Alguns dias passaram-se desde aquele encontro no castelo do duque Amon, e, eu ainda estava por ali em seu território explorando algumas coisas. Eles eram famosos por seu teor religioso e pelos locais perdidos em meio a guerra, então, era bem apropriado esperar encontrar alguns artefatos ou relíquias, ou, pelo menos talvez conhecer um pouco sobre o arqueologia e história local. Era um hobby meu, habilidosa ou não, procurar esses pequenos pedaços das coisas que se foram e acumular os bens que carregavam consigo essas memórias.

Francamente, não me lembro o momento preciso onde tudo isso começo, mas, talvez, quando peguei as garras aço de minha mãe pela primeira vez... Aquilo me trouxe um certo sentimento, como se eu a tivesse de volta... Ou, talvez, como se eu a tivesse perto de mim pela primeira vez nas gotas de sangue que manchavam o artefato. Infelizmente, Steem me aconselhou mais tarde a limpá-las, apesar de eu nunca tê-las pego ou usado de novo depois de tal atrocidade ter sido cometida.

Bem, desde quando fui de me perder em devaneios? Mais de uma centena de anos vai te tornando meio longe de tudo e fria sobre o que se passou, o que ficam são os hábitos e tal qual vou alimentando este. Tudo isto, é claro, não por conta própria, seria uma tolice e não gosto de perder meu tempo mesmo que tenha bastante. Um grupo mercante que aparentemente fazia algumas excursões por ali havia aceitado me levar com eles após algumas recompensas carnais, indo pelo deserto abandonado em suas caravanas bem um tanto rudimentares.

Eles me contaram meio aos goles secos de seus membros em minha garganta e mãos sobre os conflitos divinos que ali aconteceram, sobre um tal de Anubis que não era muito do meu conhecimento em meio ao panteão que já ouvia escutado. Talvez, um deus que morreu? Bem, não queria ofendê-los e meus lábios estavam ocupados, então, os deixei continuar. Talvez a má compreensão até me levava a entender errado e era algum homem importante cuja ênfase linguística era apenas devoção digna de para com algo divino, sem o ser. Continuaria entendendo mais provavelmente enquanto prosseguíamos o nosso percurso.

Meu rosto tomado pelo dedilhar no meu pescoço é voltado ao do homem com o rosto parcialmente coberto, onde apenas os olhos que saltavam a vista encontravam o dourado dos meus um tanto curioso. - É bem incomum ver uma de vocês curiosa sobre esses lugares, sabe? Bem, se for só isso não tem problema neh rapazes. Eles riem de forma meio bossal, mas, bem, eles não estariam errados quanto à concepção de que não tinha nenhum interesse torpe sobre aquilo além dos meus desejos mais simples.


.História, 452 palavras

 

Com o corpo levantado enquanto me sento no colo de um deles, com minhas nádegas tocando seus colos em tapas firmes e um movimento constante, ainda que, consideravelmente irregular como o de alguém com não tanta habilidade assim, apesar de não faltar experiência em si, observo o horizonte em minha frente até onde a areia e o sol presentes no ar permitem. - Ah, os sóis me fazem sentir tão... Ahr... Reclamo um tanto desanimada, não só por aquilo, mas, também pelo homem que como uma múmia cujo pau está duro mas o resto não se move não me dá lá muita satisfação. Em verdade, ainda mais patéticos os outros dois que estão ali sentados com suas bocas abertas e babas quase escorrendo pelo rosto meio gordo e rubro nas frestas que consigo ver. Vergonha de sua própria incompetência ou o sol? Bem, deve ser o segundo.

Me levantando antes que o homem possa chegar a algum lugar, apesar de que parece que ele iria mesmo logo chegar pelos movimentos corporais inconstantes e elétricos. - O que aconteceu, e-e-e-eu tava quase lá, onde você vai? Ele balbucia enquanto um dos outros começa a se levantar achando que é sua vez e o segundo está confuso. - Perdi o interesse. Digo observando que já consigo ver uma daquelas grandes esfinges que me deixam tão curiosa. - Isso é muito mais fascinante... Vocês teriam que ser... Pelo menos como o anfitrião do baile para me distrair daquilo. O homem que levantou-se ia chegando perto de mais enquanto eu começava a vestir o macacão herdado em minha família já que podia haver perigos ali. - Do que tá falando, que baile?

A presença e a respiração dele me incomodavam ao ponto de que sacava meu leque rapidamente apoiando-o no pescoço do homem. - Perto de mais sem a minha autorização... Não seja apressado queridinho... Um filete de sangue escorria antes de eu remover o item e balançá-lo para abanar o vento em meu rosto já completamente vestida enquanto ele caía para trás. Eu saltava dela em movimento realizando um pouso perfeito, rolando e caminhando na direção daquilo. - Você é maluca, isso não vai ficar assim não, e você nem pode estar aí? Em algum momento ele para babando de novo sobre mim. Ah sim. Me lembro que com tanta luz, era bem provável que desce para ver bastante coisa por baixo de minha roupa, não que isso me importasse muito.

Vou caminhando ao redor enquanto o vento incomoda um pouco principalmente quando tento levantar os meus olhos, mas, aos poucos consigo notar a silhueta de um corpo que parece com o de um grande felino, com uma cabeça que mescla o aspecto humano e animalesco. Era apenas fascinante, tanto que eu queria abraçá-la e roubá-la para o meu lar, mas, acho que era meio grandinha de mais para carregar. Quem sabe se eu tivesse o raio ultra mega encolhedor... Não, pera, obra errada. Saindo dos devaneios "favoritos", havia tanta história apenas de olhar para aquilo, tanto influência dos locais nas bestas que viam e o temor que carregavam delas ao ponto de venerá-las enquanto divindades ou criaturas acima de si. Eles queriam ser como elas, não, mais do que isso, eles queriam ser elas.

Toco na base dela sentindo a textura e imaginando como foi a sua construção. É bem provável que houve bastante trabalho escravo para mover tudo isto, afinal, eram tempos remotos, não vou julgá-los, apesar de achar mais charmoso escravizar alguém pelos seus desejos do que por seus temores. De repente observo ao lado daquilo uma ruptura que abria caminho para uma caverna abaixo das dunas dentro do subsolo, do tipo que era difícil resistir à entrada. Podiam haver armadilhas, mas, que bom era boa em identificá-las e que estava utilizando uma armadura.


.História império das areias, 638 palavras

 

Quando vou adentrando pelo local a luz vai se esvaindo aos poucos e minha veste vai se tornando cada vez mais escura, sombria como perdura sua forma em meio a noite e menos pelo ia sendo mostrada. Meus olhos passeiam pelos símbolos ao redor, gravuras entalhadas nas pedras que remetiam a períodos mais remotos que aquele, e, ainda, tão semelhantes. A lança era muito presente, além de algumas lâminas curvas nas mãos dos homens que enfrentavam bestas e adoravam outras igualmente bestiais. Era curioso como tanto as armas quanto suas representações divinas mostravam muito sobre a evolução daquele povo, além da arquitetura que me cercava. Era feliz por conhecer até certo ponto bastante sobre armas, e, também sobre o desenvolvimento de engenharia para conseguir interpretar estas singelas nuances sem grandes auxílios.

Além daquilo, é claro, era também satisfeita sobre o conhecimento em armadilhas que permitia que eu me aventurasse um pouco mais. Vislumbro ao solo, coberta pela camada de poeira que era um misto artificial, de quem colocou ali aquela fenda para cobri-la, mas, também do tempo que acabou por cobrir todo o chão com uma fina camada de areia. Era uma nuance bem sutil, quase imperceptível a olho nu. Fecho os olhos e sopro com cuidado incerta sobre a sensibilidade daquela ativadora, apesar de imaginar não ser muita por vários fatores como durabilidade e tecnologia presentes principalmente a algum tempo atrás. Por outro lado o medo se valia ainda, não pela parte engenhosa, mas, pela parte arcana que podia estar presente.

Era uma parte do piso que se deslocava mais para baixo. Não sabia muito bem o efeito, apesar da curiosidade insana sobre seu desfecho se ativada. Me contenho, havia o risco de um desabamento dependendo ou uma situação difícil de evitar mesmo ciente de sua ativação. Encontro um caminho além dela mais ao fundo, com meus olhos se adaptando sem dificuldades com a falta de luz. Para falar a verdade, era até menos incômodo para mim e as coisas estavam ainda mais nítidas. Haviam algumas joias na decoração, e, uma quantidade singular de cores nas gravuras. Haviam também algumas imagens fúnebres, então, era bem provável que aquilo se tratasse de alguma espécie de sarcófago.

Mais ao fundo havia um grande caixa retangular com algumas gravuras e pontas adornadas em ouro. Imagino comigo mesma que devia se tratar de alguém com certo poder, mas, não muito... Ou, talvez fosse apenas minha imaginação fértil esperar mais glamour, ouro e joias naquela lápide imersa ao solo, provavelmente com um corpo mumificado. Quando toco a superfície, sinto um frio correr por mim, sentindo por instinto a ativação de uma armadilha. Desvio da primeira flecha, pegando uma segunda com a mão. Ela estava quebradiça. Escuto alguns sons, mas, sem outros disparos, apenas rangidos. O tempo não parecia ter sido gentil aos mecanismos dali, mas, aquele detector dessa vez era realmente mágico.

Decido sair. Opto por não abrir, não havia certeza sobre encontrar algo dentro, e, a múmia não lidaria bem com o tempo. Eu podia estar maculando algum familiar de Amon sem necessidade alguma. Opto apenas por, depois de conferir se não tinha mais armadilhas onde estaria me apoiando sentar-me um pouco antes de sair.


.História império das areias, 534 palavras