Aos poucos vinha me acostumando ao exercício das minhas funções como governante e me tornando mais íntima à administração de minhas terras, mais próxima também de começar a assumir algumas responsabilidades sobre as coisas que ali ocorriam para começar a mostrar algum progresso, e, também garras mais afiadas. Era mais natural agora que tinha menos á temer de meus inimigos mais aliados, e, de meus aliados mais inimigos, em caso de alguma retaliação frívola por algum tipo de receio ou inveja, ou, ainda ambas as coisas simultaneamente.

Ainda assim, sentada ali, vendo alguns dos meus cidadãos caminhando até mim, se ajoelhando em posição de prostração para reivindicar coisas aqui e ali era um tanto estranho. Steem me acompanhava, ele normalmente era melhor em interagir mais diretamente com o povo de forma mais mansa do que a condesa de Ma', e, logo começaria a fazer isto sem o apoio de nenhum dos dois de qualquer forma. A maioria dos pedidos era um tanto redundantes e simples, conserte aquilo dez vezes, ou, cuide dos criminosos nos buracos da cidade umas outras dez. Tentava espantar o tédio e a vontade de ir logo me aventurar para responder ou dar algum tipo de satisfação. Não era como se pretendesse fazer isto todos os dias, então, estabelecer um dia no mês para isso parecia bom.

Alguns outros até iam ali apenas para trazer presentes e falar algumas coisas sobre investimentos com comércios e outros que estes mesmos possuam. De todo não era mal, e, eu não era hipócrita de ficar negando eles, que, diferente de pedidos levianos, tinham mais lucros futuros a oferecer no geral, mas, ainda assim mantinha um nível de retorno bem similar ao que conferia aos mais comuns para que minha imagem ficasse positiva na visão de todos, ou, bem, da maioria pelo menos.

Em dado momento, porém, um dos guardas e um serviçal mais apressados posicionam-se ao meu lado para falar sobre algo que precisavam. Quando termino com uma pessoa ali, ainda mantendo a figura, sorrio e ergo a mão dando um sinal para que prossigam logo. - Há um elfo do sol querendo vê-la minha senhora, e, ele diz ser um sacerdote. A senhora disse que não queria muita confusão entre raças aqui por hora, e, ele veio pela camada superficial do nosso território, o que também evitou um dano maior, mas, cobrimos ele com uma capa e viemos aqui avisar por precaução.

Um pouco pensativa, acabo por apenas dar uma instrução. - Permitam que ele entre logo, é melhor do que deixá-lo apenas esperando. Instruo com certos receios, seria ele um espião? Um mensageiro? Um assassino? Saco meu leque balançando-o sobre meu rosto pensando que de todas as coisas a mais estranha era se apresentar como um sacerdote.

Quando ele entrasse pela porta, observava sua figura esbelta e longa, típica daqueles que escolheram o lado oposto dos corpos celestes. Eu podia dizer sem dificuldades que ele não se sobressaía visualmente pelos aspectos mais brutos, mas, tinha o suficiente para fazê-lo um tanto desejável, apesar de inicialmente ainda não ver tanto seu rosto já que meus próprios homens tentaram mantê-lo coberto para evitar maiores problemas. - Bem, mostra-te. Diga-me à que tu vens ao meu lar filho do sol, uma visita da parte de vosso povo aqui é bem... Incomum, a não ser que queiras de fato causar algum problema.

Arfo, observando-o de canto de olhos. - E, de todas as coisas, um sacerdote entre os Donos seria quem eu menos esperaria ver, principalmente se tiver algo a ver com a pedra do sol... Mas, acho que não desperdiçaria nosso tempo tentando algum tipo de pregação nesse sentido em minha casa, certo, Illuin? Dou uma breve pausa, observando se ele respondia algo enquanto recebia mais detalhes de sua abordagem pelo serviçal de antes. - Sua posição nobre e a falta de um sobrenome também soam... Bem estranhos.

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O homem era educado, e, apesar da certa mocidade e trejeitos em suas falas que carregam uma certa intenção de induzir sensações ou intenções um tanto típica de pessoas de sua função, não demonstra agressividade ou riscos mais claros inicialmente. Suas palavras seguintes porém eram um tanto delicada, principalmente por se tratar de um evento de encontro em cadências que várias pessoas vem ali com o propósito de solicitar coisas. Ele parecia, de certa forma, uma dessas quanto colocava do modo que o fez sobre as intenções de sua rainha.

Felizmente, haviam apenas meus homens de confiança ali, e, pela forma com a qual a construção era feita mesmo os outros elfos do lado de fora não poderiam ouvir nada. Esfrego o cenho com os dedos um tanto pensativa. - Paz, tu dizes... Sorrio carregando um certo sarcasmo. - Digamos que eu fosse a pessoa certa para que o que buscas. Da minha perspectiva, os conflitos entre Validra e Zolydra surgiram de negligência no surgimento dos problemas. Deixaram-se levar sem tomar uma posição de acordo com suas posições, e, bem, ainda que fossem bem jovens, a maturação veloz é consequência de suas posições. Neste ponto, acredito que nem mesmo elas podem realmente traçar uma paz que não nasce de um conflito...

Me ergo, descendo alguns degraus para ficar mais próxima. - Que dirá eu... E, neste ponto, retomo o início da minha fala para complementar que não sou quem procuras. Se fosse resolver isto, provavelmente seria através da conquista, criando uma terceira força alheia as duas coroas... O que seria traição. Não que isso fosse algo que eu desconsiderasse por completo, mas, não diria nada semelhante na frente de um estrangeiro, e, com certeza, ainda não neste tempo que sou muito frágil para lidar com as consequências.

Um silêncio estranho fica entre nós, quando ele termina sua fala, me fazendo inclinar o rosto. - Apenas um o que filho do sol? Algum tipo de mistério frívolo ou está apenas retomando a conversa sobre a paz? Digo franzindo as sobrancelhas. Era um assunto bem delicado, o suficiente para tomar algum tempo, e, apressar isto parecia ainda mais necessário. - Enfim, ainda sobre a paz, muito em torno do conflito é sobre os artefatos que cada um possui. Não ter nenhum em minha posse me deixa ainda mais sujeita as ações daquelas que possuem controle sobre eles. Ergo as palmas da mão, esperando ter sido clara o suficiente para a compreensão do homem.

Mas, ainda assim, tomada por uma certa curiosidade, aproximo-me ainda mais dele, o suficiente para mover com os dedos aquele tecido que cobria ainda parcialmente seu rosto. - Não posso dizer que não entendo os pensamentos de Selinah. Se era parecido contigo, pergunto-me se tudo que a motivou foi "seu talento como líder"... Sorrio de forma maliciosa, olhando-o sutilmente de baixo já que ele era tal qual sua vertente entre nós alto. Era bem curioso pensar que fisicamente eles eram mais frágeis que nós considerando seu tamanho.


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