o atributo 'Agilidade".
— Essa RP se passa após a podcast de Ilia e Blossom. Em um breve resumo, duas crianças foram manipuladas por uma bruxa e utilizadas como igredientes de uma sopa. A dupla falhou em resgatar as crianças e também em outros objetivos da missão.
• Coerência e Dinâmica (25/25):
• Desempenho da Perícia (15/15):
• Estrutura e Digitação (24/25):
• Enredo e Criatividade (35/35):
XP FINAL: 99 x 2 = 198 xp
+ 198 xp em Agilidade
Atenciosamente, Liùsaidh.
• Coerência e Dinâmica (25/25):
• Desempenho da Perícia (15/15):
• Estrutura e Digitação (24/25):
• Enredo e Criatividade (35/35):
XP FINAL: 99 x 2 = 198 xp
+ 198 xp em Agilidade
Atenciosamente, Liùsaidh.
• Coerência e Dinâmica (25/25):
• Desempenho da Perícia (15/15):
• Estrutura e Digitação (25/25):
• Enredo e Criatividade (35/35):
XP FINAL: 100 x 2 = 200 xp
+ 200 xp em Agilidade
Atenciosamente, Liùsaidh.