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As Crônicas de Samaria :: Clã Aelrinel
Zyphenia Cailleach
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[OPFB - LeXa Aelrinel] Fogo e cinzas - Postado Qua Set 02, 2020 1:05 pm
As Crônicas de Samaria
Fogo e cinzas.
- Venha Lexa, venha até mim. Ou será tarde demais. - Em sonhos, e agora em reflexos. A estranha imagem borrada de uma mulher agora aprecia para Lexa em qualquer lugar que estivesse. A draconata ostentava o diadema em sua cabeça, os que avistavam faziam referencias espalhafatosas e não ousavam olhar diretamente para o artefato. Um sinal de máximo respeito entre seu clã que agora prosperava em abundância. Se não fosse por sua... Mãe. Como a Suprema poderia escolher uma garota? A mãe de Lexa era a matriarca, seria seu posto por direito, e ela não iria desistir. Algo pequeno começava a surgir nas sombras, e tomava força a medida que a matriarca contestava as ações da filha. E como se não bastasse isso, os problemas só aumentava. Lá longe, o clã amigo que a draconata havia visitado, sofria com a ira da própria terra. Centralia queimava, e o clã Aelrinel recebia as suplicas do povo em forma de cinzas que se misturavam a névoa.
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Quest de dificuldade Média para LeXa Aelrinel.
+ Desfecho: Tudo se torna uma questão de equilíbrio. É impossível tirar sem doar. Sempre havia um preço a se pagar, e você terá que decidir qual o melhor caminho a seguir para ajudar seu povo.
- Você tem dois caminhos:
1 - Seria essa a hora de confrontar sua mãe? Lexa poderá seguir por esse caminho, o que ajudará ela se fortalecer no papel de líder. Mas perderá a chance de salvar o povo de Centralia. Você terá a opção de mandar alguém em seu nome, mas as perdas ainda serão grandes.
2 - O outro caminho seria ir pessoalmente ajudar o povo que está queimando sobre a ira da própria terra. O lugar já está perdido, mas você tem a chance de salvar as pessoas dali. Uma desvantagem dessa escolha, é que se a escolher, sua mãe e o culto que ela vem liderando irão se rebelar contra a coroa. E o motim deverá ser controlado em uma RP.
+ Qualquer duvida MP ou Discord.
+ Todas as informações do personagem devem estar em spoiler no final do post.
+ Boa sorte!
LeXa Aelrinel
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Re: [OPFB - LeXa Aelrinel] Fogo e cinzas - Postado Qua Set 02, 2020 7:38 pm
FOGO E CINZAS
O orgulho ferido, o ciúme cego, o ódio, rancor, todos os piores sentimentos dominavam a megera. Em sua memória era nítido o olhar firme da filha renegada, mostrando um desafio que Kyh ainda não tinha vencido anos e mais anos depois. LeXa tinha seu sangue, mas para a mãe isso era irrelevante. Odiava a draconata do fundo de sua alma. A filha sempre conquistou tudo, retirando de Kyh todos de sua família. A mãe perdera o respeito de seu marido, o amor de seu filho, era enxergada como louca e nunca conseguia destruir seu desafeto, a origem de todo o problema. Em pensar que ficara tão feliz no nascimento daquela maldita, pensava que assim Calígena lhe concederia tudo, mas até seu filho já não era mais seu. Não era pra ser assim...
Kyh já perdera a fé em Calígena há muito tempo. Seu coração e alma se corrompiam. A mancha negra tornava sua essência, antes até mesmo gentil, em algo obscuro, e o desejo por vingança a consumia. O seu alvo estava bem estabelecido, assim como a certeza de que não titubearia em destruir tudo o que tinha, mas que ao menos ficasse de pé sua vitória e seu filho.
A draconata penteava de maneira agressiva seus cabelos escuros, enquanto isso ela pensava. Achava que até mesmo podia ouvir o som das marteladas, mesmo estando metros e mais metros de distância. Há certa distância estava sua filha, cuidando para que naquele vilarejo se erguessem mais casarões de madeira a fim de receber o povo de Centralia. Já havia recebido uma visita esperada, o mensageiro do líder daquele vilarejo havia chegado e trazido a notícia, sua proposta fora aceita e Centralia estava a derreter, o que obrigava tudo a ser muito veloz.
— As vigas estão firmes? — A Líder indagou, passando seus olhos
— Como a senhora nos instruiu. Não podemos construir casas para todos, mas acredito que nesse começo estará de bom tamanho. — O assistente respondeu. Fora LeXa que escolhera o local, seria o mais próximo a área portuária, isso porque não perderia a oportunidade de também ganhar mão de obra. Eles precisavam de mais pescadores…
— Também acredito. Assim que se estabelecerem poderão trabalhar pelo seu sustento. — Disse ela, pensando no que deveria conquistar e oferecer.
— A Senhora realmente não costuma oferecer nada sem receber algo em troca. — Comentou o assistente naquelas obras. Acabou encarando de relance o diadema, seus olhos abaixaram no mesmo instante.
— Não cresci contando com a sorte… — Ela respondeu firmemente, ainda encarava o casarão, mas o que enxergava mesmo era o passado. A fome, as queimaduras, desidratação, o olhar furioso da sua mãe e resposta que sempre dava a ela… LeXa, ainda que sofresse todas as torturas, permanecia encarando a draconata de cima e com muito ódio, a Aelrinel mais nova não temia à dor e muito menos à sua carrasca.
LeXa já havia ouvido que não merecia ser reconhecida, mas agora ela carregava consigo uma prova, caminhava sempre com seu diadema. Pôde quebrar todas as convicções de LeXus e fazê-lo pensar que realmente tudo o que acontecia tinha seu fundo de verdade. Não havia como LeXa mentir sobre tudo aquilo, ela não iria escrever nos livros a história de Calígena, não teria como forjar uma artefato tão preciso, não poderia ter criado um povo que realmente existia e que precisava de sua ajuda. O passado era real, tudo o que vivia era real, Calígena e sua lenda não era apenas mito e quando trouxesse o povo de Centralia tudo se mostraria ainda mais verdadeiro.
A relíquia levada ao Clã da Névoa pareceu trazer abundância, pois todos os planos seguiam sendo concluídos. Marduk deixara muito para trás e agora sua filha finalizava seu trabalho, colhendo ótimos frutos, ganhando a confiança e o apreço de seu povo. Exibir o diadema trazia um reconhecimento que lustrava o ego da draconata, eram tantas reverências, algumas até mesmo exageradas e ela gostava disso, gostava muito. Em seu âmago a guerreira misteriosa se alegrava e o sorriso de LeXa nunca se mostrou tão frequente.
Houve mais uma reverência naquele momento, a última no lugar, logo LeXa estava se virando e rumando ao castelo de mármore, a noite estava prestes a cair e, por fim, seu marido a estaria esperando. LeXus ainda estava confuso sobre tudo, mas o que não conseguiu ignorar foi a atitude da irmã, ela estava disposta a salvar um vilarejo inteiro, independente dos motivos, seu desejo possuía muitos méritos. Talvez estivesse enganado todo o tempo e no futuro sua amada irmã não se tornaria uma caricatura ainda mais perversa de sua mãe, LeXa devia guardar sentimentos nobres e todas as qualidades que no passado tornaram aqueles irmãos tão cúmplices. A Futura Nébula esperava ansiosamente por isso.
A noite caira e ela atravessava o caminho de rochas que a levava à entrada de seu castelo. Sozinha naquele momento, ela mantinha seus pensamentos vagando, rebobinando todas as suas obrigações. Foi então que a voz da névoa sussurrou em seu ouvido.
— Venha Lexa, venha até mim. Ou será tarde demais. — Após essas palavras o coração apertou sob o peito, os olhos varreram a negritude enevoada que estava ao seu redor. A líder não encontrava nada, mas em sua mente ouviu um estalo, a intuição lhe mostrou para onde deveria seguir: O Templo da Névoa. Aquele era mais um chamado de Calígena e se ela não expunha sua essência ali, precisaria ser encontrada em um lugar ainda mais sagrado.
LeXa subiu mais uma vez em seu cavalo e após uma corrida apressada chegou ao local. Silêncio! Um silêncio dissimulado. Entrou no Templo. Vazio! Sequer a fogueira estava acessa. Eles não precisavam do fogo naquele mês, mas ainda acendiam seus incensos.e a discreta fumaça formada por tantos podia ser vista fazendo desenhos no ar. Foi a partir dela que Calígena surgiu. A bela imagem feminina aos poucos tomava forma, assemelhando-se à própria Aelrinel. A imagem era fosca, embaçada, feita de pura fumaça e névoa, uma névoa que começou a invadir o Templo.
— Eles precisam de você para que possam te ajudar a enfrentar a intriga que só cresce em sua casa. Traga os fiéis, confie naqueles que mantém até hoje a gratidão, não permita que pereçam nas chamas. Essa é minha súplica…
A imagem feminina tomou calmamente a forma de um dragão. As cinzas dos incensos passaram a dançar no ritmo dos ventos, pouco a pouco se aproximando da forma misteriosa. Em um bater de asas tudo se dissipou, a névoa, as cinzas, a imagem. LeXa retornou ao silêncio, ao vazio, mas agora tinha uma certeza e com ela retornou ao seu castelo.
— Então a imagem de sua… Cópia apareceu no Templo e te implorou que salvasse o povo de Centralia… — LeXus tinha um ceticismo claro em seu tom. A esposa o encarou com certa fúria, ele estava duvidando novamente, mesmo depois de tudo.
— Exatamente isso. E amanhã mesmo eu darei a ordem. Vamos reunir o máximo de carruagens e vamos tirar todos os nossos irmãos daquela terra fantasma. — Ela respondeu com uma convicção capaz de convencer qualquer um. LeXus abaixou o tom, demonstrando certa apreensão, algo que não demonstrava há muito tempo.
— Você está falando de no mínimo 20 carroças atravessando milhas e mais milhas, invadindo um Clã que, pelo que sabemos, pouco se importam com vidas. Você estará levando nossa gente para a morte. — Avisou, torcendo para que sua irmã o escutasse, o que obviamente não aconteceu.
— Meu povo também está em Centralia, tendo o chão derretendo aos seus pés , queimando, sofrendo. Eu até entendo que você não possua fé, irmão, mas não sou como você e nesse caso estou muito feliz com isso.
O que aqueles dois não esperavam era que Kyh estivesse do outro lado da porta, ouvindo todas aquelas palavras e já planejando como iria usar a atitude da filha contra ela. A draconata já estava agindo contra a Líder desde muito tempo, plantando intrigas, questionando suas ações, fazia isso entre os sacerdotes, mas uma grande ideia surgiu naquela noite: era hora de jogar o povo contra LeXa.
Quando o dia amanheceu, a cobra já estava desperta a horas. Já havia falado com todos membros relevantes que havia no Culto. A desculpa dessa vez era que em um momento tão importante, não se deveria arriscar. Soldados teriam que viajar junto à líder, os cofres seriam mais uma vez remexidos, as carroças, algo tão importante para o comércio, seriam levadas. Tudo faria uma grande falta. Essa não era uma atitude inteligente, um povo desconhecido não merecia tudo o que estavam fazendo por eles. Convencidos, os draconatos espalharam a notícia entre a população. Tudo poderia ser facilmente explicado se o evento mais inusitado não acontecesse em plena praça...
LeXa já tinha se organizado, inclusive preparado mantimentos para a viagem, seriam muitos que viriam e sofrer de fome e sede não era uma opção. Kyh aguardou o momento certo. Até então permanecia de braços cruzados, apenas observando a filha dar as últimas ordens, pronta para partir. A megera estreitou os olhos quando presenciou uma cena. LeXus respeitosamente beijou a irmã na testa e segurou ambas as mãos da draconata. Pelo visto uma trégua havia se estabelecido entre eles, ou todo o sentimento fraternal regressara. Kyh se enfureceu ainda mais.
As pisadas da draconata ecoaram forte, os braços permaneceram cruzados, o olhar ainda brilhava em pura cólera. Quando se aproximou o suficiente, vociferou sem nenhum tipo de controle:
— Então é isso o que você faz? Quando seu povo começa a prosperar, você esquece de suas responsabilidades e decide arriscar tudo para ir atrás daqueles que sequer sabemos se existem de verdade…
LeXa revirou os olhos, já esperava alguma cena de sua mãe. Seu controle permaneceu intacto nos primeiros minutos. Ela não iria deixar aquelas palavras sem resposta e antes de respondê-las suspirou profundamente, para só então dizer:
— Quando eles chegarem aqui você e todos poderão vê-los e entender como são gratos à nossa mãe. Foi por isso que ela suplicou que eu saísse em auxílio a eles. Eu não posso ignorar um pedido de Calígena. — A Aelrinel respondeu fixando seus olhos no povo que estava no local, explicava para eles, acreditando que a fé que existia pudesse fazê-los enxergar o motivo de sua escolha. A abundância que havia se iniciado só acontecera após seu regresso de Centralia, o diadema que ostentava podia ser encontrado nos livros antigos, todo aquele momento era um presente de Calígena e não podia sequer passar pela sua cabeça recusar seu pedido.
— Calígena? Aquela que permitiu a morte de meu marido? De seu pai? Você se sente poderosa por falar com ela e por agora estar usando essa maldita "coroa"? — Surpreendendo a todos a mãe avançou contra a filha, agarrando seus cabelos e o diadema. LeXa não esperava por aquela atitude, mas sua mãe mais uma vez passava dos limites. Tentava arrancar o que era seu por direito e então, pela primeira vez, deixou se levar pelas emoções. A raiva explodiu, a briga se estendeu por breves segundos, LeXus saiu em defesa da irmã e na primeira oportunidade veio o soco. Um direto potente no nariz de Kyh. Mãe e filho cambalearam para trás, a draconata perdeu o equilíbrio, desabando para o lado. O sangue escorria pela narina direita, o direto foi certeiro ao ponto de deixar a megera tonta. Kyh ainda forçou um drama dizendo:
— Como você ousa? Como pode bater na sua própria mãe? — Ela voltou seus olhos para a filha, limpando o filete de sangue que escorria.
— Você mesmo disse que não era minha mãe, eu decidi acreditar. Agora não seja patética, merecia muito mais. — A resposta de LeXa veio veloz enquanto ela ajeitava o diadema sobre sua cabeça, penteando em seguida seus fios platinados e seu consertando o decote.
Kyh ameaçou perder a postura mais uma vez. Levantou-se, esteve prestes a saltar contra a filha, mas foi contida pelo filho e só pode gritar enquanto assistia a Aelrinel mais nova subir em sua carruagem.
— Louca! Ingrata! Maldita!
— MÃE! — LeXus elevou sua voz e acabou também se tornando vítima da fúria descontrolada daquela mulher.
— Você vai ficar pra sempre do lado dela? Eu fiz tudo por você, você deveria estar no lugar dela, mas é um fraco. Eu realmente não tenho filhos. E agora vejo que deveria comandar essas terras. Dois fracos! Tolos! Desgraçados! Foi isso que Calígena me trouxe. Maldita seja! — Kyh se debatia em uma força tão grande que até mesmo fez seu filho duvidar que poderia segurá-la por muito tempo. O pior foi LeXa ter ouvido a ofensa contra sua verdadeira mãe.
Levou o rosto para fora da janela, a carruagem começava a andar. Os olhos cortantes da Nébula se fixaram nos da mãe. LeXa piscou duas vezes e o clima abaixou consideravelmente, com a névoa tornando-se mais densa. Depois disso ajeitou-se no banco e uniu suas mãos para uma prece. Ainda sentia o coração palpitar furiosamente, mas tinha ouvido as palavras do irmão. Ela tinha que ter cuidado, pedir proteção à névoa… Que seu trajeto fosse feito com o máximo de sigilo e segurança. O milagre aconteceu.
Por longos dias os olhos de muitos ignoraram a caravana que passava por suas terras. As preces de LeXa se mantiveram firmes por todo esse tempo. O trajeto até Centralia foi tranquilo, deixado soldados e guardas surpresos. A névoa os acompanhava e até mesmo o trotar dos cavalos pareciam inaudível. Eles pareciam simplesmente… Fantasmas…
Chegaram ao vilarejo e se depararam com o caos. Casas afundavam em meio a um solo que derretia.
— Vamos fazer uma fila, eu vou na frente e vejo se o caminho é seguro. — Disse o que liderava a missão.
Da janela, LeXa observava a devastação. A fumaça ali era forte, tudo inspirava perigo, mas quando um borrão em forma de dragão se formou nos céus ela teve a certeza de que poderiam prosseguir.
Foi uma hora de muito cuidado e atenção até chegar ao casebre do líder. A mulher a recebeu e logo abriu um largo sorriso.
— Você realmente veio. — Disse em pura alegria. E depois disso começaram a recolher rapidamente os civis. Kan Drakir parecia furioso, expelindo gases e muita fumaça, mas uma ventania mudança a direção dos ares. LeXa apenas observava aquilo que para ela era sinônimo do auxílio de Calígena. Sob essa "proteção" eles regressaram, passando por trechos próximos às montanhas. Raramente pararam, só algumas vezes para comer e se hidratar.
LeXa sentiu que havia sim tomado a decisão correta, para ela os sinais estavam naquela travessia tranquila. Quando contasse isso ganharia a confiança completa, aqueles draconatos que seguiram com ela iriam confirmar, soldados e guardas também. Esse era o pagamento por se manter fiel à Suprema. Só que enquanto pensava isso, boa parte de seu clã se deixava levar pelas intrigas…
Kyh já perdera a fé em Calígena há muito tempo. Seu coração e alma se corrompiam. A mancha negra tornava sua essência, antes até mesmo gentil, em algo obscuro, e o desejo por vingança a consumia. O seu alvo estava bem estabelecido, assim como a certeza de que não titubearia em destruir tudo o que tinha, mas que ao menos ficasse de pé sua vitória e seu filho.
A draconata penteava de maneira agressiva seus cabelos escuros, enquanto isso ela pensava. Achava que até mesmo podia ouvir o som das marteladas, mesmo estando metros e mais metros de distância. Há certa distância estava sua filha, cuidando para que naquele vilarejo se erguessem mais casarões de madeira a fim de receber o povo de Centralia. Já havia recebido uma visita esperada, o mensageiro do líder daquele vilarejo havia chegado e trazido a notícia, sua proposta fora aceita e Centralia estava a derreter, o que obrigava tudo a ser muito veloz.
— As vigas estão firmes? — A Líder indagou, passando seus olhos
— Como a senhora nos instruiu. Não podemos construir casas para todos, mas acredito que nesse começo estará de bom tamanho. — O assistente respondeu. Fora LeXa que escolhera o local, seria o mais próximo a área portuária, isso porque não perderia a oportunidade de também ganhar mão de obra. Eles precisavam de mais pescadores…
— Também acredito. Assim que se estabelecerem poderão trabalhar pelo seu sustento. — Disse ela, pensando no que deveria conquistar e oferecer.
— A Senhora realmente não costuma oferecer nada sem receber algo em troca. — Comentou o assistente naquelas obras. Acabou encarando de relance o diadema, seus olhos abaixaram no mesmo instante.
— Não cresci contando com a sorte… — Ela respondeu firmemente, ainda encarava o casarão, mas o que enxergava mesmo era o passado. A fome, as queimaduras, desidratação, o olhar furioso da sua mãe e resposta que sempre dava a ela… LeXa, ainda que sofresse todas as torturas, permanecia encarando a draconata de cima e com muito ódio, a Aelrinel mais nova não temia à dor e muito menos à sua carrasca.
LeXa já havia ouvido que não merecia ser reconhecida, mas agora ela carregava consigo uma prova, caminhava sempre com seu diadema. Pôde quebrar todas as convicções de LeXus e fazê-lo pensar que realmente tudo o que acontecia tinha seu fundo de verdade. Não havia como LeXa mentir sobre tudo aquilo, ela não iria escrever nos livros a história de Calígena, não teria como forjar uma artefato tão preciso, não poderia ter criado um povo que realmente existia e que precisava de sua ajuda. O passado era real, tudo o que vivia era real, Calígena e sua lenda não era apenas mito e quando trouxesse o povo de Centralia tudo se mostraria ainda mais verdadeiro.
A relíquia levada ao Clã da Névoa pareceu trazer abundância, pois todos os planos seguiam sendo concluídos. Marduk deixara muito para trás e agora sua filha finalizava seu trabalho, colhendo ótimos frutos, ganhando a confiança e o apreço de seu povo. Exibir o diadema trazia um reconhecimento que lustrava o ego da draconata, eram tantas reverências, algumas até mesmo exageradas e ela gostava disso, gostava muito. Em seu âmago a guerreira misteriosa se alegrava e o sorriso de LeXa nunca se mostrou tão frequente.
Houve mais uma reverência naquele momento, a última no lugar, logo LeXa estava se virando e rumando ao castelo de mármore, a noite estava prestes a cair e, por fim, seu marido a estaria esperando. LeXus ainda estava confuso sobre tudo, mas o que não conseguiu ignorar foi a atitude da irmã, ela estava disposta a salvar um vilarejo inteiro, independente dos motivos, seu desejo possuía muitos méritos. Talvez estivesse enganado todo o tempo e no futuro sua amada irmã não se tornaria uma caricatura ainda mais perversa de sua mãe, LeXa devia guardar sentimentos nobres e todas as qualidades que no passado tornaram aqueles irmãos tão cúmplices. A Futura Nébula esperava ansiosamente por isso.
A noite caira e ela atravessava o caminho de rochas que a levava à entrada de seu castelo. Sozinha naquele momento, ela mantinha seus pensamentos vagando, rebobinando todas as suas obrigações. Foi então que a voz da névoa sussurrou em seu ouvido.
— Venha Lexa, venha até mim. Ou será tarde demais. — Após essas palavras o coração apertou sob o peito, os olhos varreram a negritude enevoada que estava ao seu redor. A líder não encontrava nada, mas em sua mente ouviu um estalo, a intuição lhe mostrou para onde deveria seguir: O Templo da Névoa. Aquele era mais um chamado de Calígena e se ela não expunha sua essência ali, precisaria ser encontrada em um lugar ainda mais sagrado.
LeXa subiu mais uma vez em seu cavalo e após uma corrida apressada chegou ao local. Silêncio! Um silêncio dissimulado. Entrou no Templo. Vazio! Sequer a fogueira estava acessa. Eles não precisavam do fogo naquele mês, mas ainda acendiam seus incensos.e a discreta fumaça formada por tantos podia ser vista fazendo desenhos no ar. Foi a partir dela que Calígena surgiu. A bela imagem feminina aos poucos tomava forma, assemelhando-se à própria Aelrinel. A imagem era fosca, embaçada, feita de pura fumaça e névoa, uma névoa que começou a invadir o Templo.
— Eles precisam de você para que possam te ajudar a enfrentar a intriga que só cresce em sua casa. Traga os fiéis, confie naqueles que mantém até hoje a gratidão, não permita que pereçam nas chamas. Essa é minha súplica…
A imagem feminina tomou calmamente a forma de um dragão. As cinzas dos incensos passaram a dançar no ritmo dos ventos, pouco a pouco se aproximando da forma misteriosa. Em um bater de asas tudo se dissipou, a névoa, as cinzas, a imagem. LeXa retornou ao silêncio, ao vazio, mas agora tinha uma certeza e com ela retornou ao seu castelo.
— Então a imagem de sua… Cópia apareceu no Templo e te implorou que salvasse o povo de Centralia… — LeXus tinha um ceticismo claro em seu tom. A esposa o encarou com certa fúria, ele estava duvidando novamente, mesmo depois de tudo.
— Exatamente isso. E amanhã mesmo eu darei a ordem. Vamos reunir o máximo de carruagens e vamos tirar todos os nossos irmãos daquela terra fantasma. — Ela respondeu com uma convicção capaz de convencer qualquer um. LeXus abaixou o tom, demonstrando certa apreensão, algo que não demonstrava há muito tempo.
— Você está falando de no mínimo 20 carroças atravessando milhas e mais milhas, invadindo um Clã que, pelo que sabemos, pouco se importam com vidas. Você estará levando nossa gente para a morte. — Avisou, torcendo para que sua irmã o escutasse, o que obviamente não aconteceu.
— Meu povo também está em Centralia, tendo o chão derretendo aos seus pés , queimando, sofrendo. Eu até entendo que você não possua fé, irmão, mas não sou como você e nesse caso estou muito feliz com isso.
O que aqueles dois não esperavam era que Kyh estivesse do outro lado da porta, ouvindo todas aquelas palavras e já planejando como iria usar a atitude da filha contra ela. A draconata já estava agindo contra a Líder desde muito tempo, plantando intrigas, questionando suas ações, fazia isso entre os sacerdotes, mas uma grande ideia surgiu naquela noite: era hora de jogar o povo contra LeXa.
Quando o dia amanheceu, a cobra já estava desperta a horas. Já havia falado com todos membros relevantes que havia no Culto. A desculpa dessa vez era que em um momento tão importante, não se deveria arriscar. Soldados teriam que viajar junto à líder, os cofres seriam mais uma vez remexidos, as carroças, algo tão importante para o comércio, seriam levadas. Tudo faria uma grande falta. Essa não era uma atitude inteligente, um povo desconhecido não merecia tudo o que estavam fazendo por eles. Convencidos, os draconatos espalharam a notícia entre a população. Tudo poderia ser facilmente explicado se o evento mais inusitado não acontecesse em plena praça...
LeXa já tinha se organizado, inclusive preparado mantimentos para a viagem, seriam muitos que viriam e sofrer de fome e sede não era uma opção. Kyh aguardou o momento certo. Até então permanecia de braços cruzados, apenas observando a filha dar as últimas ordens, pronta para partir. A megera estreitou os olhos quando presenciou uma cena. LeXus respeitosamente beijou a irmã na testa e segurou ambas as mãos da draconata. Pelo visto uma trégua havia se estabelecido entre eles, ou todo o sentimento fraternal regressara. Kyh se enfureceu ainda mais.
As pisadas da draconata ecoaram forte, os braços permaneceram cruzados, o olhar ainda brilhava em pura cólera. Quando se aproximou o suficiente, vociferou sem nenhum tipo de controle:
— Então é isso o que você faz? Quando seu povo começa a prosperar, você esquece de suas responsabilidades e decide arriscar tudo para ir atrás daqueles que sequer sabemos se existem de verdade…
LeXa revirou os olhos, já esperava alguma cena de sua mãe. Seu controle permaneceu intacto nos primeiros minutos. Ela não iria deixar aquelas palavras sem resposta e antes de respondê-las suspirou profundamente, para só então dizer:
— Quando eles chegarem aqui você e todos poderão vê-los e entender como são gratos à nossa mãe. Foi por isso que ela suplicou que eu saísse em auxílio a eles. Eu não posso ignorar um pedido de Calígena. — A Aelrinel respondeu fixando seus olhos no povo que estava no local, explicava para eles, acreditando que a fé que existia pudesse fazê-los enxergar o motivo de sua escolha. A abundância que havia se iniciado só acontecera após seu regresso de Centralia, o diadema que ostentava podia ser encontrado nos livros antigos, todo aquele momento era um presente de Calígena e não podia sequer passar pela sua cabeça recusar seu pedido.
— Calígena? Aquela que permitiu a morte de meu marido? De seu pai? Você se sente poderosa por falar com ela e por agora estar usando essa maldita "coroa"? — Surpreendendo a todos a mãe avançou contra a filha, agarrando seus cabelos e o diadema. LeXa não esperava por aquela atitude, mas sua mãe mais uma vez passava dos limites. Tentava arrancar o que era seu por direito e então, pela primeira vez, deixou se levar pelas emoções. A raiva explodiu, a briga se estendeu por breves segundos, LeXus saiu em defesa da irmã e na primeira oportunidade veio o soco. Um direto potente no nariz de Kyh. Mãe e filho cambalearam para trás, a draconata perdeu o equilíbrio, desabando para o lado. O sangue escorria pela narina direita, o direto foi certeiro ao ponto de deixar a megera tonta. Kyh ainda forçou um drama dizendo:
— Como você ousa? Como pode bater na sua própria mãe? — Ela voltou seus olhos para a filha, limpando o filete de sangue que escorria.
— Você mesmo disse que não era minha mãe, eu decidi acreditar. Agora não seja patética, merecia muito mais. — A resposta de LeXa veio veloz enquanto ela ajeitava o diadema sobre sua cabeça, penteando em seguida seus fios platinados e seu consertando o decote.
Kyh ameaçou perder a postura mais uma vez. Levantou-se, esteve prestes a saltar contra a filha, mas foi contida pelo filho e só pode gritar enquanto assistia a Aelrinel mais nova subir em sua carruagem.
— Louca! Ingrata! Maldita!
— MÃE! — LeXus elevou sua voz e acabou também se tornando vítima da fúria descontrolada daquela mulher.
— Você vai ficar pra sempre do lado dela? Eu fiz tudo por você, você deveria estar no lugar dela, mas é um fraco. Eu realmente não tenho filhos. E agora vejo que deveria comandar essas terras. Dois fracos! Tolos! Desgraçados! Foi isso que Calígena me trouxe. Maldita seja! — Kyh se debatia em uma força tão grande que até mesmo fez seu filho duvidar que poderia segurá-la por muito tempo. O pior foi LeXa ter ouvido a ofensa contra sua verdadeira mãe.
Levou o rosto para fora da janela, a carruagem começava a andar. Os olhos cortantes da Nébula se fixaram nos da mãe. LeXa piscou duas vezes e o clima abaixou consideravelmente, com a névoa tornando-se mais densa. Depois disso ajeitou-se no banco e uniu suas mãos para uma prece. Ainda sentia o coração palpitar furiosamente, mas tinha ouvido as palavras do irmão. Ela tinha que ter cuidado, pedir proteção à névoa… Que seu trajeto fosse feito com o máximo de sigilo e segurança. O milagre aconteceu.
Por longos dias os olhos de muitos ignoraram a caravana que passava por suas terras. As preces de LeXa se mantiveram firmes por todo esse tempo. O trajeto até Centralia foi tranquilo, deixado soldados e guardas surpresos. A névoa os acompanhava e até mesmo o trotar dos cavalos pareciam inaudível. Eles pareciam simplesmente… Fantasmas…
Chegaram ao vilarejo e se depararam com o caos. Casas afundavam em meio a um solo que derretia.
— Vamos fazer uma fila, eu vou na frente e vejo se o caminho é seguro. — Disse o que liderava a missão.
Da janela, LeXa observava a devastação. A fumaça ali era forte, tudo inspirava perigo, mas quando um borrão em forma de dragão se formou nos céus ela teve a certeza de que poderiam prosseguir.
Foi uma hora de muito cuidado e atenção até chegar ao casebre do líder. A mulher a recebeu e logo abriu um largo sorriso.
— Você realmente veio. — Disse em pura alegria. E depois disso começaram a recolher rapidamente os civis. Kan Drakir parecia furioso, expelindo gases e muita fumaça, mas uma ventania mudança a direção dos ares. LeXa apenas observava aquilo que para ela era sinônimo do auxílio de Calígena. Sob essa "proteção" eles regressaram, passando por trechos próximos às montanhas. Raramente pararam, só algumas vezes para comer e se hidratar.
LeXa sentiu que havia sim tomado a decisão correta, para ela os sinais estavam naquela travessia tranquila. Quando contasse isso ganharia a confiança completa, aqueles draconatos que seguiram com ela iriam confirmar, soldados e guardas também. Esse era o pagamento por se manter fiel à Suprema. Só que enquanto pensava isso, boa parte de seu clã se deixava levar pelas intrigas…
:: ATRIBUTOS ::
AGI: 01 | FOR: 02 | DES: 08 | INT: 10 | CAR: 04 | RES: 01 | HP: 30 | MP: 300:: EQUIPAMENTOS ::
- ★:
Veneno: Baba de Toruga - Um licor adocicado e agradável, como uma bebida quente de se tomar. Quando diluído, não é mortal, e se misturado a ervas medicinais se torna poderosa pasta para tratamento de ferimentos. Porém, o licor de Toruga recém inserido a alguma bebida e em altas quantidades, pode ser mortífero ao longo dos dias. Começando com febres, dores estomacais e fraqueza, concluindo em uma morte dolorida e fétida.
Bônus: -15 HP por semana off
Chakran de Aço I – Um chakran extremamente afiado feito de aço. Feita para ser lançada, mas pode ser usada em combate direto.
Categoria: Leve
Bônus: +3 dano:: PERÍCIAS ::
- :
— Economia e matemática - envolve um estudo aprofundado em economia e matemática.
+ Matemático (nível 5) — Seus conhecimentos aprimorados tornam suas capacidades mais ousadas, tornando muito simples para o usuário falsificar números fiscais ou detectar fraudes e dívidas em documentos.
— Engenharia - sabe construir, modificar ou destruir estruturas como casas, castelos, ou fortalezas
+ Reparador (nível 5) — Pode ampliar seus conhecimentos para criar e reparar estruturas mais complexas, trabalhando com a utilização de rochas e couro, além ser capaz de elaborar agora, máquinas e estruturas de cerco, com operação efetiva.
— Fé e Milagres - capacidade de orar aos deuses e imortais e ter suas preces ouvidas.
+ Rabino (nível 9) – Agora é capaz de até mesmo ter visões proféticas, pedir terremotos de baixa escala e curas medianas. Tem certa "intimidade" com alguns deuses/imortais, que agora sabem de sua existência devido a orações bem sucedidas anteriores.
— Política – Capacidade de governar, seja um reino, um forte ou uma pequena vila. Alguém com essa habilidade tem facilidade em conceber alianças e lidar com os problemas enfrentados pelo povo que governa com facilidade. A diplomacia está fortemente incluída nesta habilidade.
+ Sem técnica — Possui algum talento em governar, conseguindo lidar sem muitas dificuldades com problemas simples que possa enfrentar. Além disso, tem facilidade em conversar com outros governantes, conseguindo estabelecer alianças sem muitas dificuldades.:: AÇÕES ::
★ ...::OBSERVAÇÕES::
★ Bom, a fé esteve presente em vários momentos e o mistério também. Como eu pedi uma missão média e o maior desafio era escolher uma das opções, não dei muito foco à travessia, mas sim à mente e ao comportamento perturbado de Kyh e à maneira com a qual LeXa desenvolve sua fé em Calígena (ou em si mesma).
Ps: Com 01 em resistência nunca que iria enfrentar guardas ou perigos kkkkk
★ Música: Do or Die
★ Com @
★ Qualquer dúvida, MP!
★ Abraços!
Zyphenia Cailleach
Imagem grande :
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Re: [OPFB - LeXa Aelrinel] Fogo e cinzas - Postado Seg Set 07, 2020 2:20 pm
Avaliação
Primeiro peço desculpas pela demora em avaliar. Eu amo como você desenvolve o personagem. LeXa é uma verdadeira líder, sabe lidar muito bem com os conflitos, especialmente com sua mãe. Fora um ato nobre desafiá-la para ajudar seu povo.
Recompensas:
+200xp em Fé e Milagres
+ 1 vilarejo no informativo.
+ 03 Sanários de Ouro
Conteúdo patrocinado
Re: [OPFB - LeXa Aelrinel] Fogo e cinzas - Postado