uem pensa que o jovem submundano havia aprendido a nobre arte do espadachim ainda em Krieger em algum desafio ou lutas aleatórias, está muitíssimo enganado. Krayvhuz sempre foi mais um sobrevivente e resolvedor de coisas inacabadas na base da porrada. Porém, ainda sim ele era péssima nisso, sua única qualidade para essas situações, era nada mais que o sangue quente herdado de seu lado draconata, ou seja, persistia o máximo que podia com ferimentos, o nariz sangrando, cuspindo sangue, ou muitas vezes sem ar por levar golpes na região da barriga e estômago, e em alguns poucos casos na qual fraturou algo. Mas nada que o rapaz não pudesse suportar.

Sua ida a Drakir o fez parar em Xuridra em algum momento, e com a ascensão do clã Yami nos últimos anos, muitos novos soldados foram recrutados com um salário bem atrativo. Não foi diferente para o bronzeado mestiço. Um companheiro de trabalho informou sobre a oportunidade e foram ambos tentar uma vaga no exército.

No dia de recrutamento, os capitães estavam fazendo os testes junto de seus subordinados de menor patente. Muitos testes foram feitos, primeiro alguns físicos e até mesmo teste médicos. Queriam saber da capacidade dos futuros soldados. Dentre um dos testes finais, havia o manejo de arma. Entregaram diversas armas dispostas em um balcão para que escolhessem.

" Hum... Qual devo escolher? "

Indeciso, Krayvhuz observou bastante. Contudo, uma espada longa lhe chamou sua atenção. A pegou em suas mãos sentindo seu peso, mantendo a frente de sua face. Balançou para um lado e para o outro entendendo seu movimento. Ele não sabia bem o que estava fazendo, entretanto, já tinha visto duelos de espadas.

" Talvez queiram ter uma noção do que eu sei... "

Diante a uma tora de madeira com várias marcas de corte, um oficial deu permissão para iniciar. Krayvhuz brandiu a lâmina da direita para a esquerda em um corte horizontal. A arma prendeu na madeira, mas nada muito difícil de removê-la. Executou agora um outro movimento, atacando verticalmente por cima. O golpe foi bem mais impactante agora, mas sem muita graciosidade ou precisão, embora se atingisse alguém, certamente causaria muito dano.

Se afastou por um instante, avançando sem dar pausas. Golpeou no alvo de treino com dois ataques, um pela diagonal, completando o golpe com outro ataque na horizontal. Diferente da outra, a espada deslizava com mais suavidade. O cabo se encaixava bem nas mãos grandes do candidato a soldado.

Um sujeito fez sinal para parar com a demonstração. Cochichou com um superior qualquer coisa, anotou algo em um papel e avisou em bom tom.

— Parabéns garoto, está recrutado. Esteja amanhã na casa de armas às cinco horas do horário matutino. Se atrasar um segundo sequer, está fora.

quele primeiro dia de testes foi bem sucedido, ao menos para o novato recruta Krayvhuz. Quanto a seu colega que lhe contou sobre a chance de se tornar um soldado, não foi a mesma coisa. O rapaz era muito esperto, mas nenhum pouco habilidoso com uma arma. Afinal, era um bardo malandro que vivia de sua música e sexo para algumas mulheres carentes.

O submundano precisava agora seguir para a casa de armas da região para poder fazer seu treinamento militar. Reuniu alguns de seus pertences, — que não eram muitos — e seguiu viagem junto de uma carroça que por acaso estaria seguindo pela estrada que passava no local.

Não levou muito tempo para que Krayvhuz chegasse no portão da entrada. Desceu da carroça, acenando para o velho fazendeiro que iria entregar legumes em outro condado vizinho.

Olhou para o portão, observando o topo do mesmo. Parecia não ter fim. Era imenso realmente.

— As pessoas podem construir coisas assim?

Estava impressionado com a arquitetura robusta e intimidante. Se identificou com os guardas, dizendo seu nome e mostrando um ticket que mostrava ser um dos recrutas. Após conferir a integridade das informações, deixaram o jovem passar.

Depois que estava devidamente a par da situação lá dentro, se uniformizou para o treinamento. O rapaz e mais alguns outros dezenove novatos realizavam diversos procedimentos de aquecimento e alongamento. Durou um bom tempo, mas a hora de usar a espada chegou.

Todos ali foram selecionados justamente para isso, serem espadachins do exército por suas habilidades apresentada no dia anterior. Colocaram duplas com espadas de madeira e iniciaram pequenos combates.

Krayvhuz estava de frente com um draconata. Ele lhe olhava torto enquanto segurava a katana com certa confiança. Davam sinal de começar o duelo, e o adversário corria com tudo, acertando uma espadada no ombro do submundano que caia no chão pelo susto.

— Tcs...

Apesar do golpe, segurava o grito de dor. Apenas rangia os dentes suportando. Como um verdadeiro dragão, seu orgulho era tamanho que não se deixava dar esse prazer ao inimigo. Se levantou, posicionando a espada a frente. Avançou brandindo a espada em um ataque parecido com o do rapaz. Contudo, fora facilmente defendido. O sujeito ganhou vantagem e desferiu outro ataque, agora acertando a face do submundano que via nada mais que uma barreira que impedia seu corpo de seguir caminho, fazendo-o girar e cair no chão de costas.

O sorriso malicioso do oponente era evidente. Tentou pisar em Krayvhuz, mas não conseguiu, pois o Kriegerniano rolou para o lado se sujando na poeira, e levantou-se rápido. Correu novamente para aplicar novos cortes. Seu oponente fez o mesmo. Ambos fitavam os olhos um do outro e realizavam movimentos parecidos. As katanas batiam uma na outra e vários baques eram propagados. Aos poucos, Krayvhuz ia conseguindo conduzir a luta de uma maneira menos desfavorável a ele, aprendendo na dor como bloquear ataques.

Aos poucos seu adversário ia perdendo a paciência com o combate por ter perdido as vantagens que tinha no começo do embate. Todavia, aquilo era um treino e após mais algumas trocas de ataques, a sessão foi finalizada.

s semanas se passaram. Quer dizer, alguns poucos meses iam cada vez mais ficando para trás e formando muitos novos soldados para o grande exército de Xuridra.

Krayvhuz estava no final de sua preparação para finalmente se tornar um espadachim de algum regime militar do clã Yami. Queria começar logo a ganhar mais sanarios, e poder conquistar seu lugar em algum canto dali, embora achava que não conseguiria ficar parado em um lugar (o que estava certo), mas isso é história para outra hora.

Dentre vários recrutas, alguns se destacaram por "N" motivos. Alguns pela força, outros a grande sagacidade, e uns até pela grande rivalidade que possuía. Krayvhuz era um desses que nutriu rivalidade pelo rapaz que enfrentou em seu primeiro dia. Os dois tinham o mesmo sentimento que os levaram a darem o melhor de si nos treinamentos que fizeram.

Seu rival era temido por sua imprevisibilidade e Krayvhuz por seus ataques sorrateiros e uma precisão absurdo, além é claro, do grande saco de pancadas que se tornou para chegar até onde chegou.

— Hehe, parece que hoje acertaremos as contas, Kray.

— Rhul... E está em quanto, 49 pra cada?

— Por aí. Mas hoje é o último dia. Não haverá mais oportunidade para tal. Resolveremos antes da graduação.

— Como quiser!

Todos estavam empolgados. O último duelo entre os dois ia começar. Se posicionaram no centro de uma arena do local. A galera começou a fazer apostas entre eles. Os superiores faziam também entre si com valores mais abundantes.

Uma folha saia voando de uma árvore distante, dirigindo-se até o centro dos espadachins. Ela caia entre eles, e então ambos partiam desembainhando suas lâminas e golpeando um no outro. Um tilintar agudo de metal ecoou por todo espaço. Ficaram pressionando na força bruta, tentando empurrar ao outro. Contudo, nenhum cedia. Saltaram para trás afim de recomeçar.

Krayvhuz começou a correr para a direita, flanqueando seu oponente. Ele fazia o mesmo, começando um pequeno corre corre em círculos. O submundano parou do nada, flexionando suas pernas, se lançando contra o seu desafiante. O cabo da espada já estava próximo a seu ombro para um ataque poderoso. Golpeou e por pouco não acertou. O sujeito tinha defendido.

Com maestria, deslizou a lâmina aproveitando da vantagem, forçando o oponente girar a katana para um lado que abrisse uma brecha, e assim o fez, realizando um ataque de baixo pra cima. O draconato acaba levantando os braços e Krayvhuz aproveitava a oportunidade para acertar seu tórax em um corte gracioso, na qual o fio da espada de madeira deslizava perfeitamente, causando dor.

Após este ataque, uma sequência de novos golpes furiosos vinham sem parar. Krayvhuz se empolgava e como se estivesse possuído, a frequência só aumentava e aumentava. Seus ataques eram brutais, mas apesar disso, não pareciam ser feito sem esmero. Pelo contrário, havia técnica em cada execução, demonstrando grande aprendizado e domínio da espada.

No fim do ato, Kray havia tomado poucos ataques em comparação ao tanto que havia desferido. Caído, o adversário derrotado tentava se levantar.

— Heheh... Droga! Não foi dessa vez. Perder pra um submundano. — Apesar do suposto preconceito, o mesmo respeitava Krayvhuz por lhe conceder boas lutas.

s treinos no exército de Xuridra eram duros e severos. Um lugar tão quente exigia bastante do corpo. Até mesmo nos invernos mais intensos, essas ilhas conseguiam serem bastante calorosas em comparação a Krieger, terra natal do jovem submundano.

Nem por isso os treinos paravam. Uma ilha em ascensão como aquela, era natural estar a todo vapor. E naturalmente Krayvhuz também estaria preparando-se para ser um membro entre os soldados. Dentre alguns períodos sem treino, havia momentos de descontração na qual os recrutas se reuniam para se divertirem entre si. Normalmente se resumia a competições. Alguns gostavam de combates corpo a corpo, apostas, acertar um alvo a distância, jogo do vira vira quando iam em tavernas, além de claro, conseguir a atenção de mulheres.

Já Krayvhuz gostava de disputar utilizando de sua sagacidade marota de um submundano que teve que se virar na vida e dar seus migue pra despistar valentões que não suportavam ver alguém de sua raça. E sua cauda escamosa era um adicional para tanto ódio, — mesmo sendo bem charmosa — não ignoravam tal fato.

— A disputa é o seguinte. Você desafia o outro a realizar um movimento específico. Se não fizer, terá que pagar uma prenda. — Explicava um dos rapazes. — Eu primeiro. Krayvhuz, faça er... Uma estrela.

— Só isso? Beleza.

O submundano já tinha certa perícia no assunto, realizar uma estrela não era complicado para ele. Girou seu tronco para o lado, direcionando suas mãos para o chão árido. Ganhava impulso com as pernas e girava no alto um movimento impecável. Ninguém ficava impressionado, afinal, era algo bem simples de fazer. Os demais realizaram sem maiores problemas. Era a vez de Krayvhuz escolher.

— Correr até a parede, subir o máximo que puder com os pés e dar um salto mortal pra trás.

O pessoal realizou e alguns acabaram escorregando, outros não conseguiram completar o mortal ou caíram de bunda por não fazer direito.

Chegou a vez de Krayvhuz. O rapaz seguiu correndo. Não era tão rápido, mas conseguia manter uma cadência adequada. No momento que chegou perto da parede, a 1 metro de distância, levou sua perna direita primeiro contra a estrutura vertical pegando embalo para subir. Em seguida, deu um passo com a esquerda que começava a alinhar seu corpo horizontalmente. Contudo, antes que tombasse para trás, tornou a dar um pisão forte com a perna direita, empurrando seu corpo para trás, projetando de maneira que seu eixo girasse perfeitamente.

As pernas se uniram e o pouso foi muito bom. Ambas as pernas paralelas e sua coluna totalmente inclinada para a horizontal. Os braços retos na mesma direção que todo seu dorso.

O rapaz se endireitou finalmente e com um olhar vitorioso, sorria para os demais.

estava apenas mais um competindo contra Krayvhuz naquele desafio de acrobacias. Krayvhuz agora era desafiado a realizar um movimento giratório um pouco mais complexo.

Sem o auxílio de uma estrutura como a parede, o rapaz teria que dar um duplo giro no ar.

Encarando o desafio, Krayvhuz pegou impulso com uma breve corrida que se estendeu por cinco metros. No momento certo, flexionou os joelhos e deu um salto, fazendo uma pequena rotação para o lado, e logo a seguir lançava-se para o ar com um giro rápido que subia facilmente dois metros de altura.

O corpo rodopiou uma e duas vezes, para então cair com os dois pés firmes no chão. Sua postura estava meio agachada, mas não tirava o mérito do feito.

duelo estava acirrado entre os dois companheiros recrutas. Krayvhuz executava tudo que lhe era pedido e seu oponente o mesmo. Ambos eram bem flexíveis para realizar tais movimentos.

Mas agora era hora de separar homens de garotos. O desafio em questão era controle corporal sem tocar os pés no chão.

Krayvhuz iniciou. Sentou-se primeiramente e firmou as mãos no chão. Se levantava de tal maneira que suas pernas iam arqueando para trás e subindo junto de seu quadril. A força era incrível. Os músculos saltavam. O rapaz então ficava completamente na vertical com seu corpo. Era artístico a imagem daquilo.

Foi então que ele se balançou, girando seu corpo de volta para baixo com as pernas totalmente esticadas, girando seu quadril e passando suas pernas pelos braços no tempo certo, ele erguia para que não colidisse seus membros e o movimento fluísse. Era quase como uma dança.

Krayvhuz assim que passou ambas as pernas, ergueu novamente seu corpo para finalizar com um impulso dos braços que o deixava de pé.

Seu adversário impressionado refletia, virava as coisas e dizia.

— Rhul... Dessa vez tu ganhou essa.