As Crônicas de Samaria :: Ducado de Aur
All of the mazes and the madness in my mind
Abrigado nos confins de sua casa, Sarthis se encontrava debruçado sobre a obra clássica de A Arte da Guerra, estudando os princípios do que deveria ser considerado como o básico. Sua crença o levava a acreditar que nenhum homem era tão esperto para aprender somente com a experiência de outros, embora uma lição ou outra pudesse ser tirada de tal coisa. Para formular boas estratégias aos guardas da tropa de Aur, o nobre precisava entender certas coisas que para ele o sentido não se mostravam tão coerentes numa leitura empática feita em alguns guerreiros. Muitos pareciam agir sem o ponderar de seus movimentos e as consequências que poderiam gerar num ataque mal coordenado.
Na obra, os trechos tratavam exatamente aquela artimanha maldita. Muitos soldados eram feridos e impérios ruíam graças a falta de uma tática decente e generais com disciplina militar regida aos seus homens com falta de experiência e observação nos passos dados uns dos outros. Embora o livro possuísse detalhes sórdidos sobre métodos para uma abordagem efetiva, Sarthis custava a entender o que algumas linhas queriam dizer. Era sabido que os tempos eram outros e nem toda tropa era sempre enviada para uma batalha em sua totalidade absoluta. Aos que iam, restava a fé e a certeza de suas habilidades. Aos que ficavam, preces e orações sendo enviadas aos deuses para que tomassem a frente.
O primogênito e único filho dos Los’Dir atentava-se aos trechos em que surgiam as informações mais valiosas para a sua iniciação no cargo. Como estrategista, deveria fundamentar as melhores opções para separação dos homens e de acordo com seus níveis de habilidades, fazer a estima de algumas outras considerações, como por exemplo providenciar uma reserva temporal para treinos específicos. Habilidosos em uma coisa treinar outra e os não providos de alguma experiência começar a adquirir, para não se aterem apenas ao que lhes era da zona de conforto, pois bons soldados eram aqueles que sabiam um pouco de tudo. A leitura abordava também alguns marcos das primeiras batalhas de Samaria e tudo o que foi levado em conta pelos guerreiros sobreviventes.
Particularmente, Sarthis conhecia os mitos e histórias cantadas pelos bardos que alegravam a nobreza em momentos oportunos, ouvindo-os desde criança, ainda que não entendesse a veracidade e o real sentido de suas canções. Tudo o que tinha em mente era a imagem heróica de homens corajosos portadores de forças bélicas louváveis. Diferente daquela verdade cantada, a verdade escrita não compadecia de tantas graças e mesuras. Era muito mais crua e horrenda do que muitos homens com barbas trançadas na cara poderiam suportar, quem dirá uma criança ainda ingênua de todo o seu mundo e as intenções malignas que giravam em torno do ser vivo.
A leitura perdurou até o ponto em que o nobre começou a aprender sobre tipos de espada, envergaduras de lâminas e efeitos nocivos em combate. Algumas técnicas de movimentações também surgiam das linhas complexas, que lhe causavam certo incômodo nas têmporas. Já estava ali há um bom tempo, tomando aquela dorzinha aguda como um sinal para interromper o estudo e ir descansar um pouco.
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- Treino de Arte da Guerra | 516 palavras
All of the mazes and the madness in my mind
O dia mal havia se desperto e Sarthis já se encontrava sentado num dos sofás de sua casa, empenhado em continuar lendo sobre a arte da guerra. Até a noite anterior, sua mente absorvera o princípio básico para se tornar um exímio guerreiro. Embora fosse bom com a espada e escudo, ainda não possuía uma coordenação decente para agir com ambos em batalha sem sair, no mínimo, com graves escoriações pelo corpo. O peso do escudo era a sua principal preocupação, mas nada que alguns treinos não lhe ajudassem a pegar a prática. Por este motivo, o homem tinha pulado algumas páginas para ler um pouco sobre o uso de objetos de defesa e a grande importância que surtiam numa luta. Aguardava o chamado do general para acompanhá-lo até a sala onde os soldados discutiam alguns movimentos.
Quando a hora chegou, o nobre engoliu a seco e fechou o livro, seguindo-o pelo pavilhão da infantaria. Prestes a ter um contato direto com os homens da guarda, Sarthis repetia suas ideias como se fossem um mantra, para não esquecer de nada. Porém, quando passou pelas portas duplas e deu de cara com o aglomerado composto por vários soldados da tropa, precisou lutar internamente para não alterar sua feição. O general o apresentou mediante seus homens e deu-lhe espaço para um momento de prosa. Sarthis se apresentou, explicou um pouco sobre o seu cargo e em resposta obteve um mar de silêncio.
— Nunca ouvimos falar dele, general. Longe de mim questionar sua autoridade, mas Sarthis Los’Dir é o homem indicado para bolar nossas estratégias? — Apontou um homem de baixa estatura, se comparado com o restante. Era o mais furtivo entre os guardas.
O general não respondeu, pois também tinha suas dúvidas. Mas, como cumpria ordens de cima, resolveu dar de ombros e fitou o jovem Los’Dir, esperando que ele mesmo se defendesse. Sarthis pigarreou, unindo ambas as mãos frente ao quadril, segurando o livro.
— Veja, ele até precisa estudar sobre arte da guerra! Não leve nada para o pessoal, garoto, mas você não parece ser O cara. — O baixinho deu ênfase no final, para sugerir o que expressava aos demais companheiros do batalhão.
— O que você sabe sobre a história da guerra de Samaria? — Sarthis tomou a frente, dando um passo na direção do soldado, que arqueou a sobrancelha esquerda.
— E o que isso tem com a discussão?
— Responda-me e eu direi.
Desconfiado, o baixinho sentiu solavancos em seu ombro - entre tapas e empurrões - como provocação de seus amigos para responder o novato.
— E o que você sabe das outras raças existentes? Dos deuses? — Continuou questionando.
— Cara, eu não vou perder meu tem….
Sarthis abriu uma página do livro, e leu o pedaço da história, bem onde mencionava a existência da nomeação de tropas. Guardas não tinham a preocupação de saber este quesito, embora fosse tão importante quanto o treino de suas perícias, mas o intelectual não era um ponto forte para estes homens. A força bruta era muito mais esperada e eficiente.
— Você saberia dizer qual dos seus…. Amigos integra a força de movimento da tropa? Ou para que isso serve em batalha?
— Para se movimentar junto com todos nós outros, oras! É para isso que servimos.
Um curto sorriso surgiu nos lábios do rapaz, que fechou o livro e voltou a sua postura de entrada. Virou o tronco para a lateral direita, onde o general estava e assentiu brevemente.
— Se todos os seus homens tiverem essa mesma resposta, temo pelo senhor, general.
O soberano exibiu um sorrisinho maldoso, dando duas batidinhas nos ombros do mais jovem. Havia ganhado um pouco de seu respeito ao não se acanhar diante de uma situação que poderia apavorá-lo.
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O general o guiou até onde uma grande mesa continha o mapa de Samaria, com pedaços de madeira cortados para servirem como os indicadores de tropas. Sarthis deixou o livro em cima da mesa, próximo de onde estava. A obra de Arte da Guerra o cativara acerca dos últimos dias, lendo com afinco o volume quase todo. Poucas páginas faltavam, mas só o findaria quando pusesse as mãos na sequência, o volume dois. Até lá, continuaria desenvolvendo o que aprendeu com a leitura frequente. O soberano das tropas o fitou por algum tempo, antes de murmurar as palavras que causaram um pequeno choque no rapaz.
— Eu conheci o seu tio. Ele foi meu general por muito tempo, ver que você está seguindo os passos dele é um grande prazer para mim. — Comentou, comprimindo os lábios ao mesmo tempo em que apertava o ombro do rapaz.
— Obrigado. Então….. Eu preciso saber um pouco mais sobre a sua tropa, general. O tipo de conhecimento que eles tem, sei que é impossível saber sobre as perícias de todos eles, isso ficará para uma próxima abordagem, mas vou precisar saber do restante. — Com os braços atrás das costas, Sarthis migrou os olhos para o mapa, observando-o com atenção.
— Que tipo de conhecimento você fala? O que perguntou antes?
— Sim. Seus homens podem ser exímios espadachins, mestres na furtividade e opressores de grande capacidade, mas se não sabem o mínimo sobre estratégias e não conseguem bolar um plano por eles mesmos, temo por Aur. Você deve saber disso, meu tio me ensinou que a arte da guerra não é uma ciência para ser estudada. Ela deve ser entendida, para que novas técnicas surjam a partir da necessidade de cada plano. — Pontuou, retirando os pedaços de madeira de cima do mapa, considerando-os como ponto morto.
— Por que dizes isto, garoto? O que tu entendes de guerra? Sei de tuas capacidades, mas nunca o vi em campo com soldados e uma emboscada de verdade.
Sarthis prensou os lábios, tomando uma respiração profunda. Sempre chegavam até aquele ponto.
— General, não tiro sua razão em pontuar isto. Mas, ao contrário do que pensa, já vivi minhas batalhas. Sem soldados. Muitas vezes brandi a espada sozinho, lutando para sobreviver. Força não era a resposta para tudo, nem habilidades com a espada e escudo. Se eu não tivesse pensado num plano, não estaria aqui hoje. — O homem-fada começou a alinhar as pequenas estacas de madeira, distribuindo-as em alguns grupos de cinco ou seis ao redor das fronteiras de Etherea.
— O que está pensando em fazer? — O general perguntou, tomando consciência de que aquele garoto a sua frente poderia ter algo de especial que o fizesse enxergar mais do que via.
— Vocês precisam entender que nem sempre a estratégia formada antes do comboio partir vai dar certo. Na conversa com seu soldado tive a certeza de que, se todos pensarem como aquele homem, vocês não teriam chances fora daqui. Não importa o quão bom sejam. — Estabeleceu sua opinião como uma certeza.
O mais velho entre eles ficou em silêncio, pois também concluía o que Sarthis dizia. O general sabia que tinha bons guerreiros, mas nenhum conseguiu formular um bom plano. Por isso ele estava ali.
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Depois de alocar as mini estacas de madeira em cada ponto estratégico, Sarthis pediu ao general que convocasse um de seus melhores guerreiros para participar daquela reunião privativa. O estrategista tinha em mente que antes de propor uma melhoria de reações para a maior quantidade de soldados que conseguisse alcançar, precisava conscientizar o general de que sua tropa realmente tinha uma desvantagem gigantesca. Levou cerca de vinte minutos para o homem sair do recinto e retornar com um soldado, que o encarou com olhos maldosos e uma carranca intimidadora, mas não para o Los’Dir.
— Guarde sua tentativa de intimidação para outro momento, sor. Venha até aqui, por favor. — Murmurou, convicto de que não cairia no jogo dele.
O homem trocou um olhar misterioso com o general, que apenas assentiu para que ele cumprisse o chamado. A contra gosto, foi até lá, esboçando um sorrisinho traiçoeiro. Se em algum dia já tivera visto um homem fada tão assustador quanto aquele, deveria resetar suas lembranças.
— O que um mimado como você acha que sabe? Hein? Quantos já matou? Quantas guerras já lutou? — Perto o suficiente para Sarthis sentir o odor de cerveja barata saindo do hálito alheio, não baixou a guarda para ele.
O soldado avançou, mas o estrategista já esperava aquilo. Tinha o provocado com um sorrisinho de mesmo ideal, e quando o viu apoiar a mão na empunhadura da espada, seus pés o levaram para trás, passando um braço por baixo dos dele e o outro prendendo-o pelo pescoço. Não precisou ser extremamente ágil para conseguir prendê-lo. O general arregalou os olhos enquanto o seu soldado se debatia inutilmente.
— Pelo visto, sei mais do que você. — Apertou o braço no pescoço dele, obstruindo o canal respiratório. O segurou por cinco segundos, quando a vermelhidão começou a dominar o rosto do homem.
— Você sabia que ele ia pra cima. — O general comentou, quebrando o gelo que havia se formado. — Como?
Sarthis endireitou a postura, olhando de um para o outro. O soldado tomava grandes lufadas de ar.
— Homens como ele são previsíveis. Viu como ele entrou? Muito de quem você é se espelha na linguagem corporal. Quem muito tenta intimidar, mostra o quão lento pode ser. Ou, como foi o caso do seu homem, o quão despreparado para investidas de supetão o guarda é. — Afirmou, apontando para ele.
— Você não é tão ágil o quanto pensa, garoto. Ele poderia tê-lo desarmado. — O general continuou, instigando-o a prosseguir com a linha de raciocínio. Começa a entender melhor o que ele tentava dizer.
— Não preciso de agilidade nesse caso. Se eu tenho uma estratégia e ele não, sabemos quem vai sair vivo no final. Não preciso dizer. Ou mostrar, de novo. Isso é o que chamamos de arte da guerra. — Sorriu provocante, fazendo seu ponto.
O general assentiu, de acordo com o que tinha acabado de ouvir. Por mais que se negasse a dizer em voz alta, sabia que aquilo era verdade.
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Sarthis pediu para o general dispensar o soldado, chamando-o para a mesa. Agora que já tinha provado um pouco de conhecimento sobre o que vinha querendo pontuar, esperava conseguir arrecadar um pouco mais de respeito conforme ia destacando algumas coisas para melhorar no batalhão. Se um dia tinha intenções de tomar o posto de general para lapidar boas estratégias e ser a figura de campo com mais autoridade, aquele era o momento para se fazer. Por este motivo, coordenou a explicação do porque ter separado o comboio em pontos diferentes do mapa, sem proximidade alguma entre um e outro.
— Por que estão todos tão separados? É um risco muito grande, não colocarei meus homens em perigo só porque você acha que sabe o que faz, Los’Dir. Seu tio era um grande homem, mas levou tempo para chegar até este ponto. Você não vai pular para chegar nele. — O general estava um pouco irritado, pois não gostava de ter por perto alguém que aparenta saber mais do que ele. Ou, no caso de sua presente situação, alguém que sabia mais do que ele.
Arqueando a sobrancelha, o mais jovem comprimiu os lábios, não entendendo o que ele queria dizer com aquilo tudo.
— Este não é o ponto, general. Não estou aqui para ser comparado com ninguém, e se o senhor não quer ouvir alguém que pode trazer vantagens para sua tropa, então não sei o que vim fazer aqui. Sua autoridade se resume ao campo de batalha, fora dele, as ordens são claras. Eu vim aqui para trazer lógica aos seus movimentos. Se não quer, vá até a duquesa e reporte seus desejos. Não faço questão de continuar. — Sarthis tinha sangue quente, algo de sua antiga personalidade que não havia passado pelo expurgo. Não acatava desaforos, principalmente quando estava por cima de alguém com um cargo que tentava tirar vantagens.
Estava se retirando da sala quando o homem das forças militares o interrompeu.
— Espere.
Sarthis parou com a mão na porta, sem olhar para trás.
— Não gosto de saber que alguém sabe mais do que eu. Em todos os meus anos como general e todas as guerras que lutei, perdi homens de honra. Soldados leais e de habilidades incomparáveis. Tudo porque não sei muito sobre a arte da guerra, sei como se luta. O resto é consequência. — O jovem homem fada acatou aquele desabafo como um pedido de desculpas, olhando por cima do ombro.
— Arrogância não o levará a nada, aqui. Você tem um cargo importante, mas eu também. Não tente passar por cima ou as coisas continuarão do jeito que estão para o senhor e seus homens. — Pontuou, firme.
Ali foi o exato momento em que o general tomou algum respeito pelo sobrinho do homem que um dia já tinha sido o seu melhor amigo. Viu o reflexo de Enric Los’Dir nele e assentiu em resposta. Não baixar a cabeça era uma qualidade para poucos, sabendo como fazer.
— Agora, me explique porque os homens estão separados.
— Olhe para o mapa. — Sarthis permaneceu no lugar, não precisando se aproximar para explicar o que tinha feito.
— Estou vendo. Temos um grupo em cada rota de patrulhas.
— Patrulhas antecedem os movimentos do inimigo. Os homens estão espalhados porque vão atuar como plebeus comuns em cada área. Vão agir como se não soubessem de nada, mas estarão atentos o tempo todo. Isso servirá para conhecermos a marca de tempo em que vão passar, por onde e em que quantidade. Se existir algum ataque, a aldeia não estará desprotegida, já que teremos soldados disfarçados para defendê-los. — Arquitetou a ideia, pontuando a estratégia em cada detalhe.
O general arregalou um pouco os olhos, emudecendo por alguns segundos. A ideia era muito boa.
— Isso será feito muito antes do ataque?
— Seus homens deverão partir em cinco dias. Até lá, vamos colocar todos que forem a par. Os que ficarão, formarão uma pequena patrulha apenas para dispersar atenções. Estaremos agindo em pontos múltiplos ao mesmo tempo. — Findou, cruzando os braços no peito.
O general sorriu, presunçoso. Aquela era a chance de ouro. Sarthis se mostrava um homem inteligente e astuto, com um bom conhecimento na arte da guerra que mais precisavam de atenção, na lógica de cada movimento feito.
- Treino | Palavras:
- Treino de Arte da Guerra | 719 palavras
• Coerência e Dinâmica (25/25):
• Desempenho da Perícia (15/15):
• Estrutura e Digitação (25/25):
• Enredo e Criatividade (35/35):
Nos dois últimos posts você atingiu a pontuação máxima. Mas os 3 primeiros geraram alguns descontos, por opinião minha ao ver que poderia ter dado mais alguns detalhes. Arte da guerra pode ser um pouco maçante, mas gostei do modo como pontuou as estratégias.
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1000xp em arte da guerra já adicionados na ficha
Atenciosamente, Zyphenia.