Diversas almas reuniam-se naquele local deixando verdadeiramente diverso e amplo em suas personalidades. Entre civis curiosos, nobrezas estrangeiras que traziam sua graça até aquele recinto, membros do coven, pulsares e dentre eles aqueles que dividiam comigo mais do que apenas um laço político, meus amigos importantes como Nasubi e ainda a minha família. Ver o local tão cheio realmente alegrava-me e enchia-me de um tipo diferente de felicidade que até então não me era tão abundante. Um tipo de expectativa e ansiedade que ia subindo, mesmo que só um pouco me deixando nervosa, queria ver aquela que era minha amada logo, poder sentir teus lábios cálidos e teu corpo esguio entre meus braços, mas, não era bom apressar-me.

Do coven a primeira a mostrar-se por ali era aquela de fios róseo-alaranjados, seu nome era Siniy. Tive alguns negócios com ela a serem tratados e pelo que pude notar ao vislumbrar o salão sua deixa repentina provavelmente significava a partida que ela havia me descrito anteriormente. Após esta a próxima que juntava-se era Nyx, a elfa carmesin que logo ia encontrando companhia com minha irmã que parecia ter afeiçoado-se bastante dela. Outro ponto notório é que ela tinha uma postura diferente, Amaya, ela buscava conversar e demonstrar alguma simpatia. Parece que noticiá-la sobre minha decisão com antecedência não foi uma má escolha, assim ela já mostra-se mais e consegue mais visibilidade antes mesmo de assumir Rheathre.

Chegariam ainda o casal de fada e dragão que lembrava-me de certo modo de minha história. Tal qual Eien e Tsuyo eles tinham algo que poderia desenvolver-se entre eles e de forma precoce seria ceifado por algo que fugia ao seu controle, tal qual meus pais, o amor deles estava fadado a fracassar. Esta porém era uma informação que eu não detinha àqueles dias, sorria, torcia para que eles tivesse um destino diferente com certa preocupação. Outra das bruxas que seguem Kryos junta-se, porém, bem mais silenciosa que seus companheiros esta apenas resigna-se a aguardar de forma mais isolada. Gwena, este é seu nome. Llora, a pulsares que também tinha vínculo ao prestigiado homem segue de forma semelhante, ainda que outros pareçam não deixar isto permanecer assim por muito tempo para esta.

Um dos antigos soldados chegava ao recinto acompanhado de uma garotinha, cuja idade não diferia muito da de Asaskryel. Pelo que lembro quando o conheci, ele não tinha filhos, então, imagino que assim como eu a vida tenha se encarregado de adiantar um pouco as coisas dando-lhe uma família surpresa. A alva inclusive devia ficar bastante agitada para correr por aí e brincar pelo salão, o que não acontece com as damas do castelo mantendo-a ali arrumando-se visto que esta era a responsável por levar as alianças quando fôssemos ao altar. O conde de Zion também dava sua graça no recinto, apesar de parecer um pouco diferente agora quando o vejo de longe. Espero que não haja nenhum desencontro em meu âmago com tantos "ex-amores" de ambas partes presentes.

Nirtholiel era outros destes casos rápidos que estava por ali, apesar de muito mais do que isso esta ser uma aliada estratégia e uma potencial aliada política de meu território. Infelizmente as negociações anteriores tiveram suas dificuldades, alguns auxílios pequenos foram trocados entre nós durantes os meses, mas, nada oficial que complique a vida da elfa em sua própria nação. Ela parecia dedicada a estudar e isso atravasa sua chegada no andar de baixo, seja positivo ou não, isso também diminuía o acúmulo de exes no recinto e deixava-me menos preocupada.

Kryos e sua acompanhante, Elena, também chegavam ao local envoltos por romance. Casamentos tinham esse certo aspecto curioso, mais do que apenas um ambiente cálido e romântico para os noivos, todos costumam sentirem-se mais "apaixonados", contagiados pela energia do recinto e daqueles que decidiram caminhar com alguns passos adiante. Talvez fosse esta a razão que tantos casais tinham seus romances ali avançando, um efeito característico de caminhada que as pessoas tem, arrastadas conforme os demais passeiam nas linhas rubra da vida, juntos, como um todo.

Ys também chegava ao recinto, apesar de um pouco perdido. Muitos polos e muitos casais podiam ser um ambiente cruel para um homem solteiro, mas, do pouco que o conheci tenho certeza que ele se vira bem. Quem sabe Hudsona não está no recinto também? Memorável foi a noitada que tiveram e as línguas podem fazer uma notícia correr, e, principalmente quando se é a nobre de um local não é tão difícil obter alguma informação ou outra tão levianta quanto esta. Se não encontrasse companhia pelo menos bebida é garantia que não faltará.

Dentre tudo isto o momento que eu esperava estava a chegar, Ilia acompanhada de algumas pessoas organizadas impecavelmente por ela aproximavam-se de mim enquanto eu a observava fizamente com um sorriso brando no rosto. Minha confiança inabalável dava lugar para uma sutil timidez e meu coração batia acelerado enquanto o azul dos meus mergulhava na noite que vela seus olhos negros. - Creio que deveria ser eu a elogiá-la, está magnífica, sempre está e ainda assim hoje tu ainda me surpreendes com tua graciosidade. Digo enquanto deslizo a mão por sua face e dou-lhe algum apoio notando um sutil desequilibrio. - Mais tarde com certeza, mas deixe-me mostrar-me um pouco, não será tão breve que ver-me-á vestida de tal forma. Sorrio como ela, olhando para baixo e sentindo-me um tanto estranho com o salto ainda.

- Há tempos em que temo que não. Comento sobre sua afirmação sobre conhecer tudo sobre ela. - Acredito que ainda haja muito a surpreender-me, muito a discutirmos, debatermos... Toco seu queixo de forma carinhosa. - Acho que ainda precisarei de mais uns... quinhentos anos ao seu lado para sentir-me satisfeita. Pisco sutilmente usando uma hipérbole conduzida pela expectativa de vida total que normalmente os elfos podem alcançar, ainda que saiba que como Kayo disse esse não é realmente o tempo que me resta ao seu lado.

Após um sutil flerte com ela naquele lugar onde todos concluíam os seus preparativos era hora de darmos finalmente início a cerimônia. Nasubi parecia ter cuidado bem da maioria das coisas, as comidas estavam impecáveis e o ambiente para realizar aquela "breve apresentação", o palco do surgimento de novas duas líderes no cenário de Drakir também já estaria de acordo. - Solicite que Nasubi prepare-se por favor para consumar a nossa união. Digo para uma das damas apoiando-me sobre seu ombro, logo antes de voltar-me na direção de Ilia. - É chegada a hora meu amor. Toco minha testa sobre a sua tomando um ar e então caminho afastando-me um pouco para seguir até a orla do corredor coberto por tecido prateado.

- Estás pronta garota? Elizabeth aproxima-se erguendo o braço para que eu possa entrelaçar-lhe tirando de mim uma confirmação silenciosa com a cabeça. - Nervosa mesmo após ver a noiva? Kage pergunta do outro lado em tom de deboche, oferendo-me o outro braço. - Bem, mesmo assim. Sorrio sem graça enquanto a música no recinto começa a alterar para uma marcha de piano e violino perfeitamente ritmada e alinhada com passos lentos. Meu pé toca por entre passagem desequilibrando-me um pouco e aparada pela mulher que apoia meu corpo e segue perfeitamente alinhada, deixando-me refletir o mesmo e ignorar a breve falha para avançar até onde a pequena fada estaria nos esperando por cima de um pedestal que devia por si só ser maior do que esta.

O chão está todo coberto de pétalas de algumas crianças que já teriam passado antes de mim, virando-me, conseguia notar as faces atentas me observando. Não era uma sensação estranha para alguém tão acostumada a discursar, ainda assim parecia que as pessoas esperavam de mim algo "diferente" do que elas geralmente buscavam ao encarar-me. Eu conseguia sentir que elas torciam em algum lugar por mim diferente das cobranças mais habituais, não que fosse algo unânime, mas de todo modo ainda me trazia um certo ânimo e alegria. Respiro, me acalmo, as damas que vieram comigo sentam-se em seus locais à margem do altar onde normalmente seriam os pais à permanecerem e ao longe prestigiarei os passos daquela que será minha companheira nesta jornada árdua.

Enquanto ela vem, mal tenho tempo para focar em seu acompanhante seja ele qual for, cada passo até mim ecoa com uma pequena onda que espalha-se pelo ambiente causando frio em meu estômago. Eu jamais me cansaria de fitar seus olhos reluzentes como as obsidianas mais bem polidas da jóia mais cara. Ergo minha mão esquerda em sua direção com uma pequena reverência de agredecimento por quem à trouxe a mim, tomando então seus dedos pelos meus e guiando-a pelos passos restantes até estarmos adianta da fada general ajoelhadas de forma nobre. Seu calor, seu cheiro, parada ali por alguns instantes enquanto escutássemos o que a fada teria a dizer todas as sensações pareciam tão vivas e intensas. O convite de antes para retirar o vestido voltava a minha mente, um sutil sorriso acompanha uma mordida nos lábios e um desejo carnal de que este momento realmente chegue logo. Quase posso sentir o gosto dos lábios dela apenas por manifestação do meu desejo.

Em algum momento era certo que chegaríamos ao momento de trocarmos nossas declarações e darmos nossos votos uma à outra. Eu não tinha preparado algo específico, de alguma forma eu queria que fluísse, que eu pudesse dizer algo que viesse realmente do meu coração. Então, quando Nasubi nos desse a fala novamente levantaria-me e olharia bem fundo para a elfa abrindo meus lábios. - ... Meu coração aperta, meus olhos arregalavam-se e um sorriso sem graça transparecia enquanto uma lágrima escorria por minha face. - Acho que pela primeira vez em minha vida estou sem palavras. A primeira dava espaço para uma outra e logo uma pequena casta de pranto formava-se em minha face. Limparia com as costas minha mão engasgando-me em minha própria emoção tomando um longo gole de ar tentando acalmar-me.

- Tu sabes, meus pais não estão aqui para ver isto, eles com certeza não tiveram boas experimentações do amor e eu mesma temia em muito em buscar algo assim. Tive minhas aventuras, mas, sinceramente acreditava que jamais buscaria depositar de fato minha fé em uma única pessoa... Meus olhos travam-se na elfa como se não existisse mais ninguém em nossa volta, apenas ela e eu. - Mas aí tu aparecestes com aquela maldita conversa sobre Era, depreciando o mês do meu aniversário como mal incontestável e eu fui bem imatura em comprar a briga, ainda que de fato eu não concordasse contigo, mas, sabes... Abro minha boca buscando as melhores palavras. - De alguma forma sabia que tu eras capaz de quebrar e reformar as partes feridas em mim apenas pelo quão minhas emoções pulavam apenas de estar contigo. Acho que eu te amo mesmo, e eu... Minhas mãos deslizam pela minha face, nervosa. - Espero poder continuar cuidando de ti, amando-te. Que tu não te importes tanto com o quarto bagunçado e o fato de eu ter adotado uma criança sem conversar direito contigo. Terminando brincando num misto de sorriso e lágrimas profundas.

O amor era realmente algo pelo qual eu tinha medo de aprofundar, mas, ainda assim, com ela eu sentia que podia tentar. Sendo sua resposta positiva(espero que sim), Asaskryel, a mesma garota que foi citada entrava pelo mesmo corredor em que passamos carregando consigo um porta joias onde os artefatos que criei e representavam a nossa aliança estava. Com o desenho de asas e um tom prateado era tirado por mim, em contraposto as flores do seu par representando a nossa unidade. - Que minhas asas sempre sejam sobre e sob ti, protegendo-te e apoiando-te, que eu possa corresponder as tuas expectativas, que haja acima de tudo companheirismo e amizade entre nós e que tu continues tão boa no privado quando ja é... Dou de ombros com um sorriso faceiro. - O que? Isso é importante também não!? Enfim, este anel é um símbolo do quanto eu me importo contigo, sempre que tu precisares irei até ti, protegerei-te assim como sei que tu me protegerás.



*Irrelevante, mas, altura aumentada nas descrições em virtude de alteração da regra mantendo-se a coerência com o aspecto descrito.